Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.
*«O menino perdoa o pai»

«(...) Este é um erro que se começa a encontrar, sobretudo em traduções do inglês, língua em que as formas do pronome complemento direto e indireto são homónimas. Mas não é este o caso. Em português, o verbo perdoar rege, além do complemento direto – neste caso seria algo como "o castigo" –, complemento indireto ou a preposição a – "ao pai". (...)»

Os burocratas que falam de mais?

No Ciberdúvidas da Língua Portuguesa de 19 de fevereiro de 2007, Maria Regina Rocha explicou a diferença entre demais e «de mais». A explicação foi clara, e nada venho aqui acrescentar. Junto-me apenas num reforço de chamada de atenção para um erro que subsiste. (...)

A farsa galega: sobre a implementação da “Lei Paz-Andrade”

Em 2014, o parlamento autonómico da Galiza aprovava por unanimidade a iniciativa legislativa popular Valentín Paz-Andrade, para incremento da exposição da sociedade galega à língua portuguesa em vários campos, desde o ensino ao acesso à comunicação social. Dois anos depois, são escassos os sinais do impacto desta iniciativa por falta de vontade política, acusa Renato Epifânio, presidente do Movimento Internacional Lusófono, em texto publicado no jornal português Público, em 2/06/2016.

«Pari passu» <i>vs.</i> «a par e passo»

A locução latina pari passu (literalmente, «com passo igual») encontra em português, como equivalente, a sequência «a par e passo», a qual historicamente é uma deturpação da expressão original. Entre gramáticos de tradição prescritiva, muitos condenaram no século XX a forma portuguesa, considerando que a latina é a única correta; mas há outros que a aceitam. Entre os primeiros, conta-se Rodrigo de Sá Nogueira (1892-1979); entre quem invoca o princípio da consagração pelo uso, incluem-se Vasco Botelho de Amaral (1912-1980). (...)

<i>Pari passu</i>

Erradamente traduzida por «a par e passo», a expressão latina pari passu significa «em passo igual, a par, simultaneamente». Trata-se de uma forma ablativa em que algo é feito com passo igual. Usa-se na linguagem médica quando se pretende referir desenvolvimentos simultâneos ou em economia e finanças para referir, por exemplo, créditos ou dívidas que se apresentam em pé de igualdade, sem precedências uns sobre os outros, ou seja, situações em que se aplica o princípio de igual tratamento; créditos ou dívidas andarão, pois, em simultâneo. (...)

No contexto da educação não superior em Portugal e a respeito da autonomia dada pelo Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário à Educação Literária como domínio distinto da Leitura, um dos autores deste documento, Luís C. Maia , dá «conta do que se vai fazendo para a desvalorização da Educação Literária», dirigindo críticas ao Instituto de Avaliação Educacional (IAVE) e à presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Ferreira. Texto publicado com o mesmo título no jornal Público em 15 de maio de 2016.

Cartão do Cidadão ou Cartão de Cidadania?
Sim e não sobre a proposta do Bloco de Esquerda

A iniciativa do Bloco de Esquerda no sentido da mudança do nome do Cartão de Cidadão, em Portugal para Cartão de Cidadania desencadeou tomadas de posição contra, mas também a favor. 

 

Cf.: Dobrar a língua + O sexo das palavras + Gramática ainda não tem sexo

Dobrar a língua
«A íngua não é neutra e muito menos "natural"»

« A língua não é neutra e muito menos "natural" [, foi] construída com base em conceitos; no caso, o de que as mulheres são menos pessoas, menos cidadãs que os homens» – considera a jornalista Fernanda Câncio, em artigo publicado no Diário de Notícias de 22/04/2016, alusiva à polémica desencadeada em Portugal pela proposta do Bloco de Esquerda no sentido da mudança da denominação do cartão do cidadão, considerada «sexista».

 

[Sobre esta  querela, cf. Gramática ainda não tem sexo e O sexo das palavras.]

O sexo das palavras

«(...) Querem mesmo acabar com a linguagem “sexista”? Acabem com o português. Porque ele, que é língua no feminino e idioma no masculino, está impregnado de sexo por tudo quanto é letra», escreve o jornalista Nuno Pacheco, em crónica assinada no jornal Público de 22/04/2016 – em discordância frontal com a proposta do Bloco de Esquerda para alteração, em Portugal, do cartão do cidadão para cartão de cidadania.

[Sobre esta mesma querela, cf. Gramática ainda não tem sexo e Dobrar a língua]

O fim da literatura portuguesa no Brasil?
«Uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo»...

«Ao pretender privilegiar, por razões de estratégia político-económica pós-colonial  – escreve neste artigo* a ex-ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, a propósito da  exclusão da obrigatoriedade do ensino da literatura portuguesa no Brasil —,  o diálogo cultural sul-sul, em detrimento e não em convergência com o diálogo norte-sul, o Brasil está a dar uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo face à velha Europa.»

* in Diário de Notícias de 11 de abril dee 11 de abril de 2016. Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945.