Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.
<i>Pari passu</i>

Erradamente traduzida por «a par e passo», a expressão latina pari passu significa «em passo igual, a par, simultaneamente». Trata-se de uma forma ablativa em que algo é feito com passo igual. Usa-se na linguagem médica quando se pretende referir desenvolvimentos simultâneos ou em economia e finanças para referir, por exemplo, créditos ou dívidas que se apresentam em pé de igualdade, sem precedências uns sobre os outros, ou seja, situações em que se aplica o princípio de igual tratamento; créditos ou dívidas andarão, pois, em simultâneo. (...)

No contexto da educação não superior em Portugal e a respeito da autonomia dada pelo Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário à Educação Literária como domínio distinto da Leitura, um dos autores deste documento, Luís C. Maia , dá «conta do que se vai fazendo para a desvalorização da Educação Literária», dirigindo críticas ao Instituto de Avaliação Educacional (IAVE) e à presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Ferreira. Texto publicado com o mesmo título no jornal Público em 15 de maio de 2016.

Cartão do Cidadão ou Cartão de Cidadania?
Sim e não sobre a proposta do Bloco de Esquerda

A iniciativa do Bloco de Esquerda no sentido da mudança do nome do Cartão de Cidadão, em Portugal para Cartão de Cidadania desencadeou tomadas de posição contra, mas também a favor. 

 

Cf.: Dobrar a língua + O sexo das palavras + Gramática ainda não tem sexo

Dobrar a língua
«A íngua não é neutra e muito menos "natural"»

« A língua não é neutra e muito menos "natural" [, foi] construída com base em conceitos; no caso, o de que as mulheres são menos pessoas, menos cidadãs que os homens» – considera a jornalista Fernanda Câncio, em artigo publicado no Diário de Notícias de 22/04/2016, alusiva à polémica desencadeada em Portugal pela proposta do Bloco de Esquerda no sentido da mudança da denominação do cartão do cidadão, considerada «sexista».

 

[Sobre esta  querela, cf. Gramática ainda não tem sexo e O sexo das palavras.]

O sexo das palavras

«(...) Querem mesmo acabar com a linguagem “sexista”? Acabem com o português. Porque ele, que é língua no feminino e idioma no masculino, está impregnado de sexo por tudo quanto é letra», escreve o jornalista Nuno Pacheco, em crónica assinada no jornal Público de 22/04/2016 – em discordância frontal com a proposta do Bloco de Esquerda para alteração, em Portugal, do cartão do cidadão para cartão de cidadania.

[Sobre esta mesma querela, cf. Gramática ainda não tem sexo e Dobrar a língua]

O fim da literatura portuguesa no Brasil?
«Uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo»...

«Ao pretender privilegiar, por razões de estratégia político-económica pós-colonial  – escreve neste artigo* a ex-ministra portuguesa da Cultura, Isabel Pires de Lima, a propósito da  exclusão da obrigatoriedade do ensino da literatura portuguesa no Brasil —,  o diálogo cultural sul-sul, em detrimento e não em convergência com o diálogo norte-sul, o Brasil está a dar uma espécie de grito do Ipiranga fora de tempo face à velha Europa.»

* in Diário de Notícias de 11 de abril dee 11 de abril de 2016. Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

Gramática ainda não tem sexo
O condão do ridículo

«Quando será que perceberão que, ao contrário do que Dilma [Rousseff] pretende, o combate à desigualdade não se faz destruindo a gramática? Ou seja, que Dilma não é presidenta, como nunca foi estudanta, nem nunca ficou contenta?», escreve neste artigo* o jornalista Henrique Monteiro, a propósito da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, em Portugal, por considerá-la «linguagem sexista».

*in semanário Expresso de 16 de abril de2016

[Sobre esta  querela, cf. "O sexo das palavras e "Dobrar a língua"]

Ainda a posição dos pronomes átonos nas orações de infinitivo

Na sequência da colocação em linha do texto "A colocação dos pronomes clíticos, ou a proliferação dos erros induzidos", de Isabel Casanova, um consulente devidamente identificado (mas com o pedido de reserva pública do nome, por razões profissionais), fazendo referência indireta à Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, enviou ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em 13/04/2016, a seguinte observação:

«Há erro na postagem de hoje da professora Isabel Casanova.

Como se pode ler noutras páginas e em gramáticas, por exemplo postagem do site dicionarioegramatica.com também de hoje, a autora erra ao dizer que o certo teria de ser "sem se privar", em vez de "sem privar-se".»

Segue-se a réplica de Isabel Casanova.

Calem-se, por favor, mas de vez!

«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.», sustenta Isabel Casanova, regressada a uma recente querela desencadeada (aqui e aqui) com uma crónica de Miguel Esteves Cardoso – lembrando neste apontamento uma iniciativa do Governo francês, em 1984, quando criou uma comissão de terminologia «encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.»

(...)

A colocação dos pronomes clíticos ou<br> A proliferação dos erros induzidos

As gramáticas portuguesas insistem em apresentar a regra de que os pronomes clíticos (ou pronomes átonos) ocorrem presos depois do verbo: «Ele esqueceu-se dos anos do irmão»; «ele privou-se de muita coisa.» É a regra que, sentimos vontade de dizer, é defendida por todas as gramáticas sem exceção. Celso Cunha e Lindley Cintra, por exemplo, falando do pronome átono, dizem «a sua posição lógica, normal [destacado nosso], é a ênclise» e dão como exemplo: «Agarraram-na e conseguiram a muito custo arrastá-la do quarto.» A regra parece simples. No entanto, seguem-se seis páginas de exceções, seis páginas em que a regra da colocação do pronome não é a ênclise (isto é, o pronome não se posiciona depois do verbo), mas a próclise (isto é, o pronome posiciona-se antes do verbo.

[...] Uma regra simples como esta, com tantas exceções, só pode estar errada...