Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.
Gramática ainda não tem sexo
O condão do ridículo

«Quando será que perceberão que, ao contrário do que Dilma [Rousseff] pretende, o combate à desigualdade não se faz destruindo a gramática? Ou seja, que Dilma não é presidenta, como nunca foi estudanta, nem nunca ficou contenta?», escreve neste artigo* o jornalista Henrique Monteiro, a propósito da iniciativa do Bloco de Esquerda para a mudança da denominação do cartão do cidadão, em Portugal, por considerá-la «linguagem sexista».

*in semanário Expresso de 16 de abril de2016

[Sobre esta  querela, cf. "O sexo das palavras e "Dobrar a língua"]

Ainda a posição dos pronomes átonos nas orações de infinitivo

Na sequência da colocação em linha do texto "A colocação dos pronomes clíticos, ou a proliferação dos erros induzidos", de Isabel Casanova, um consulente devidamente identificado (mas com o pedido de reserva pública do nome, por razões profissionais), fazendo referência indireta à Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, enviou ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa em 13/04/2016, a seguinte observação:

«Há erro na postagem de hoje da professora Isabel Casanova.

Como se pode ler noutras páginas e em gramáticas, por exemplo postagem do site dicionarioegramatica.com também de hoje, a autora erra ao dizer que o certo teria de ser "sem se privar", em vez de "sem privar-se".»

Segue-se a réplica de Isabel Casanova.

Calem-se, por favor, mas de vez!

«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.», sustenta Isabel Casanova, regressada a uma recente querela desencadeada (aqui e aqui) com uma crónica de Miguel Esteves Cardoso – lembrando neste apontamento uma iniciativa do Governo francês, em 1984, quando criou uma comissão de terminologia «encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.»

(...)

A colocação dos pronomes clíticos ou<br> A proliferação dos erros induzidos

As gramáticas portuguesas insistem em apresentar a regra de que os pronomes clíticos (ou pronomes átonos) ocorrem presos depois do verbo: «Ele esqueceu-se dos anos do irmão»; «ele privou-se de muita coisa.» É a regra que, sentimos vontade de dizer, é defendida por todas as gramáticas sem exceção. Celso Cunha e Lindley Cintra, por exemplo, falando do pronome átono, dizem «a sua posição lógica, normal [destacado nosso], é a ênclise» e dão como exemplo: «Agarraram-na e conseguiram a muito custo arrastá-la do quarto.» A regra parece simples. No entanto, seguem-se seis páginas de exceções, seis páginas em que a regra da colocação do pronome não é a ênclise (isto é, o pronome não se posiciona depois do verbo), mas a próclise (isto é, o pronome posiciona-se antes do verbo.

[...] Uma regra simples como esta, com tantas exceções, só pode estar errada...

Elas são eles e eles são elas?

Comentário que a deputada Edite Estrela deixou no Facebook (manteve-se o título original), contestando a crónica "Calem-se!", de Miguel Esteves Cardoso.

Pai e Mãe Nossa que estais no céu

O professor universitário português Luís Aguiar-Conraria contesta a crítica que Miguel Esteves Cardoso faz à fórmula «portuguesas e portugueses» e a expressões semelhantes, como estratégia para evitar o masculino genérico («portugueses»), tido por sexista. Texto publicado no portal Observador no dia 17 de fevereiro de 2016 (manteve-se o título do original).

[Sobre esta mesma controvérsia, vide, ainda: Elas são eles e elas são elas?, da autoria da professora Edite Estrela.]

Calem-se!
«Machismo ignorante e desconfortavelmente satisfeitinho»

O escritor Miguel Esteves Cardoso critica a expressão «portuguesas e portugueses», que atualmente substitui com frequência o uso genérico de «portugueses», tido por sexista. Crónica publicada no jornal "Público", em 12/02/2016.

Os prefixos SI: uso, escrita e simbologia

Texto incluído numa série de esclarecimentos e considerações – ler "Unidades Maltratadas", "Sobre os nomes e símbolos das unidades físicas" e "Sobre a escrita dos números, das horas e de outras representações" – que Guilherme de Almeida, autor de Sistema Internacional de Unidades – Grandezas e Unidades Físicas, Terminologia, Símbolos e Recomendações, elaborou para o Ciberdúvidas, a respeito de vários aspetos das normas respeitantes à terminologia e aos símbolos usados no discurso técnico-científico. Este artigo apresenta alguns critérios na formação dos nomes de unidades que requerem o exame atento de quem procura conciliar as necessidades da linguagem técnico-científica e os padrões fónicos, morfológicos e gráficos das línguas naturais. Fica aberto o debate.

Para haver bom senso só falta um hífen?

Relacionado com o apontamento que subscrevi aqui, a propósito da grafia errada de “bom-senso”, com hífen, no título de uma conferência sobre ortografia promovida pelo Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa, da Academia das Ciências de Lisboa, foi publicado um assim intitulado «parecer académico», da autoria individual de Ana Salgado, recém-nomeada membro da ACL. Não na respetiva página oficial, mas no Pórtico da Língua Portuguesa, iniciativa também de recente data e da responsabilidade pessoal da própria Ana Salgado, em  sociedade com editora portuense Edita-me.

A soberania contra a língua

« (...) Quando apagamos o Português na patente unitária europeia, entronizando três línguas (Alemão, Francês e Inglês), desferimos um golpe brutal. Logo no plano simbólico, intuitivo para as percepções espontâneas, quem leva a sério o Português "terceira língua europeia global", se, escolhidas três, nós não estamos? Como levar a sério se Portugal assina por baixo? Como levar a sério se Portugal assina, com quebra das garantias dos tratados? (...)»

[Segundo artigo do autor, em resposta ao artigo "A pseudodefesa do português", do eurodeputado português (PSD) Paulo Rangel. Desta mesma controvérsia, sobre a exclusão do português do sistema de patentes da União Europeia, ver ainda o segundo artigo de resposta do mesmo autor, “A bravata serôdia contra o português” + “A fraude da patente unitária europeia”+ "Portugal não deve aderir ao Acordo da Patente Europeia" + "O eurolusocídio" + "Patente da UE: um imperativo nacional" + "Estamos à altura da língua que temos? Um teste muito simples" + "Tirar as patentes ao português" + "Uma patente chamada Acordo de Londres" + "Língua portuguesa fora do regime europeu de patentes" +  "Português vai desaparecer como língua de trabalho na UE”.]