DÚVIDAS

Esófago vs. esôfago
Gostaria de que me esclarecessem quanto à pronúncia brasileira: esôfago com o fechado? Havia-a em Portugal? A par de esófago, havia a pronúncia esôfago? Será devida ao espanhol? Penso que o português do Brasil regista muitos espanholismos, conservados, de alguma maneira, em razão de Portugal ter caído sob a regência de Espanha durante a União Ibérica, de 1580 a 1640. Nalguns dialetos do Sudeste (São Paulo) e do Sul do Brasil, talvez em virtude da imigração portuguesa, ouvidos atentos percebem destroços de falares portugueses misturados com a sucessiva falta de escola que durou quase todo o período republicano da nossa história: o o de António não sofre a nasalização do n, da mesma maneira que o o de fenómeno soa como o o de mó. Certamente Carlos Fino tem razão ao dizer que o Brasil foi «desbravado, alargado e defendido» por portugueses[1], e certamente o Brasil, por infelicidade, caiu no marasmo por azo da queda da monarquia dos Braganças, o que pode abranger também Portugal, mas isso escapa ao escopo da minha pergunta. Desejava saber se para além de estômago, há outras palavras que se acentuam graficamente com acento circunflexo nos mesmos contextos, ou se estômago é a única exceção. Quanto à nasalização da vogal anterior que se verifica nomeadamente no Nordeste brasileiro, onde há muitos engenhos caiados de branco, região envelhecida de forte tradição portuguesa, a julgar pelos apelidos das pessoas, pelo que se escreve Antônio, embora a vogal nesse contexto não seja fechada como o é em alemão; em alemão, Antonius,  sim, o o é de facto fechado e o n não passa a sua nasalização à vogal anterior, por isso que considero errónea a grafia com acento circunflexo, porque a escrita é tentativa imperfeita de representar os sons da fala e porque o o naquele contexto não é fechado, mas nasal. Pois bem, havia essa pronúncia nasal no Português europeu velho com nasalização da vogal tónica por azo da consoante nasal? Obrigado.  [1 N.E. – O consulente refere-se a um texto do jornalista português Carlos Fino, intitulado "Portugal-Brasil: em defesa de uma relação especial".]
«Gostaríamos de convidá-los...»
(num convite de casamento)
É correcto escrever «Gostaríamos de convidá-los...» num convite de casamento? Uma pessoa disse que desta forma dá a entender uma intenção de convidar, mas não estamos realmente a convidar. Fiquei confusa pois pensei que se tratava de uma forma mais delicada de fazer o convite, usando o imperfeito de cortesia. Obrigada.   [N. R. – A consulente escreve correcto, conforme a ortografia anterior à que está em vigor (correto).]
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