DÚVIDAS

Próclise, ênclise e elipse do pronome se
associado a verbos coordenados
«É uma obra para se ler, ver e ouvir.» = «É uma obra para ser lida, vista e ouvida.» As frases acima (sinónimas) parecem ser gramaticais, mesmo sem a repetição do «se» apassivante, na primeira, e de «para ser», na segunda. Já nos exemplos abaixo, a primeira frase parece ficar agramatical sem o «se» (complemento direto) do verbo «tornar-se», enquanto a frase equivalente é claramente agramatical pela mesma razão. «Foi um jogador que se afirmou e tornou um craque.» = «O jogador afirmou-se e tornou um craque.» Em que casos pode evitar-se a repetição do clítico se numa sequência/enumeração verbal em próclise? Obrigado.
Os valores aspetuais habitual e iterativo
Trata-se de uma temática gramatical difícil de entender e mais complicada, ainda, de explicar aos nossos alunos. Já consultei manuais escolares, gramáticas, o Ciberdúvidas e facilmente se encontram contradições nas explicações/exemplos apresentados. Gostaria, se possível, que, com exemplos, clarificassem a diferença entre estes dois aspetos e deixo, para isso, algumas questões: (1) «O João correu durante uma semana.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa) A frase anterior aparece como exemplo de valor iterativo. Não será antes perfetivo? Numa gramática encontro que o valor habitual «refere uma situação recorrente num intervalo de tempo ilimitado» e apresenta o seguinte exemplo: «É costume visitar o meu primo duas vezes por semana.» Não haverá, nesta frase, limitação temporal com a utilização da expressão temporal «duas vezes por semana»? Finalmente, no manual que utilizo, nos elementos linguísticos apresentados para os dois valores surge a expressão «todos os dias». Desde já, muito obrigado. Agradeço os esclarecimentos possíveis.
A etimologia de macarrónico e a sua datação em português
Estando a investigar a figura do predecessor do dandy britânico – o macaroni – e tendo em atenção que esta figura era associada ao uso de misturas quase parodiadas de expressões italianas, latinas e inglesas, pus a hipótese de as versões francesa ou italiana da palavra macarrónico terem origem nesse tipo social. Do mesmo modo, será que a expressão macarrónico entra na língua portuguesa durante o período máximo de expressão dos macaroni britânicos – o século XVIII – ou era já comum em séculos anteriores? Agradeço a atenção.
A classificação de salvo na frase «salvo quando solução diversa resultar de testamento...»
Na seguinte frase: «Quando o autor da sucessão tenha sido o participante, pode ser exigido pelo cônjuge sobrevivo ou demais herdeiros legitimários, independentemente do regime de bens do casal, o reembolso da totalidade do valor do plano de poupança, salvo quando solução diversa resultar de testamento ou cláusula beneficiária a favor de terceiro, e sem prejuízo da intangibilidade da legítima.» a frase «salvo quando solução diversa resultar de testamento ou cláusula beneficiária a favor de terceiro» é uma oração sintaticamente independente, visto que termina com uma vírgula e se segue um e na frase seguinte? A função de uma vírgula antes de um e é separar uma oração principal de uma oração coordenada?
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