DÚVIDAS

Madame Bovary em português
Estava perguntando-me aqui o motivo de não haverem traduzido o título do livro de Gustave Flaubert Madame Bovary para "Dona Bovary". Vamos por partes. No Brasil podemos referir-nos a uma mulher desconhecida de X maneiras: 1) Senhora – tanto para velhas como novas. «A senhora irá à festa de Carlos.» «Que horas são, senhora?» Pode-se acrescentar o pronome possessivo minha para suavizar o solenidade. Se a mulher for casada ou a sogra, às vezes prefere-se usar dona. 2) Dona – sempre acompanhado do nome. «A dona Ivete morreu ontem, sabia?» «Dona Cleide, a senhor pode me fazer um favor?» 3) Madame, senhorita e senhorinha – de maneira mordaz, sarcástica. «Então quer dizer que a madame não gosta do que faço?» «Eu aqui trabalhando. E a senhorita aonde? A senhorita só na gandaia.» «E a senhorita quer tudo de mão beijada? Quer que lhe lave as roupas, que faça o café, o almoço, a janta?» Parece-me, de acordo com o uso no Brasil, o melhor seria "Dona Bovary".
A expressão «a primeira bola a sair do saco»
Sobre o uso da expressão «primeira bola a sair do saco»: Situação 1. Vendo o parque de estacionamento a abarrotar, exclamou, confiante: «– Vou arranjar lugar mesmo ao pé da porta... é a primeira bola a sair do saco!» Situação 2. Acercou-se da banca de fruta e quis saber o preço das uvas. Ao ouvir a resposta, afastou-se ligeira, resmungando para os seus botões: «É que era a primeira bola a sair do saco dar tanto dinheiro por um 1 kg de uvas...!» Pergunto qual o contexto correcto em que a expressão deve ser usada. Agradeço a resposta e aproveito para vos parabenizar pelo vosso trabalho.    O consulente adota a ortografia de 1945.
Ainda o contraste entre «ao encontro de» e «de encontro a»
Acerca das várias respostas dadas pelo Ciberdúvidas sobre «ir ao encontro» vs «ir de encontro», gostava de vos expor este meu raciocínio de mera intuição linguística. Eu ir de encontro a alguém na rua é dar-lhe um encontrão, é ir contra ele. Não há qualquer dúvida quanto a isso. Agora «ir de encontro» ao que o alguém pensa ser «ir contra» o que essa pessoa pensa já me parece ser uma transposição demasiado literalista de uma expressão usada no plano físico, transposta abusivamente e com o mesmo sentido para o plano das ideias. Até porque as ideias não andam aos encontrões umas às outras... Sinto o «ir ao encontro» e o «ir de encontro» ao que alguém pensa como expressões de valor equivalente. O «ir ao encontro» implica um percurso, um caminho, algo mais lento, o «ir de encontro» ao que alguém pensa como algo mais imediato e forte, uma espécie de: Bingo. É isso mesmo! É o que me diz a minha sensibilidade linguística, admito que numa interpretação bastante própria. Sei que o Ciberdúvidas não concorda com ela, mas gostava, mesmo assim, de saber, se a acham demasiado abstrusa... Eu, francamente, acho algo sui generis considerar «ir de encontro» ao que o alguém pensa como «ir contra aquilo que essa pessoa pensa»...
Seis termos da descrição fonética e fonológica
Tenho vindo a encontrar a expressão «Fricativa (a) surda a) Variantes: Uvular, Velar, Lateral, Dental, Palatal». Creio tratar-se de alguma terminologia gramatical que desconheço. Podem ajudar-me? Já agora e falando a sério, com os 74 anos que tenho, será que devo voltar aos "bancos de escola" para me actualizar? Grato pela vossa simpatia.   N.E. – O consulente adota a ortografia de 1945.
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