Há muita gente que tem dificuldade em empregar o verbo haver no sentido de «existir». Não é raro, antes pelo contrário, ler-se, sobretudo nas redes sociais, «Inaugurado "a" 5 anos», ou «li o livro "à" muito tempo».
Ora, tenho verificado que alguns escreventes, na dúvida, optam por substituir haver por fazer, tal como os brasileiros. Por exemplo, «inaugurado faz 5 anos», ou «li o livro faz muito tempo».
A minha pergunta é: está correcto este emprego do verbo fazer?
O consulente segue a norma ortográfica de 45.
Na frase «[D. Sebastião] Arrastou para a aventura toda a nobreza portuguesa», o verbo arrastar pode ser considerado transitivo direto e indireto, sendo o segmento «para a aventura» um complemento oblíquo?
Agradeço um esclarecimento.
Em geral, gostaria de saber quando é possível substituir o Infinitivo Composto pelo Infinitivo Simples, mantendo o sentido da frase.
Sei que esta pergunta já foi respondida antes no Ciberdúvidas: «Trata-se da possibilidade da substituição de uma forma pela outra– de "intercambialidade", como se sugere na pergunta –,sem incorrer em incorreção ou alteração significativa no significado da frase. O infinitivo simples (IS) pode substituir o infinitivo composto (IC), mas a inversa não é sempre possível.»
No entanto, há casos em que me parece que a substituição do Infinitivo Composto pelo Infinitivo Pessoal altera o sentido da frase, ou cria, até, frases agramaticais (26). Fico por isso na dúvida se a resposta do Ciberdúvidas que transcrevi tinha um caráter geral. Tinha?
No caso concreto das frases 1 a 4, penso que 1 e 2 têm sentidos semelhantes, mas 3 e 4 não. Qual é a razão para nos casos 1 e 2 ser possível fazer a substituição (caso seja) e nos casos 3 e 4 não (caso não seja)?
(1) Foi bom termos tido essa reunião. (2) Foi bom termos essa reunião.
(3) É bom termos tido essa reunião. (4) É bom termos essa reunião.
Quanto aos seguintes pares de frases, consideram que têm o mesmo sentido? Quais são as regras que permitem (ou não) realizar a substituição de um tempo por outro?
(5) Espero desligar o gás. (6) Espero ter desligado o gás.
(7)No caso de não poderes vir, telefona-me. (8)No caso de não teres podido vir, telefona-me.
(9) Até ele ficar bem, não me irei embora. (10) Até ele ter ficado bem, não me irei embora.
(11) Em vez de terem ido ao mercado, podiam ter ido à praia. (12) Em vez de irem ao mercado, podiam ter ido à praia.
(13) Depois de acabares os trabalhos de casa, podemos ver televisão. (14) Depois de teres acabado os trabalhos de casa, podemos ver televisão.
(15) Apesar de o tempo ter estado péssimo, foram passear. (16) Apesar de o tempo estar péssimo, foram passear.
(17) Apesar de terem tido muito dinheiro, são discretos. (18) Apesar de terem muito dinheiro, são discretos.
(19) Lamento não terem assistido à reunião. (20) Lamento não assistirem à reunião.
(21) Lamentei não teres vindo à festa. (22) Lamentei não vires à festa.
(23) Não vás para a rua sem pores o casaco. (24) Não vás para a rua sem teres posto o casaco.
(25) É provável já se terem conhecido na última reunião. (26) É provável já se conhecerem na última reunião.
Uma vez mais, agradeço o ótimo serviço prestado e a atenção dispensada.
É errado dizer «vou meter estes filmes em dia» ou «vou meter a leitura em dia»?
Ou apenas é mais correcto utilizar palavras como pôr/colocar em vez de meter?
Obrigada
O consulente segue a norma ortográfica de 45.
É possível usar o presente em lugar do imperativo?
Por exemplo, «tu, faze-lo!» em lugar de «tu, fá-lo» e «fá-lo tu».
Precisava de ajuda para esclarecer as funções sintáticas presentes na frase "Não percebo nada de informática."
Assim, pedia a vossa colaboração para responder às seguintes questões que surgiram em sala de aula:
1. O constituinte "de informática" é complemento oblíquo e "nada" (assumido como advérbio de quantidade e grau, tal como "muito" e " pouco") é modificador do grupo verbal?
Ou 2. podemos considerar que o complemento direto é a expressão "nada de informática", ainda que não possa ser substituída pelo pronome de complemento direto, (a frase "Não o percebo.", não sendo agramatical, não tem o mesmo significado)?
Parece-me mais ou menos claro que, se omitíssemos um destes constituintes e tivéssemos frases como:
1. "Não percebo nada."
2. "Não percebo de informática."
o constituinte "nada" seria o complemento direto, na frase 1. e "de informática" o complemento oblíquo na frase 2. Ou estarei enganada?
Agradeço, antecipadamente, a vossa colaboração. i
No que concerne ao valor aspetual, surgiu-me uma questão.
Se considerarmos a frase «Ele leu um livro», estamos perante um evento durativo ou não durativo?
Neste âmbito, o segmento em apreço suscitou-me a seguinte pergunta: um ato perfetivo é necessariamente não durativo? Ou pode ser durativo?
Agradecido pela preciosa ajuda!
Tomemos a frase:
«A minha avó beija como se estejam bombas a rebentar no quintal.»
Está gramaticalmente correta? Ou é forçoso usar "como se estivessem"?
Muito obrigado.
Vi [no Ciberdúvidas] que o verbo perguntar pede objeto indireto.
Porém. o Google apresenta um dicionário exibindo o mesmo verbo como transitivo direto na primeira entrada com o sentido de "fazer pergunta(s) a; interrogar", e cita como exemplo a frase "o detetive perguntou todos os suspeitos". (Para abrir a página, procurar por "dicionário perguntar".)
Gostaria que pudessem explicar o por quê da diferença.
Obrigado!
Sou professora de Português em Espanha e, com frequência, observo que os meus alunos elaboram frases como:
– Gostaste do filme? Sim, gostei dele.
– Pratico natação e como gosto muito dela, vou à piscina duas vezes por semana.
Produz-me muita estranheza este uso do pronome pessoal para substituir realidades que não são pessoas.
Nas minhas aulas, eu nunca uso o pronome pessoal nestas estruturas. Simplesmente respondo:
– Gostaste do filme? Sim, gostei. / Gostei, gostei muito.
– Pratico natação e como gosto muito, vou à piscina duas vezes por semana.
Porém os meus alunos fazem estas pronominalizações de forma natural. Duvido que seja por influência do espanhol, dado que a construção deste verbo é completamente diferente.
Penso que não é correto, mas, às vezes, já me fazem duvidar. Gostava de poder explicar bem o porquê e como não encontrei informação sobre o assunto, pensei que era uma boa questão para este espaço.
Antes de acabar, queria deixar constância do meu mais sincero agradecimento pela extraordinária ajuda que este site me oferece na preparação das minhas aulas.
Muito obrigada!'
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações