A forma apresentada pela consulente faze-lo não corresponde à 2.ª pessoa do singular – tu – do modo imperativo do verbo fazer conjugado pronominalmente.
No entanto, além da forma faz («faz tu»), correspondente à segunda à 2.ª pessoa do singular deste modo, existe uma outra: faze («faze tu»). Esta forma verbal, menos comum no discurso oral e escrito, e que está associada a um registo mais culto e a textos do século XIX ou do início do século XX, por exemplo, não se pronominaliza, no entanto, com -l, isto é, a forma verbal não termina em -r, -s ou -z, e, por isso, o pronome não assume as modalidades de lo, la, los ou las. Assim, podemos ter as seguintes frases imperativas: «(tu) faz o trabalho de casa!», ou «(tu) fá-lo» ou ainda «(tu) faze-o».
Importa, não obstante, referir que o presente do indicativo pode ser utilizado em frases interpretadas como imperativas, e aí, sim, pode justificar-se o exemplo apresentado na questão acima:
(1) «Tu fazes o trabalho de casa hoje» (= «Tu faz/faze o trabalho de casa hoje!»).
Na frase (1), é possível substituir «o trabalho de casa» pelo pronome o, mas, como o verbo termina em -s, este -s irá desaparecer e o pronome assume a forma -lo: «tu faze-lo hoje».
À semelhança deste último caso, em que o presente do indicativo ocorre numa frase dclarativa interpretada como imperativa, também o mesmo pode ocorrer com o futuro do indicativo: «tu farás o trabalho de casa» = «(tu) faz/faze o trabalho de casa.»