O verbo perguntar admite um uso transitivo e um uso intransitivo.
Como verbo intransitivo, pode surgir em frases como (1), sem qualquer complemento:
(1) «‒ Vai ao guichê e pergunta.»
Como verbo transitivo, o verbo pode ser:
(i) transitivo direto, surgindo em frases com complemento direto (2):
(2) «Ela perguntou o motivo da revolta.»
(ii) transitivo indireto, construindo-se com complemento indireto (3):
(3) «É a sua vez de perguntar ao João.»
(iii) e com complemento direto e indireto (4):
(4) «Ele perguntou ao João as suas intenções.»
Sendo o verbo perguntar um verbo dicendi, nos casos em que introduz discurso indireto, a pergunta relatada será o complemento direto do verbo, como se observa nas frases seguintes, nas quais se sublinha o complemento direto:
(5) «Perguntou se eu vinha à festa.»
(6) «Perguntou como faria para regressar a casa.»
(7) «Perguntou para que servia aquele aparelho.»
A utilização mais frequente do verbo parece corresponder ao preenchimento do argumento com função de complemente indireto por uma entidade com valor semântico [+HUM]: «perguntar algo a alguém». Não obstante, no Dicionário Houaiss refere-se que esta entidade [+HUM] poderá surgir também, em alguns casos, como complemento direto do verbo:
(8) «O detetive perguntou todos os suspeitos.» (exemplo apresentado no Dicionário Houaiss)
Neste caso, o verbo tem uma natureza de transitivo direto e significa “fazer pergunta(a) a; interrogar”. Refira-se, ainda, que no Dicionário Online do Português se considera este uso “antigo”.
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