Esta construção admite várias possibilidades de realização. No entanto, a opção preferível será a que se transcreve em (1):
(1) «Deixa de te armar em bobo.»
A construção de base é formada com o verbo pronominal armar-se, que surge na construção «armar-se em bobo».
Assim, nas frases em que permanece associado ao verbo armar, o pronome pode surgir antes deste (em posição proclítica, em (1)) ou depois deste (em posição enclítica, em (2))1:
(2) «Deixa de armar-te em bobo.»
No entanto, a opção considerada mais correta do ponto de vista da norma é a que se apresenta em (1), visto que a preposição de é considerada um atrator de próclise, ou seja, o seu uso induz a colocação do pronome em posição anterior ao verbo2.
Não obstante, em construções desta natureza em que um verbo seleciona uma oração infinitiva como complemento, muitos falantes admitem a subida do pronome para junto do verbo da oração subordinante (fenómeno que se designa “subida do clítico”). Estes fenómenos ocorrem sobretudo com verbos que regem a preposição a. Nos casos em que o verbo rege a preposição de, a subida do clítico é, normalmente, considerada uma opção menos normativa3. Deste modo, a construção apresentada em (3) não será aceitável num quadro normativo:
(3) «*Deixa-te de armar em bobo.»
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade do ponto de vista da norma.
1. cf. Martins in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2280-2281.
2. cf. Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, 2003, p. 863.
3. Id. Ibid., pp. 2288-2289