Em orações negativas os pronomes clíticos ocorrem sempre em posição proclítica (pré-verbal).
Ora, no exemplo apresentado, apesar de não ocorrer o marcador de negação não, o caráter negativo da frase é assegurado pela palavra negativa nunca, em posição pré-verbal, e, por isso, aplica-se a regra que se aplica em orações negativas. Assim, o correto será: «Nunca mais me vais ver».
Também palavras como ninguém, nenhum e nada têm associado um valor negativo, o que leva a que aconteça o mesmo que no exemplo apresentado: «ninguém me vai ver», «nenhum [aluno] me vai perguntar isso» e «nada me vai debilitar».
Refira-se ainda que, no caso de estarmos perante uma frase afirmativa construída com um verbo auxiliar1, como é o caso do exemplo apresentado (ir + infinitivo), a situação pode ser diferente. Quer isto dizer que o pronome clítico pode estar sempre em posição enclítica e pode ligar-se a qualquer um dos verbos:
1. «vais ver-me amanhã»;
2. «vais-me ver amanhã».
A verdade é que, apesar do pronome clítico ser complemento do verbo pleno – ver –, pode associar-se ao verbo auxiliar, como em 2, «um fenómeno a que na teoria linguística moderna se chama subida do clítico» (Fundação Calouste Gulbenkian. Gramática do Português. Vol. II, p.1241).
Nota: em português do Brasil a questão aqui tratada diverge do português de Portugal. Na variante brasileira dá-se «a próclise ao verbo principal nas locuções verbais»(Cunha, C., Cintra, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 317), seja em frases afirmativas, seja em frases negativas: «Será que o pai não ia se dar ao respeito?», «outro teria se metido no meio do povo».
1 Outros verbos auxiliares: ser, estar, ficar, haver, andar, ficar, continuar, acabar, começar, poder.