Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Coesão/Coerência
Ana L. P. Cavalheiro Professora Pelotas, Brasil 1K

Gostaria de saber como funciona a obrigatoriedade ou não dos pronomes o ou a, ou seja, se é obrigatório o uso, conforme estes exemplos:

– Conheces estes livros?

– Não, não conheço.

ou:

– Conheces estes livros?

– Não, os não conheço.

 

Obrigada.

Joabe Demétrio Contador João Pessoa, Brasil 22K

Estou estudando a coesão lexical e me deparei com uma contradição: alguns afirmam que esse tipo de coesão se dá por reiteração e substituição e outros, por reiteração e contiguidade.

Afinal, como ocorre a coesão lexical? Apenas por reiteração e substituição, ou também por contiguidade?

Obrigado.

Geobson Freitas Silveira Agente público Bela Cruz, Brasil 3K

Confesso que já procurei em algumas gramáticas referências sobre um possível uso da locução "uma vez que' como temporal mas sem sucesso.

Assim peço a vocês esclarecimento sobre o fato até porque é algo muito comum, corriqueiro de se ouvir ou mesmo ver construções do tipo:

1) Uma vez que chega o inverno, ele se retrai no interior de sua casa.

2) Uma vez que tomares este remédio, sentirás um intenso alívio.

3) Uma vez que a tocar, comece a dançar.

De fato, a norma culta alberga tais construções? Algum gramático faz referência? Algum dicionário ?

Desde já, bastante grato.

José de Vasconcelos Estudante Foz do Iguaçu , Brasil 3K

O relativo que não é referido como pronome anafórico. Porquê não? Há alguma gramática que o dê como anafórico e indique a sua necessidade para a coesão frásica?

O complementador que, quando introduz relativas adjetivas, recupera o antecedente. Seria possível relacionar o complementador que com a coesão frásica?

 

Muito obrigado!

Sara Dias . Portugal 1K

Em geral, gostaria de saber quando é possível substituir o Infinitivo Composto pelo Infinitivo Simples, mantendo o sentido da frase.

Sei que esta pergunta já foi respondida antes no Ciberdúvidas: «Trata-se da possibilidade da substituição de uma forma pela outra– de "intercambialidade", como se sugere na pergunta –,sem incorrer em incorreção ou alteração significativa no significado da frase. O infinitivo simples (IS) pode substituir o infinitivo composto (IC), mas a inversa não é sempre possível.»

No entanto, há casos em que me parece que a substituição do Infinitivo Composto pelo Infinitivo Pessoal altera o sentido da frase, ou cria, até, frases agramaticais (26). Fico por isso na dúvida se a resposta do Ciberdúvidas que transcrevi tinha um caráter geral. Tinha?

No caso concreto das frases 1 a 4, penso que 1 e 2 têm sentidos semelhantes, mas 3 e 4 não. Qual é a razão para nos casos 1 e 2 ser possível fazer a substituição (caso seja) e nos casos 3 e 4 não (caso não seja)?

(1) Foi bom termos tido essa reunião. (2) Foi bom termos essa reunião.

(3) É bom termos tido essa reunião. (4) É bom termos essa reunião.

Quanto aos seguintes pares de frases, consideram que têm o mesmo sentido? Quais são as regras que permitem (ou não) realizar a substituição de um tempo por outro?

(5) Espero desligar o gás. (6) Espero ter desligado o gás.

(7)No caso de não poderes vir, telefona-me. (8)No caso de não teres podido vir, telefona-me.

(9) Até ele ficar bem, não me irei embora. (10) Até ele ter ficado bem, não me irei embora.

(11) Em vez de terem ido ao mercado, podiam ter ido à praia. (12) Em vez de irem ao mercado, podiam ter ido à praia.

(13) Depois de acabares os trabalhos de casa, podemos ver televisão. (14) Depois de teres acabado os trabalhos de casa, podemos ver televisão.

(15) Apesar de o tempo ter estado péssimo, foram passear. (16) Apesar de o tempo estar péssimo, foram passear.

(17) Apesar de terem tido muito dinheiro, são discretos. (18) Apesar de terem muito dinheiro, são discretos.

(19) Lamento não terem assistido à reunião. (20) Lamento não assistirem à reunião.

(21) Lamentei não teres vindo à festa. (22) Lamentei não vires à festa.

(23) Não vás para a rua sem pores o casaco. (24) Não vás para a rua sem teres posto o casaco.

(25) É provável já se terem conhecido na última reunião. (26) É provável já se conhecerem na última reunião.

Uma vez mais, agradeço o ótimo serviço prestado e a atenção dispensada.

Miguel Jesus Estudante Setúbal, Portugal 3K

Pergunta bastante simples. Nos nomes «Padre António Vieira» na linha 2 e «jesuíta» na linha 5, temos presente coesão lexical ou coesão gramatical referencial, ou correferência não anafórica?

«Mais do que um livro de pregação, que o próprio

não quis fazer, os Sermões do padre António Vieira

estão cheios de referências biográficas. A inveja e a ingratidão

da pátria, a defesa dos índios e dos judeus, a missionação

e a diplomacia exercidas pelo jesuíta do século XVII estão

presentes ao longo desta obra, que a partir de hoje terá

uma nova edição crítica a Sermão de Santo António

aos Peixes, Sermão do Bom Ladrão, Sermão da Sexagésima.»

Antonio Lima Professor Bonito-PA, Brasil 17K

A conjunção aditiva e apresenta valores semânticos, como adversidade («mas», porém»), conclusão /consequência («portanto, por isso, então»). Além desses, alguns estudiosos dizem que o e pode apresentar:

1) Sequenciação temporal, quando ligar dois eventos sucessivos: «depois da discussão, Maria fechou o rosto e João foi para o quarto em seguida» (Fernando Pestana).

2) Finalidade: «Ia telefonar-lhe e (=para) desejar-lhe parabéns.»

3)) Condicional: segundo a estudiosa Cilene Rodrigues (PUC-RJ) no artigo "No escape from syntax! das (in)subordinadas condicionais entonacionais", A) «Você publica este artigo, e sua carreira vai para o brejo» seria equivalente a frase B) «Se você publicar este artigo, a sua carreira vai para o brejo.»

#1) Gostaria de saber se estes três valores semânticos já são aceitos pelos gramáticos?

#2) E se há algum outro valor semântico dessa conjunção e além desses ?

#3) Com relação ao sentido de condicional, vocês concordam?

No Google acadêmico só achei esse trabalho sobre o assunto. Nunca tinha lido sobre esse valor condicional.

Grato pela resposta. Parabéns pelo belo trabalho de vocês.

Cláudio Silva Técnico Compras Gondomar, Portugal 2K

Relativamente à seguinte frase:

«No momento imediatamente anterior à execução de um pontapé de saída pela equipa visitante, na sequência da obtenção de um golo pela equipa visitada, os árbitros apercebem-se que esta se encontrava a jogar com um jogador a mais.»

O esta (apercebem-se que esta) está a mencionar a equipa visitante ou a equipa visitada? E quais os termos técnicos que suportam essa mesma resposta?

Obrigado.

Cristina Castro Professora Porto, Portugal 1K

«[...] Ao todo, os cientistas da Universidade de Quioto dissecaram o cérebro de 51 cobaias humanas. Dissecar, neste caso, significa sujeitar 26 mulheres e 25 homens a exames psicológicos e neuronais. Os primeiros tiveram como referência a Escala de Felicidade Subjetiva – inventada por Lyubomirsky e Lepper em 1999 e que até hoje é usada pelos psicólogos. O instrumento serviu para medir o grau de felicidade geral de cada um dos objetos das experiências e quão intensamente foram capazes de sentir as emoções – tanto as negativas como as positivas. A esses objetivos acrescentou-se o nível de satisfação com as próprias vidas. Os segundos testes envolveram o uso de um aparelho de ressonância magnética, que captou as imagens do cérebro de cada um dos participantes. E os mais felizes, concluem os autores do estudo, tinham sempre mais massa cinzenta naquela área do cérebro [....].»

Pergunta: os vocábulos «cobaias humanas», «26 mulheres e 25 homens» e «participantes» mostram a presença de um mecanismo de:

A – coesão lexical.
B – coesão referencial.
C – coesão temporal.
D – coesão interfrásica.

 

Carolina Monteiro Estudante Lisboa, Portugal 8K

Nas frases «O colégio de carcavelos é o melhor. Passei lá sete anos da minha vida.» o advérbio de lugar tem função de coesão referencial ou interfrásica?