A coesão deve ser analisada num segmento textual superior à frase, porque as relações de coesão se estabelecem sobretudo no plano do texto. Não obstante, uma vez que não temos acesso ao texto de onde a frase apresentada foi retirada, poderemos dizer que neste segmento encontramos marcas de coesão gramatical frásica, referencial e interfrásica.
A coesão frásica está presente, por exemplo, no fenómeno de concordância expresso em batidos, que concordará com um sujeito plural, masculino, que não nos é acessível na frase em análise.
A coesão referencial identifica-se na construção da cadeia de referência relativa ao sujeito das formas verbais escorregam, «foram batidos» e saíram, o qual é recuperado por meio de uma elipse (correspondente a um sujeito nulo / não expresso) com a marca de 3.ª pessoa do plural. O antecedente do sujeito estará presente num segmento de texto anterior, e, provavelmente, fará referência a uma entidade identificável no mundo real ou no universo textual.
A coesão interfrásica está presente no recurso aos conectores e e onde, que asseguram a ligação entre orações, atribuindo-lhe um valor de nexo: um valor aditivo em «e foram batidos à máquina tingindo o papel de onde nunca saíram» e um valor de localização espacial em «de onde nunca saíram».
Por fim, a relação entre as formas verbais escorregam, «foram batidos» e saíram causa alguma estranheza pela oscilação entre o presente do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo. No entanto, sem termos acesso ao texto original, não poderemos avaliar quer a correção da frase quer possíveis intenções trabalhadas no plano da coesão temporal.
Disponha sempre!