A coesão frásica é desenvolvida por meio de mecanismos linguísticos que asseguram a ligação entre elementos de uma frase, sendo visível nos fenómenos de concordância nominal, verbal, em género e em número. Está também patente nas relações de regência do verbo com o seu complemento e na própria organização dos elementos da frase.
A coesão referencial, por seu turno, assenta no desenvolvimento de cadeias de referência, anafóricas ou catafóricas, nas quais um determinado elemento linguístico, o referente, é retomado por outros ao longo do texto.
Assim sendo, percebemos que a seleção do pronome a, na frase retomada em (1), tem como objetivo manter uma cadeia de referência, na qual o pronome assume sobretudo a função de retomar o referente carta, apontando para ele, como elemento anafórico:
(1) «Escrevi esta carta com sinceridade e é com sinceridade que a sinto.»
Não obstante, a coesão frásica está presente quer no processo de colocação do pronome na frase quer no de flexão. Assim, são indícios de coesão frásica os seguintes aspetos, que não sendo respeitados resultam em frases agramaticais, nas quais falha, portanto, a coesão frásica:
(i) sua colocação antes do verbo sentir:
(2) «*Escrevi esta carta com sinceridade e é com sinceridade que sinto-a.»
(ii) o fenómeno de concordância em género e número:
(3) «*Escrevi esta carta com sinceridade e é com sinceridade que os sinto.»
(iii) a flexão em caso ajustada à função sintática que desempenha na frase:
(4) «*Escrevi esta carta com sinceridade e é com sinceridade que ela sinto.»
Disponha sempre!
*assinala uma frase na qual existe um problema de coesão frásica.