Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 2K

Quanto à resposta dada à consulta de Fernando Gaspar, em 30/9/2019, inclino-me a ficar com a impressão do consulente, em detrimento do parecer da consultora.

Se não, vejamos: o pronome o, a meu juízo, deve retomar um termo ou uma oração já referida, mas a oração já referida, no caso em tela, é «a irritação ditava-lhe uma violenta resposta», e não «dar uma violenta resposta» (a análise se deve fazer com o que está escrito, e não com ilações; do contrário, cada um poderia ter a sua e usar o pronome que lhe interessasse). Assim sendo, é impossível a substituição por causa do risco de ilogicidade. A forma lha se impõe, então; sendo a o pronome vicário de «violenta resposta».

Distração de Júlio Diniz.

Patrícia de Souza Professora Niterói, Brasil 39K

A frase «Que dia é hoje?» é uma interrogativa direta. A frase «Veja que dia é hoje» é uma interrogativa indireta.

E a frase «Você pode ver que dia é hoje?» se enquadra em direta ou indireta? Por quê?

Jorge Pereira Técnico de Informática Dublin, Irlanda 9K

A minha dúvida está relacionada com a expressão «não me diga que...», e saber se o seu uso pressupõe uma dúvida (ou uma questão).

Se escrevo «não me diga que o acontecimento X teve lugar. (ponto final)», é correto (e habitual) pressupor que se está a questionar o acontecimento X?

Assim sendo, é legítimo afirmar que nem todas as questões têm necessariamente de terminar com um ponto de interrogação?

Desde já, obrigado.

Cláudia Canais Tradutora Charneca da Caparica, Portugal 2K

Como tradutora, deparo-me muitas vezes com a estrutura "nome singular+nome plural" no inglês, como ad formats e bid adjustments.

Nesta pergunta relacionada, vocês mencionam "nomes contáveis e não contáveis". No entanto, não é explicado se a utilização de singular em vez de plural no segundo nome é efetivamente um erro gramatical na tradução.Ou seja:

1) "formatos de anúnciO" está incorreto em termos gramaticais? É obrigatório ser "formatos de anúnciOS", uma vez que "anúncios" é um nome contável neste contexto?

2) O mesmo se aplica a "ajustes de lance". "de lancE" ou "de lancES"? É obrigatório usar plural se o nome for contável? A utilização do singular é incorreta gramaticalmente?

A resposta dada na outra pergunta indica que os exemplos «máquina» e «refrigerante» "podem flexionar no plural", o que me pode levar a crer que não há uma obrigatoriedade em usar a estrutura "nome plural+preposição+nome plural" quando os dois nomes são contáveis.

Obrigada por esclarecerem esta questão.

José Luís Sincer e Sepúlveda Enfermeiro Valongo, Portugal 2K

No âmbito da gestão, encontro com bastante frequência a palavra "calculativo" associada ao modelo de Meyer e Allen, nas traduções para português. No entanto, fico com dúvidas se, na realidade, esta palavra existe em português, ou se é mais uma tentativa de tradução forçada de um termo estrangeiro, e se não seria mais apropriado utilizar-se o termo "calculista".

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 3K

Quanto à dúvida apresentada pela consulente Sílvia Pereira, em 25/9/2019, penso que talvez seja mais esclarecedor analisar a frase da seguinte forma: «Ele sabe o (=isso) de que fala». Assim sendo, «do (o de que) se fala» é oração subordinada substantiva direta; e «de que se fala» oração adjetiva restritiva, que está embutida na primeira.

Lanito Molita Estudante Lisboa, Portugal 3K

As minhas questões estão relacionadas com a subsequente frase:

«Ela falaz é tão quanto a Ilusão.»

Nesta frase, cuja ordem está invertida por motivos estilísticos, deverei manter o advérbio tão, o qual é usado em lugar de tanto antes de adjetivos e de advérbios, tendo em vista a ordem natural da frase «ela é tão falaz quanto a Ilusão», ou deverei mudar o tão para tanto por não se seguir um adjetivo ou um advérbio?

E, por igual nesta frase, deverei manter o quanto ou posso alterá-lo para quão, uma vez que está implícito um adjetivo, sendo «ela falaz é tão quão a Ilusão» equivalente a «ela falaz é tão quão (falaz é a) Ilusão»?

Obrigado desde já pela atenção.

Paulo Teixeira Comercial Lisboa, Portugal 2K

A dúvida que se prende é com utilização da palavra gente, que por vezes pode revelar-se um pouco "traiçoeira". Na frase em consideração tenho alguma dificuldade em conseguir perceber se a mesma está ou não correcta[*]. Podem ajudar-me, por favor?

«(...) Gente mascarada em torno de uma fogueira de labaredas altas unia as vozes e num só cântico dançava, bebia, expurgava as suas almas como se estivesse possuída.»

Obrigado.

[*N.E. – Manteve-se a forma correcta, anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, no quadro do qual se escreve agora correta.]

Fernando Gaspar Funcionário Público Lisboa, Portugal 1K

Num artigo do consultório deparou-se-me a citação seguinte:

«A irritação ditava-lhe uma violenta resposta, mas já lho não permitia a consciência.» (Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais. 1860).

Esta frase suscitou-me a dúvida seguinte cujo esclarecimento antecipadamente agradeço.

Pergunto se, corretamente, não deverá antes escrever-se: «…mas já não lha permitia a consciência», isto é, escrever «lha» em vez de «lho», porquanto na 2.ª oração estamos referindo-nos à violenta resposta.

Elton Gomes Revisor Olinda, Pernambuco, Brasil 21K

O uso da vírgula nas situações abaixo se justifica? Não estariam elas separando elementos que têm relação sintática (no caso, o sujeito ‘«você’» do predicado ‘«gosta’»)?

Na fala, há uma pausa enfática depois do pronome, o que, acredito, deve induzir muitos escreventes a utilizarem a vírgula supondo ser ‘«você»’ um vocativo. Exemplos:

«E você(,) como está?»

«E você, vai passar as férias onde?»

Fico agradecido pela atenção.