Se observássemos os exemplos apresentados de forma simplista e linear, poderíamos crer que se trata de uma frase simples, apenas contendo os elementos essenciais da oração. Neste caso, a vírgula pareceria desnecessária. No entanto, parece-me que a estrutura aqui utilizada é ligeiramente mais complexa: A sequência de palavras «e você» poderia funcionar como tópico ou tema, cuja fronteira em relação à restante frase, na oralidade, é marcada prosodicamente com pausa e entoação própria, e, na escrita, é marcada com uma vírgula. Após a vírgula, surge então o designado, na linguística, comentário ou rema. Nesta parte da estrutura estaria prevista uma posição vazia, pertencente ao constituinte que agora se encontra no início da frase, que até poderia estar pleonasticamente preenchido, pois, num tom ou registo oralizante, muito é permitido:
«E você, como está (você)?»
Outros exemplos que ilustram esta possibilidade de forma mais clara:
«E seu pai, como está ele?» / «E seu pai, como ele está?»
Realmente, este uso particular da vírgula raramente aparece referido nas listagens didáticas de situações em que se deve ou não utilizar. Mas não devemos esquecer a sua intrínseca ligação à prosódia e à marcação, na escrita, da breve pausa necessária à compreensão sem ambiguidades do enunciado. Por este facto, penso que a vírgula não será descabida nesta situação, nem estará, numa análise mais profunda da frase, a separar elementos essenciais.