Construções: «ter algo de» + adjectivo e «para... já basta...»
Há erro de concordância na frase «Porque de complicado já basta a mudança»?
As locuções prepositivas e os complementos nominais
Numa frase como «São coisas a respeito das quais não se pode dizer nada», considero que o pronome relativo desempenha a função de complemento nominal. No entanto, minha dúvida se relaciona a locuções prepositivas que contêm palavras como respeito («a respeito de»), relação («em relação a»), etc. Quero saber se, de fato, essas locuções por si mesmas introduzem termos que, ao desempenhar funções adverbiais, também introduziriam um complemento nominal após a última preposição da locução. Transcrevendo frase acima para «Eu não tenho nada a dizer a respeito dessas coisas», posso considerar, aqui, «dessas coisas» como complemento nominal?
Sobre a palavra controlo, novamente
Aparece em algumas respostas do Ciberdúvidas a rejeição da palavra controlo, preferindo-se, por exemplo, verificar. Tenho, no entanto, de discordar em parte. A palavra controlo, nas áreas de engenharia e tecnologia, tem um significado complexo e "representa" um processo de várias etapas: verificação, processamento, decisão e acção. E assim sucessivamente e ciclicamente. Ou seja, não fará sentido dizer «estou à janela a controlar o trânsito», uma vez que não tenho a capacidade de parar ou mover os automóveis. Mas fará sentido dizer que o polícia de trânsito está a "controlar", uma vez que verifica o fluxo de automóveis das várias vias, pensa, decide e ordena que uns parem e outros avancem.
Gostaria de saber a vossa opinião quanto à utilização de "controlo" no sentido que eu referi.
Obrigado.
«Cuidados de saúde primários»
«Cuidados de saúde primários», ou «cuidados primários de saúde», qual é a forma gramaticalmente correcta e porquê? E no caso de «cuidados de saúde secundários ou terciários», não deveria ser «cuidados secundários ou terciários de saúde»?
Grato por qualquer esclarecimento que me possam prestar.
Concordância verbal com a construção «mais de um...»
«Mais de um aluno veio ao evento.»
«Mais de um aluno vieram ao evento.»
Qual das opções está correta?
Sobre a grafia da palavra ortóptica/ortótica (Acordo Ortográfico de 1990)
Com a entrada em vigor do acordo ortográfico, ortóptica não se deveria passar a escrever ortótica?
Agradecendo antecipadamente a atenção dispensada.
O plural de alil, acetil e metil
Gostaria de saber por que a palavra alil não tem plural.Mas, se tiver, qual seria? Alis?O mesmo ocorre para acetil, metil, etc.Obrigado.
Sobre a grafia (e a pronúncia) das formas ioga e yoga
O assunto acima referido já foi alvo de tratamento por V. Exas., mas entretanto entrou ou está a entrar em vigor o novo acordo ortográfico e por isso gostaria de relançar a questão: na versão europeia da nossa língua, devemos escrever ioga ou Yoga? Porquê?
No glossário das Ciberdúvidas, continua a classificar-se como erro a forma Yoga, estará esta posição actualizada?
Há quem me diga que ioga é um aportuguesamento de yoga (sânscrito) e não um equivalente em português e que como a letra y entrou para o nosso alfabeto e como tal não haveria razão para a exclusão da forma yoga. Por minha parte, tenho tendência para dizer: se há uma forma aportuguesada, usemo-la!
Agradeço desde já o parecer de V. Exas. sobre este assunto.
Acordo Ortográfico 1990: sobre facultatividades em Portugal
Segundo a base IX, ponto 4, do texto do novo Acordo Ortográfico: «É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português.»
Pergunta 1: A colocação facultativa deste acento restringe-se a um determinado espaço geográfico (Brasil, por exemplo), ou é para todos os países lusófonos?
Tenho lido opiniões que defendem que a possibilidade de não colocar este assunto distintivo é apenas para o Brasil. Custa-me a crer que seja assim, uma vez que no Norte (aqui é com maiúscula, não é?) do país é frequente o timbre fechado para ambos os tempos: presente e pretérito perfeito.
Pergunta 2: O Acordo Ortográfico consagra, entre muitas outras, a dupla grafia infeccioso/infecioso. Em Portugal, podemos escolher usar uma ou outra (como em sector/setor)?
Que instrumento de consulta me sugerem para esclarecer, no caso das duplas grafias, qual o espaço geográfico onde se aplica cada uma delas?
Antecipadamente agradecido pela atenção.
O pronome lhe e o complemento oblíquo
Agradeço um esclarecimento sobre a dúvida seguinte:
Na frase «Ele falou aos amigos», o constituinte «aos amigos» desempenha a função sintáctica de complemento indirecto. E qual é a função sintáctica de «com os amigos» na frase «Ele falou com os amigos»?
Semanticamente, «falar a» e «falar com» têm o mesmo valor. Num dicionário que consultei (Dicionário de Verbos Portugueses, Porto Editora), a regência do verbo falar é apresentada deste modo:
— falar de, sobre: «falámos dele», «falou-se sobre futebol».
— falar a, com: «ele falou a todos», «ele falou com todos».
— falar em: «falei nele ao professor»; «falou ontem no assunto»; «falaram em vir mais cedo»; «falei-lhes em inglês».
Porém, sintacticamente, surge a seguinte dúvida:
Na primeira frase, «aos amigos» é um complemento indirecto, sendo introduzido pela preposição a e sendo substituível pelo pronome lhes: «Ele falou-lhes.»
Na segunda frase, «com os amigos» é aparentemente um complemento oblíquo; no entanto, penso que é substituível pelo pronome lhes: «Ele falou-lhes.» Qual é, então, a sua função sintáctica?
Agradeço desde já a atenção dispensada.
