Em Portugal, a grafia correta continua a ser septuagésima, feminino de septuagésimo. No Brasil, escreve-se também septuagésimo, a par de setuagésimo, muito embora a entrada desta última grafia seja remetida para com a forma com p nos dicionários brasileiros.
Em várias obras lexicográficas elaboradas em Portugal, transcreve-se foneticamente com [p]1 o numeral ordinal e fracionário septuagésimo/septuagésima, «o que ocupa a posição número 70 numa sequência» e «uma das 70 partes iguais em que se pode dividir um todo». No quadro da ortografia em vigor, essa consoante é, portanto, representada graficamente pela letra p2, dado esta representar a articulação efetiva de um segmento fónico no padrão de pronúncia.
Sendo assim, a grafia correta do feminino é septuagésima, mantendo-se a forma que já existia em anteriores ortografias – no Acordo Ortográfico de 1945 e no Formulário Ortográfico de 1943 (neste último caso, a par de setuagésima).
1 No Vocabulário da Língua Portuguesa, que Rebelo Gonçalves publicou em 1966, indicava-se que o grafema p correspondia à articulação da consoante [p]. Décadas mais tarde, em 2001, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa mantinha a mesma pronúncia-padrão na transcrição fonética que apresenta: [sɛptwɐʒˈɛzimu]. Esta é também a transcrição associada à entrada septuagésimo no dicionário da Porto Editora (em linha na Infopédia): [sɛptwɐˈʒɛzimu].
2 Põe-se a questão da supressão do p, em Portugal, quando se compara a ortografia em vigor com a anterior. No contexto do Acordo Ortográfico de 1945, havia palavras cuja grafia continha um p ou um c mudos (isto é, sem pronúncia) antes de t, ç ou c; por exemplo adoptar, decepção, receptivo, objecto, redacção, leccionar. Com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 (Base IV), estes vocábulos passaram a grafar-se sem p ou c: adotar, deceção, recetivo, objeto, redação, lecionar.