DÚVIDAS

O hífen e bebé como elemento de composição
Como bem se sabe, o género do nome bebé não está marcado morfologicamente, mas sim sintaticamente através do uso, por exemplo do artigo definido («o bebé»/«a bebé»). Não obstante, casos há em que não é possível recorrer a essa diferenciação através de um determinante, pelo que é habitual, ainda que também sintaticamente, estabelecer a diferença de género com o recurso à justaposição dos nomes menino ou menina (p. ex.: «Vende-se roupa de "bebé menina”»). Ainda que seja infrequente encontrar tal composição hifenizada, não estaríamos perante um caso de uma palavra composta através da justaposição de dois elementos de natureza nominal que, além de manterem o seu próprio acento, formam também uma unidade sintagmática e semântica (à semelhança da já lexicografada bebé-proveta), pelo que deveria ser grafada com hífen (p. ex. “bebé-menina”/“bebé-menino”)? Agradeço, desde já, a vossa resposta e atenção!
Orações começadas por para
Examinem-se as seguintes frases: «Carlota disse ao filho para não voltar à cidade.» «Ela lhe pediu para não chamá-la de Doquinha.» «No auge da aflição, seu companheiro gritava-lhe para não sair do lugar.» Gostaria de saber sobre a legitimidade das orações iniciadas por para. São um caso de contaminação sintática? De coloquialidade? Como analisar esse tipo de orações? Obrigado.
A sintaxe do verbo perguntar
Vi  [no Ciberdúvidas] que o verbo perguntar pede objeto indireto. Porém. o Google apresenta um dicionário exibindo o mesmo verbo como transitivo direto na primeira entrada com o sentido de "fazer pergunta(s) a; interrogar", e cita como exemplo a frase "o detetive perguntou todos os suspeitos". (Para abrir a página, procurar por "dicionário perguntar".) Gostaria que pudessem explicar o por quê da diferença. Obrigado!
O uso de si como 2.ª p. do singular
Pensava eu que só em Portugal se dizia «Para/a si, de si, por si, consigo» fora do valor reflexivo, mas leio Nelson Rodrigues e tenho uma surpresa com a reprodução dum diálogo: «Dr. Alceu, reze menos por mim. Se quiser, não reze nada. Mas seja meu amigo. Apenas isso: — meu amigo. E, se insiste em rezar, vamos fazer uma permuta: o senhor reza por mim e eu rezo POR SI.» A crônica foi escrita em dezembro de 1967, mas o facto deve ter ocorrido uns dez anos antes, pelo que conheço do coleguismo de Alceu Amoroso e Nelson Rodrigues. A primeira pergunta é: o autor estava imitando um procedimento típico de Portugal ou já existia no Rio à época? Fico um tanto dúbio porque até a primeira metade do século XX lá ainda se usava a segunda pessoa do singular corretamente. Quando surgiu este valor do pronome si em Portugal? Isto é, quando deixou de ter só valor reflexivo?
Os complementos verbais do português entre falantes de espanhol
Sou professora de Português em Espanha e, com frequência, observo que os meus alunos elaboram frases como: – Gostaste do filme? Sim, gostei dele. – Pratico natação e como gosto muito dela, vou à piscina duas vezes por semana. Produz-me muita estranheza este uso do pronome pessoal para substituir realidades que não são pessoas. Nas minhas aulas, eu nunca uso o pronome pessoal nestas estruturas. Simplesmente respondo: – Gostaste do filme? Sim, gostei. / Gostei, gostei muito. – Pratico natação e como gosto muito, vou à piscina duas vezes por semana. Porém os meus alunos fazem estas pronominalizações de forma natural. Duvido que seja por influência do espanhol, dado que a construção deste verbo é completamente diferente. Penso que não é correto, mas, às vezes, já me fazem duvidar. Gostava de poder explicar bem o porquê e como não encontrei informação sobre o assunto, pensei que era uma boa questão para este espaço. Antes de acabar, queria deixar constância do meu mais sincero agradecimento pela extraordinária ajuda que este site me oferece na preparação das minhas aulas. Muito obrigada!'
«Ser de opinião» + de + oração
Conforme resposta dada a consulta datada de 22 de janeiro de 2018, aliás feita por mim, a forma canônica da frase apresentada naquela ocasião é a seguinte: «Ele era de opinião que céu cinzento e gotas de chuva nas janelas tiram o ânimo e causam melancolia.» Em sendo assim, posso considerar que a oração subordinada («que céu cinzento...») se classifica como apositiva em relação ao termo «opinião»? Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa