Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Bernardo Monteiro Estudante Porto, Portugal 1K

Em «Completam-se hoje 42 anos sobre o dia em que regressei a Lisboa, depois de 10 anos de exílio […]. Pisar o chão de Lisboa no dia 2 de maio de 1974 foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. […]», há inferências deíticas espaciais?

Se há, quais?

Agradecido

Maria Cristina de Magalhães Pereira Poço Professora Ponte de Lima, Portugal 2K

A expressão «Antigos Paços do Concelho» deve ser escrita com maiúsculas ou minúsculas?

Obrigada.

Vicente de Paula da Silva Martins Professor universitário Sobral, Brasil 13K

Em um mesmo jornal de grande circulação, no Brasil, tenho observado diferentes grafias para «imitar ou descrever alguém que reclama demais» ou para «satirizar e tirar sarro de reclamações ou brigas desnecessárias, servindo como argumento para as pessoas pararem de falar».

Afinal, que grafia devemos adotar na escrita? “Mimimi”, “mi mi mi” ou “mi-mi-mi”?

Eis os contextos:

a) “Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou o presidente em São Simão (GO).” (Marcelo Toledo e Luís Cláudio, Saúde, Folha de São Paulo, 04/03/2021);

b) “Finalmente o futebol está de volta nesta quarta-feira! Depois de quase um mês de muito blá-blá-blá, mi mi mi e jogos horripilantes, vamos ter três jogos de verdade hoje. Palmeiras x Inter, Grêmio x Bahia, Athletico x Flamengo abrem as quartas de final da Copa do Brasil. Felizmente acabou a Copa América, uma das piores edições da história, que não deixará saudades.” (Ágora São Paulo, Esporte, Folha de São Paulo, 10/07/2019); e

c) “Era um papel bastante distanciado, porque o Estado se comporta como reflexo da sociedade que o compõe, negando esse processo de morte. Desde novembro de 2018, temos uma normativa sobre os cuidados paliativos no SUS. Está aprovado, reconhecido. Precisamos agora ter quem faça. Temos que mostrar ao que viemos, sem mi-mi-mi.” (Paulo Markun, Colunas e Blogs, Folha de São Paulo, 21/08/2019)

Carlos Viegas Professor Universitário Vila Real, Portugal 3K

Gostaria ainda da vossa opinião sobre estas expressões:

– «Esta doença cursa com diarreia, vómitos...» («cursa com»?) Não será melhor «evolui com»? «Manifesta-se com...»?

«O Sr. João foi diagnosticado com melanoma» («o melanoma foi utilizado para diagnosticar»?) Não será melhor: «ao Sr. João foi-lhe diagnosticado um melanoma»?

Grato.

Deusdete Neris de Sousa Júnior Estagiário Graduando em Engenharia Industrial Belém, Brasil 2K

Conquanto não pertença ao paradigma verbal normativo, o particípio presente segue em uso regular na fala e escrita, em neologismos espontâneos, geralmente com final -ante, inclusive com função verbal.

No entanto, para verbos cuja vogal temática é o i, concorrem as possibilidades -iente e -inte. Portanto, qual alternativa seria a mais adequada?:

«Todos os "saintes" devem deixar o crachá à mesa.»

«Todos os "saientes" devem deixar o crachá à mesa.»

«Todos os "salientes" (forma latina) devem deixar o crachá à mesa.»

Quais as regras aplicáveis a essa classe de adjetivos de base verbal da língua portuguesa?

Maria Zita Martins Sequeira Professora Agualva-Cacém, Portugal 7K

Gostaria de saber qual o motivo que leva a que raramente veja exemplos de orações coordenadas explicativas introduzidas por porque.

Tenho-me deparado sempre com exemplos onde consta pois. Por outro lado, também raramente vejo exemplos de orações subordinadas causais introduzidas por pois.

Em conversa com colegas, dizem-me «Os miúdos não as sabem distinguir se utilizarmos para os dois exemplos». Ora, sabendo nós que cada vez mais os alunos têm dificuldade em interpretar, creio que seria conveniente, desde cedo, fazê-los contactar com as diferentes hipóteses. Isto é como o falar/o oral. Cada vez mais ouço (inclusive a professores) «Eu já "falei" isso», «Eu dei "a ele"».

Acredito que, se não utilizarmos as palavras, no contexto correto, qualquer dia deixamos de ter esta maravilhosa (consciente de que também difícil) língua que é o português.

Cristiano Fernandes Tradutor Espanha 2K

Tenho visto inúmeros casos em que é utilizado o tempo verbal 2.ª pessoa do singular do futuro do conjuntivo ou 2.ª pessoa do singular do infinitivo flexionado, como no  exemplo:

«Vais ficar a saber como podes utilizar a plataforma para compreenderes melhor o teu público e atingires os teus objetivos.»

Esta utilização é correcta? Parece que torna o leitor numa criança.

Não seria mais correcto:«Vais ficar a saber como podes utilizar a plataforma para compreender melhor o teu público e atingir os teus objetivos»?

Obrigado!

Paulo Manuel Sendim Aires Pereira Engenheiro Costa Rica MS, Brasil 11K

Sei que existem as locuções conjuncionais «antes que» e «depois que».

Pretendo saber se também é correto usar para o mesmo efeito as expressões «antes de que» e «depois de que» usando uma construção análoga à de «para além de que». Tinha para mim que era possível dizer «depois de que» mas não «antes de que». Achei no entanto um pouco arbitrário.

Procurei em várias gramáticas e não vi nada de conclusivo. Também só encontrei algumas referências tangenciais no Ciberdúvidas, que não me deram a certeza. Deste modo, decidi verificar a ocorrência das expressões no ReversoContext e encontrei centenas de ocorrências.

Essas expressões são de fato gramaticalmente aceitáveis?

Paulo Pomar Por conta de outrem Porto, Portugal 2K

A minha questão tem a ver com a utilização do hífen na grafia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, ou seja, com as regras aplicáveis na vigência do acordo de 1945, ou decorrentes do mesmo ou porque já existiam anteriormente.

Sei que o prefixo semi, escrito com esta grafia só era precedido de hífen se as palavras principiais começassem por h, i, r ou s. E quanto ao prefixo tele?

Com o acordo de 1990, nos últimos dois casos não existe hífen, e o r e o s são dobrados. Mas como era anteriormente? Aplicam-se as regras do prefixo semi? Um texto que não segue o acordo deve escrever, por exemplo "tele-radiestesia" e "tele-receptor"?

Já encontrei vários artigos vossos, mas todos eles se centravam na perspectiva do acordo de 1990. 

Obrigado.

David Pretti Estudante Chihuahua 958

Como pronome interrogativo e sujeito, quem exige sempre um verbo ao singular, ainda que se refira a uma pluralidade (já que pode significar neste caso «que pessoa/que pessoas»), ou esta restrição só se aplica no sentido relativo do pronome?

Por exemplo, no espanhol poderia haver uma frase qual:

¿Quiénes golpean la puerta?

Mas no português, seria possível dizer: «Quem "batem" à porta?» («Que pessoas batem a porta?») ou seria obrigatório estar o verbo no singular («Quem bate à porta?») e então tereremos de entender que se refere a uma pluralidade só pelo contexto?

Muito obrigado pela sua atenção. E está bem se me der uma fonte para ler para que não tinha de escrever demais.