Estudo Comunicação Social e na disciplina de Português tive a oportunidade primeira de repensar os conceitos vinculados à língua. Enxergá-la como identidade nacional parece-me evidente, contudo, o estudo sociolingüístico abriu meus olhos quanto aos preconceitos ligados a ela.
Depois de ter lido Marcos Bagno e Mario A. Perini, devo preparar um seminário relacionando as gramáticas normativas e descritivas. Mas, após tomar ciência da heterogeneidade e dinamismo da língua, como posso pensá-la segundo normas?
Li Osvaldo de Carvalho, quando esse rebateu a teoria de Bagno dizendo-lhe a importância de uma gramática normativa vinculada à norma "culta" para impor limites e, ao mesmo tempo, permitir a liberdade individual sem interferir na identidade coletiva. Fiquei estática. Realmente descrever uma gramática parece-me ilógico, uma vez que a gramática descritiva em circulação torna-se, automaticamente, normativa!
Entretanto, as proposições de Perini quanto às irregularidades e incoerências da Língua Portuguesa de algum modo surtem maior confiança, uma argumentação mais palpável. Bagno é um ingênuo ao querer descrever toda a gramática brasileira e assumir uma identidade nacional que "já existe"? Ou será que Olavo está certo em manter uma ordem, um raciocínio em tópicos, segundo o português de Portugal?
Imagino que este debate vai longe, mas preciso com certa urgência de uma orientação e como vocês parecem-me ideais para tal (especialmente porque são lusitanos e dão importância aos "erros") aguardo resposta ansiosamente!
Abraços.
Sou dos Estados Unidos, onde estudo português. Li um artigo com dados do IBGE que falava da população brasileira. Neste texto, dizia-se que os imigrantes japoneses fazem o "caminho de volta". Que significa?
Muito obrigada.
Precisava de saber qual o plural de curto-circuito. (Curto-circuitos oucurtos-circuitos?)
Para simplificar o texto em vez de dizer xxxx com curto-circuito a xxx, posso dizer xxxx curto-circuitado a xxxx (ou diz-se curti-circuitado?)
Obrigada pelo esclarecimento!
Como brasileiro, jamais diria “acedo uma página”. Pelo que entendi, “aceder” significa “ter acesso a” e, portanto, é sinônimo ou variante de “acessar”. Eu me sinto à vontade para utilizar o vocábulo que mais me agrada, que me soa melhor. Mas dizer que “acessar” é feio, que é um “mamarracho inqualificável”, é infelizmente subestimar a riqueza de vocabulário da língua portuguesa. Fico até mesmo triste quando um português diz que “acessar” é um “mamarracho”, quando a palavra “mamarracho” não passa de um castelhanismo. Antes se defendam palavras de variantes da língua portuguesa, do que se legitime o uso de estrangeirismos, quando não sejam necessários. Acho também lamentável que não tenha havido por parte dos países de língua portuguesa um esforço efetivo para unificação de termos técnicos, o que na área de informática teria boas chances de sucesso. Em vez de estabelecermos um vocabulário comum (o que talvez tivesse sido possível há uns vinte anos atrás), ficamos então assumindo as influências que recebemos de outras línguas e justificando o seu uso na língua portuguesa. Vejam por exemplo o caso do “ficheiro português” e do “arquivo brasileiro” que se explica através do “fichier” e do “archive”. Voltando para o “aceder” (accéder, accedere) e o “acessar”, quero somente lembrar que “acessão” se encontra em vários artigos do Código Civil Português, confiram o Art. 1325.°, “dá-se a acessão, quando com a coisa que é propriedade de alguém se une e incorpora outra coisa que lhe não pertencia”, apesar de que dizemos como vocês dizem, “local de acesso”. Por curiosidade, enquanto escrevo esta mensagem, reparei na “vossa” página a que “acessei”, o termo “local de acesso”, e isto me agrada, é um termo comum à nossa língua.
No programa 'Falar Português' da RTP1, indicaram como correcta a expressão «Duzentos gramas».
As unidades têm plural? O correcto não é «Duzentos grama»?
Obrigada pela atenção.
Na sequência de uma pergunta feita por uma professora, foi-lhe respondido que a oração «O João gosta de manga» é principal ou coordenante; ora aprendi que não podia ser principal, pois não há uma relação de dependência entre elas e também não pode ser coordenante, visto que o termo não existe, pelo menos nos dicionários que consultei.
Há uns tempos atrás, fiz essa mesma pergunta, tendo-me sido respondido que se poderia chamar-lhe coordenada inicial. Por outro lado, eu penso que lhe podemos atribuir o mesmo nome da segunda oração, como neste caso bem evidente: (ou) Estás calado ou sais.
Uma aluna do 1.° ciclo, a quem eu ajudava com os T.P.C., disse que a palavra Tobias, na frase «O Tobias...», de acordo com a sua professora, era um nome proprio, masculino, plural.
Gostaria de saber se agora se classificam os nomes próprios também quanto ao género e numero e se so porque a palavra tem um "s" ja é plural, como disse a menina.
Sou um galego que estuda português. Tenho uma dúvida: a etimologia da palavra "baiuca", agora muito utilizada na Galiza como sinónimo de taberna, bodega ou mesmo loja de bebidas. Desconheço a origem da palavra, mas acho que vem do castelhano "bayuca", com o mesmo significado.
Obrigado pela resposta, e saúdo-vos desde a Galiza.
Quais são as palavras mais usadas na língua portuguesa? Onde poderei ter essa informação?
PS – Parabéns pelo óptimo trabalho!
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