As suas perguntas só podem, prezada consulente, ser consideradas como retóricas, o que, convenhamos, me coloca um problema. Se as perguntas não pressupõem resposta, o que posso responder?
Aproveito, no entanto, para tecer algumas considerações. Também eu sou professora do ensino básico e do secundário e também eu tenho acompanhado crianças do primeiro ciclo, mais regularmente os meus filhos.
Sei, pois, que a forma como os jovens percepcionam o que se lhes ensina nem sempre se aproxima do que, de facto, se lhes ensina. Recordo a exigência dos meus filhos que queriam uma receita genérica que respondesse a todas as situações e recordo também a facilidade com que assumiam como regra geral qualquer nova aprendizagem, por mais particular que fosse. Até mesmo no ensino secundário a tendência de muitos jovens para a generalização é, por vezes, exasperante.
Por outro lado, um exercício que sempre me tem parecido enriquecedor é o de comparar aquilo que ensino numa aula com aquilo que os alunos aprendem nessa mesma aula. Para isso costumo, em determinado momento, pedir os cadernos aos alunos – sem aviso prévio para não virem todos iguais, copiados pelo do aluno (normalmente aluna) mais organizado da turma. E comparo as afirmações que fiz nos últimos dias, os apontamentos que escrevi no quadro e a forma como os relacionei com o que os alunos registaram no caderno. Sabe que muitas vezes o que encontro é exactamente o contrário do que quis transmitir?
Dito isto, faço uma pergunta: viu, entregue pela professora, algum conjunto de regras que integre os casos que enumera? Se viu, então a situação é grave e merece uma intervenção que, sabe tão bem como eu, não passa pelo Ciberdúvidas.
Gostaria ainda de referir um último aspecto. Não é habitual classificar os nomes próprios quanto à flexão. Um nome próprio é, por definição, único e apresenta-se num só género e num só número. Mas é norma da Língua Portuguesa escrevê-los com a letra inicial maiúscula, tal como é de regra colocar acento gráfico em todas as palavras esdrúxulas, grupo no qual se incluem, básico, secundário, próprio (a possibilidade de -(pr)io formar um ditongo e não duas sílabas não é tida em consideração para efeitos de acentuação) e número. Do mesmo modo têm acento gráfico os monossílabos de vogal aberta, como só e já, e apresentam til os ditongos nasais como o que ocorre em João. Tal como há uma norma para a abreviação dos números.