Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Julian Alves Estudante Nápoles, Itália 636

Eu gostaria de tocar mais uma vez num assunto que já foi tratado cá no Ciberdúvidas, porém as respostas ainda não me satisfizeram. No dia 8 de outubro de 2024, quanto à minha pergunta em torno da frase “Bons olhos o vejam” e quanto à sua colocação pronominal enclítica, vós me respondestes o seguinte:

«Quanto à colocação do clítico, a próclise (colocação antes do verbo) ocorre porque a frase é optativa/exclamativa. Quando a frase inclui uma palavra exclamativa ou a própria frase tem uma natureza exclamativa, esses fatores geram próclise.»

De tal resposta se conclui que não seria possível construções como essas: «Vejam-no bons olhos» e «Bons olhos vejam-no».

Entretanto, recentemente, ao tratar do uso do infinitivo pessoal no seu Dicionário de Questões Vernáculas, Napoleão Mendes de Almeida traz a seguinte frase: «Perdoe-te o céu o haveres-me enganado», isso que me fez questionar se há realmente possibilidade de usar a ênclise em orações subjuntivas independentes sem a conjunção que, quando o verbo é o vocábulo que inicia a oração, como a frase : «Perdoe-te o céu o haveres-me enganado.»

O que vós dizeis sobre isso?

Desde já, muito obrigado.

Diogo Maria Pessoa Jorge Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 720

Dizemos «Essas atitudes raiam o excesso» ou «Essas atitudes raiam ao excesso»?

Obrigado.

Luísa Rapoula Professora Lisboa, Portugal 843

Na frase «Submetendo-os a uma regra», qual a função sintática de «a uma regra»?

Complemento oblíquo ou complemento indireto? O verbo seleciona complemento indireto quando se encontra na forma reflexa, como em «Ele submeteu-se-lhe», mas não me parece que, neste contexto, a expressão iniciada por preposição seja complemento indireto, já que não seria aceitável a formulação «Submetendo-lhos».

Agradeço antecipadamente a vossa resposta.

Rodrigo B. Landucci Estudante São Paulo, Brasil 757

Hipoteticamente, uma pessoa oferece uma quantia indeterminada para outra. Esta, querendo duzentos reais, deve dizer «Poderiam ser duzentos reais?

Ou «poderia ser duzentos reais»?

Obrigado.

Vicente Azevedo de Arruda Sampaio Professor São João da Boa Vista, Brasil 568

É obrigatório ou facultativo o uso de se em construção como: «fácil de (se) fazer»?

Mais precisamente, pergunto se não é obrigatório o uso de se na frase

«Tomado pela preocupação com a doença, sua vida não seria apenas impossível, mas sobretudo indigna de viver.»

Se for possível, peço referencias bibliográficas para a fundamentação da resposta.

De antemão, muito obrigado.

Kilwanji Duarte Revisor de textos Mato Grosso do Sul, Brasil 1K

Gostaria de saber qual é a explicação morfossintática das estruturas (entre as aspas) nas seguintes frases:

«É de lembrar que» os alunos devem trazer o material escolar...

«Importa dizer que» os alunos tiveram a coragem de manifestar-se...

«Importante dizer que» os alunos tiveram a coragem de manifestar-se...

«É necessário realçar que» os alunos devem informar aos pais sobre o que aconteceu.

«Convém referir que» a polícia continua a investigar o caso.

«Faz-se mister que» o pedido seja logo atendido.

Desde já, muito obrigado!

Rafael Lintz Estudante São Paulo, Brasil 693

Na frase «A médica me disse que o horário das 15:00 lhe é melhor que o das 16:00», o uso do lhe é gramaticalmente correto?

Já ouvi falar do caso em que o lhe pode acompanhar um verbo de ligação para agregar significado a um adjetivo, como em «A ferramenta lhe é útil».

O adjetivo melhor também aceita que tenha sentido agregado pelo lhe?

Ou o correto seria, no contexto da primeira frase, «A médica me disse que o horário das 15:00 é melhor para ela que o das 16:00»?

Obrigado!

Douglas Silva Servidor público Rio de Janeiro, Brasil 670

 Qual seria a correta classificação da estrutura destacada a seguir?

«O incidente ocorreu quando o jovem, acompanhado de amigos após uma partida futebol, estava pagando suas compras no caixa.»

A princípio, pensei que se tratasse de uma subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio; contudo, verificando a obra Novas Lições de Análise Sintática, de Adriano Gama Kury, notei que o autor repele absolutamente essa classificação.

Desde já meu agradecimento.

Vinícyus Barros Revisor Brasília, Brasil 573

Sabemos que o aposto tem natureza substantiva e se refere a outro substantivo, certo?

Mas tenho uma dúvida: pode haver uma construção apositiva para se referir a um adjetivo, por exemplo?

Ex.: «O etanol é límpido, atributo fundamental deste combustível.»

Neste caso, ainda existe aposto?

Obrigado!

Maria Silva Estudante Portugal 590

Devo felicitar-vos pelo excelente trabalho que têm vindo a fazer!

Tenho uma dúvida no que diz respeito ao complemento do nome referente ao nome retrato nos contextos seguintes:

1. O retrato da tua filha está perfeito.

2. O retrato que o artista elaborou está exposto na galeria.

Na frase 1, foi indicado que «da tua filha» seria um complemento do nome. Percebi a análise, visto que o nome retrato pode ser entendido como denotando uma representação visual ou gráfica e, ao retirar «da tua filha», o sentido referencial de retrato seria impreciso.

Contudo, na frase 2, a expressão «que o artista elaborou» foi considerada como modificador do nome restritivo. Sei que é uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva e sei que estas costumam ter a função sintática de modificador do nome restritivo. Todavia, o sentido referencial de retrato não ficaria impreciso se esta fosse retirada, dado que é um modificador? Se a frase fosse «O retrato da tua filha que o artista elaborou está exposto na galeria», entenderia muito melhor a análise... Que justificação pode ser dada para se considerar ambas as análises sintáticas corretas?

Posso inferir que, não importando o contexto, se aparecer uma oração subordinada adjetiva relativa, esta terá sempre, sem exceção, a função sintática de modificador do nome, mesmo que eu saiba que o nome possa exigir um complemento do nome (como alguns nomes deverbais: «A oferta da casa foi feita ao casal» vs. «A oferta que o casal recebeu foi uma casa»?

Obrigada pela vossa atenção!