É unânime nas gramáticas a existência dum termo sintático* chamado «objeto direto preposicionado», que nada mais é do que um objeto direto introduzido por uma preposição (empregada ora pelo próprio uso culto que se faz da língua, ora por razões estilísticas). Importante: a preposição que enceta o «objeto direto preposicionado» NÃO é exigida pelo verbo, que continua sendo transitivo direto.
É esse o caso do exemplo trazido pelo consulente: o verbo controlar é transitivo direto e o termo «a mim» é o seu objeto direto (preposicionado).
Quanto às demais frases com o objeto direto preposicionado deslocado, a vírgula é facultativa. Logo, está igualmente correto escrever «A mim ninguém controla» ou «A mim, ninguém controla» (o mesmo vale para os outros dois exemplos: «A mim ninguém me controla» ou «A mim, ninguém me controla»).
Aproveita-se o ensejo para esclarecer que essas duas últimas frases apresentam um objeto direto simultaneamente preposicionado e pleonástico: ou seja, o me funciona como objeto direto e o «a mim» funciona como objeto direto preposicionado e pleonástico.
Quem explica isso é o linguista Castelar de Carvalho em seu belo livro intitulado Dicionário de Machado de Assis: língua, estilo, temas, neste trecho:
«Objeto direto preposicionado e pleonástico
Neste caso, o objeto direto preposicionado retoma o pronome oblíquo antecedente, este na função de objeto direto, como se vê nos exemplos a seguir destacados em itálico. Trata-se de um recurso de estilística sintática que visa a enfatizar a figura do objeto direto.
"Algumas pessoas começaram a mofar do Rubião e da singular incumbência de guardar um cão em vez de ser o cão que o guardasse a ele." (QB, IX).
"Aqui os tenho aos dois bem casados de outrora." (DC, VII).
"Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu jurava matá-los a ambos." (DC, CXXXII).
"Parece que os libertos vão ficar tristes, sabendo que ela [Fidélia] transfere a fazenda, pediram-lhe que não, que a não vendesse, ou que os trouxesse a todos consigo." (MA, 10/8/1888).»
Sempre às ordens!
* Visto que o consulente é do Brasil, usou-se a nomenclatura gramatical tradicional brasileira.