Existem mais de 10 casos de objeto direto preposicionado*, que é nada mais, nada menos do que um complemento de verbo transitivo direto introduzido por uma preposição não exigida pelo verbo – o emprego de preposição está relacionado à ênfase, à clareza ou à norma culta da língua.
Exemplos:
1. O dinheiro atrai a homens e a mulheres. (ênfase: a preposição é expletiva, pois realça o complemento verbal)
2. Ao homem venceu a mulher. (clareza: visa-se à identificação do sujeito, desfazendo-se a ambiguidade)
3. Não entendo nem a ele nem a ti. (norma culta: por via de regra, não se usa pronome reto na posição de objeto direto, pelo que se usa um pronome oblíquo tônico em substituição, o qual, por sua vezes, é obrigatoriamente preposicionado)
Há também outro caso bastante interessante: o objeto direto é constituído por expressões idiomáticas enfáticas (as preposições aqui são chamadas de posvérbios, termo cunhado por Antenor Nascentes para indicar que tais preposições não mudam a transitividade do verbo, mas atribuem um matiz de sentido ao contexto, tornando a frase mais expressiva): «fazer com que ele estude», «puxar da faca», «arrancar da espada», «sacar do revólver», «pedir por socorro», «pegar pelo braço», «cumprir com o dever»; «beber da água», «comer do pão», «dar do leite» (essas preposições indicam parte de um todo).
Voltando aos três exemplos supracitados, note que os verbos são transitivos diretos (atrair, vencer, entender). A preposição, não exigida pelos verbos, é empregada por razões diferentes.
No caso trazido pelo consulente («Ouvir a todos»), a preposição a, por ser expletiva, imprime ênfase antes do pronome indefinido todos. Sendo assim, comum na norma culta do português, o termo «a todos» é um objeto direto preposicionado.
Sempre às ordens!
* Por ser brasileiro o consulente, usou-se a nomenclatura gramatical brasileira.