DÚVIDAS

Vírgulas e modificadores apositivos
Antes de mais, parabéns pelo excelente trabalho realizado neste portal. A minha questão é sobre a utilização da vírgula numa situação em específico. Em diversos textos jornalísticos, tenho visto que a vírgula é colocada entre a função de determinada personalidade e o seu nome (exemplo: «Em comunicado, o diretor da Casa-Memória de Camões, António Coelho, refere que...»). No entanto, já tive professores que me indicaram que a vírgula não deveria ser colocada nestes casos, até porque tinha um valor de restrição (ficando «... o diretor da Casa-Memória de Camões António Coelho refere que...») . Os mesmos professores indicaram, no entanto, que a vírgula deveria ser colocada quando as posições se invertem, isto é, quando surge em primeiro lugar o nome da personalidade e depois a função. Desta forma, a função ganha valor de explicação (exemplo: «Em comunicado, António Coelho, diretor da Casa-Memória de Camões»). Solicitava uma clarificação sobre este assunto e qual a forma correta de utilização da vírgula. Obrigado.
A vírgula e as expressões religiosas «ave, Maria» e «salve, Rainha»
Na conhecida oração ave-maria, uma saudação à Virgem Maria, não deveria o vocativo Maria estar separado por vírgula («Ave, Maria, cheia de graça! O Senhor é convosco…», em vez de «Ave Maria, cheia de graça…», como aparece em todos os textos? O mesmo se poderia perguntar em relação àquela outra oração católica salve-rainha: «Salve, Rainha, Mãe de misericórdia…», e não, como vemos sempre, «Salve Rainha, Mãe de misericórdia…». Sabendo nós que os imperativos latinos ave e salve se tornaram interjeições de saudação em português («Viva, Maria!», «Olá, Maria!»), poderemos considerar que a falta de vírgula nos textos das orações ave-maria e salve-rainha se enquadra no chamado «consagrado pelo uso»? Como neste interessante artigo [de Gonçalo Neves], do Ciberdúvidas se refere, «é frequentemente citada (e até se encontra numa aventura de Astérix...) a frase com que os gladiadores, já na arena, saudavam o imperador antes de entrarem em combate: "Ave, Cæsar, morituri te salutant." É curioso notar que o tradutor Paulo Rónai se serviu de salve para traduzir este ave: "Salve, imperador, os que vão morrer saúdam-te..."» É interessante notar que o dicionário em linha Infopédia regista o seguinte, devidamente virgulado: «do latim eclesiástico Ave, Maria, «ave, Maria!»” Muito obrigado.
Assimptota/assintota vs. assímptota/assíntota
Parece-me que a grafia da palavra em epígrafe, desde há muitos anos, nunca foi consensual: – o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa de 1940 regista assimptota (sem acento agudo); – o de 1945, da mesma forma; – o [Vocabulário Ortográfico Atualizado da Língua Portuguesa] de 2012  regista assintota (também sem acento agudo). – O Grande Dicionário da Língua Portuguesa, coordenado por José Pedro Machado, regista assíntota. – O dicionário da Porto Editora, de 2010, acordizado, regista assímptota (AO)/assimptota (AO) e assíntota (dAO)/assintota (dAO). – Também, o dicionário da Texto Editora (1995), já acordista, regista assíntota. – O Vocabulário da Língua Portuguesa (Porto Editora 2010), acordizado, regista assimptota (sem acento agudo). Nas referências bibliográficas, fico-me por um etc. Assim, a minha dúvida é: como deverei escrever a palavra em causa, antes e depois do Acordo 1990? Justifico a dualidade pelo facto de não aceitar o AO90, mas tenho] netas, às quais presto auxílio, que estão, curricularmente vinculadas ao actual Acordo Ortográfico (assímptota/assíntota/assintota é vocábulo muito usado em Matemática, no estudo de funções e seus gráficos.) De qualquer modo, tenho dificuldade (dificuldade de constrangimento) em pronunciar como palavra grave; soa-me ridículo! Agradecendo a Vossa sempre douta e gentil resposta, apresento melhores cumprimentos.
Ainda sobre a pronúncia do apelido Félix
Li o comentário sobre a forma como deve ser pronunciado o apelido Félix, onde se refere ser mais correcto ¹ pronunciar-se ''Félicse", e não Félixe", como é prática do próprio. É "errado" dizer-se da forma como ele (o futebolista João Félix – e respectiva família) o faz, é mais correcto pronunciar como "Félixe", ou são ambas aceites devendo, como tal, escolher-se na pronúncia por jornalista a praticada pelo próprio? ¹ Não uso o Acordo Ortográfico  em escrita pessoal. Apenas quando sou obrigado a isso. Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa