É muito pertinente a observação que faz porque, por um lado, por norma, os nomes e seus complementos não se separam por vírgula, como se observa nos exemplos seguintes:
(1) «O pai da Rita»
(2) «A fotografia dos alunos»
Por outro lado, como nos dizem Cunha e Cintra, os constituintes com valor explicativo são isolados por vírgula (cf. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p. 645).
Ora, não obstante, é possível construir frases como (3), na qual a oração relativa tem a função de explicar, destacando e recordando entre vírgulas, quem é o autor da obra:
(3) «Os Lusíadas, que são de Luís de Camões, são uma obra do século XVI.»
É evidente que a explicação presente na frase é de natureza retórica, mas não o será noutras situações de obras ou autores menos conhecidos.
Nesta linha de pensamentos, é também aceitável que se use a vírgula na frase apresentada em (4):
(4) «Os Lusíadas, de Luís de Camões, são uma obra do século XVI.»
Nesta frase não se explora uma relação sintático-semântica entre um nome e o constituinte que o completa, mas destaca-se a autoria da obra por meio de um constituinte que é introduzido na frase com um valor explicativo.
Assim sendo, no caso apresentado pelo consulente, é possível o uso da vírgula. Há mesmo autores que o consideram de regra. É o caso de Figueiredo e Figueiredo, que afirmam que a vírgula é obrigatória com «nomes de autores, quando vão pospostos ao título da obra, do artigo1» (Prontuário Actual da Língua Portuguesa. Edições ASA, p. 267).
Disponha sempre!
1. As autoras referem-se a textos publicados na imprensa ou a artigos científicos.