O nome latino Ammaia tem aportuguesamento: Amaia[1].
Não são claras as razões por que se usa a forma latina, e, portanto, não é aqui possível confirmar a explicação que o consulente propõe. Contudo, outra razão plausível será também o apelo turístico que um nome latino pode ter, apesar de o caso de Conímbriga, aportuguesamento do latim Conimbriga, constituir contraexemplo de uso corrente (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa). Note-se, ainda assim, que também ocorre Amaia, como acontece em casos de escrita académica (sublinhado nosso):
(1) «Reconhece-se hoje como seguro que a mais antiga referência escrita relacionada com Marvão é a crónica de Isa Ibn Áhmad ar-Rázi, datável do século X, onde se lê: ... o Monte de Amaia, conhecido hoje por Amaia de Ibn Maruán é um monte alto e inexpugnável [...].» (Jorge de Oliveira, "A fortificação de Marvão, origens e contexto", O Pelourinho – Boletín de Relaciones Transfronterizas, n.º 17 (2.ª época), Deputación de Badajoz, 2013, p. 84)
Acrescente-se que as ruínas desta antiga cidade da Lusitânia romana se situam na atual freguesia de São Salvador de Aramenha, no concelho de Marvão (Portalegre). Sobre as origens do nome documentado na época romana, Ammaia, pouco ou nada se sabe: José Pedro Machado, no seu Dicionário Onomástico Etimológico propõe que o topónimo – que ele regista sob a forma Ammaea – seja formado pelos elementos de origem céltica am(b) («ribeiro, fonte») e maen («pedra»), mas a falta de vestígios de um conjunto toponímico claramente céltico na região de Portalegre leva a considerar que tal hipótese tem base meramente especulativa.
[1 N.E. – Em Portugal, é possível escrever dois mm, mas em muito poucos casos casos; p. ex.: comummente, ruimmente. Contudo, ao contrário do casos de Ammaia, em que mm representa um consoante dobrada (longa ou tensa), os mm de commumente formam a sequência de um sinal de nasalidade vocálica (o m de comum) e de uma consoante nasal (o m de -mente). Cf. Rebelo Gonçalves, Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Coimbra, Atlântida – Livraria Editora, 1947, p. 75, 126 e 406. No Brasil, escreve-se comumente, só com um m (ver Commumente vs. comumente).]