Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Uso e norma
Alberto Rodrigues Designer gráfico Trofa, Portugal 1K

Tenho vindo a notar que em muitas embalagens e placas informativas, principalmente no ramo da alimentação, têm vindo a usar muito o singular das palavras, como por exemplo: «tarte de noz.». Esta seria talvez, confecionada com mais do que apenas uma noz.

Qual seria o mais correto: «tarte de noz» ou tarte de nozes» ou «tarte com aroma a noz»? Porque temos uma outra situação relacionada com os sabores e aromas.

Normalmente dizemos: «bolo de laranja», «bolo de maçã», «bolo de banana», e por aí além, mas existe alguma regra no que diz respeito às quantidades, para definir se o nome é no singular ou no plural?

Obrigado.

Antero Ferreira Designer e professor universitário Porto, Portugal 1K

O termo lineatura (resolução da trama de impressão) existe e é usado pelo meio referido. No entanto não encontro o termo nos principais dicionários, apenas usado em literatura especializada.

O que vos oferece dizer sobre esta questão, existe? Deve-se usar? De que forma (entre aspas), etc.?

Desde já muito grato.

Pedro Graça Professor Portugal 1K

Como se deve escrever o nome da constelação? "Orion" ou "Orionte"?

Laércio Becker Funcionário público Curitiba, Brasil 2K

A ambiguidade da palavra também pode ser explicada sintaticamente?

Partamos da frase: «João foi ao jogo.»

Nela, podemos incluir a palavra “também” com dois sentidos distintos:

1) Também João foi ao jogo = [além de José,] também João foi ao jogo

2) João foi ao jogo, também = João foi [à festa e] ao jogo, também

Sem contar opções mais ambíguas (quanto mais próximo ao verbo, maior a ambiguidade):

3) João também foi ao jogo – mais próxima ao exemplo 1, mas pode gerar ambiguidade

4) João foi também ao jogo – mais próxima ao exemplo 2, mas pode gerar ambiguidade

Todas as gramáticas e dicionários classificam o também como advérbio e adjunto adverbial «de adição» ou «de inclusão». Contudo, é interessante notar que:

a) no exemplo 1, o também adiciona uma informação ao sujeito;

b) no exemplo 2, o também adiciona uma informação ao objeto indireto.

Fenômeno análogo ocorre com o advérbio , embora com diferenças, p.ex.:

1) Só João vai ao jogo = e ninguém mais vai com ele = referente ao sujeito => inequívoco;

2) João só vai ao jogo = (não faz mais nada = referente ao verbo) OU (não vai a mais nenhum lugar = referente ao objeto);

3) João vai só ao jogo = (não vai a mais nenhum lugar = referente ao objeto) OU (vai sozinho = adjetivo);

4) João vai ao jogo, só = (só isso acontece) OU (foi sozinho = adjetivo).

No entanto, no exemplo citado, o fenômeno não acontece com outros advérbios, como sempre e nunca:

– Sempre/nunca João vai ao jogo = João sempre/nunca vai ao jogo = João vai ao jogo, sempre/nunca = é o que ele sempre/nunca faz.

A variedade de sentidos aumenta em frase que usa verbo bitransitivo. P.ex., com também:

1) Também João deu um presente a Maria = outra pessoa também deu = referente ao sujeito;

2) João também deu um presente a Maria = João também fez outras coisas, além de dar um presente = referente ao verbo;

3) João deu também um presente a Maria = João também deu outras coisas, como um abraço = referente ao objeto direto;

4) João deu um presente também a Maria = João deu também a outra pessoa = referente ao objeto indireto;

5) João deu um presente a Maria, também = ambiguidade.

Com :

1) Só João deu um presente a Maria = ninguém mais deu = referente ao sujeito;

2) João só deu um presente a Maria = João só fez isso = referente ao verbo;

3) João deu só um presente a Maria = João deu só um, não dois presentes = referente ao objeto direto;

4) João deu um presente só a Maria = João deu só a Maria, a ninguém mais = referente ao objeto indireto;

5) João deu um presente a Maria, só = forma incomum, truncada

Já com sempre e nunca, o significado antes invariável apresenta agora sutis variações.

Comecemos com o sempre:

1) Sempre João dá um presente a Maria = ambiguidade (sempre ele ou segue o sentido 2);

2) João sempre dá um presente a Maria = sempre faz a mesma coisa = referente ao verbo;

3) João dá sempre um presente a Maria = nunca dá outra coisa = referente ao objeto direto;

4) João dá um presente sempre a Maria = nunca a outra pessoa = referente ao objeto indireto;

5) João dá um presente a Maria, sempre = ambiguidade (segue 2 ou 4).

Agora com nunca:

1) Nunca João dá um presente a Maria = ambiguidade (segue 2 ou, incomum, nunca ele);

2) João nunca dá um presente a Maria = nunca faz isso = referente ao verbo;

3) João [não] dá nunca um presente a Maria = sem o acréscimo do “não” é incomum, com o “não” segue 2;

4) João [não] dá um presente nunca a Maria = incomum, segue 3;

5) João [não] dá um presente a Maria, nunca = segue 3

Apesar disso tudo, continuam todos sendo adjuntos adverbiais (exceto o , que numa das frases acima é adjetivo, como indiquei).

Há alguma explicação sintática para a mudança de sentido conforme sua colocação na frase?

Muito obrigado pela atenção.

Diogo Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 8K

Uma pergunta genérica clássica, mas para a qual não sei uma resposta ao caso concreto: «cedo de mais» ou «cedo demais»? Inclino-me para o segundo caso, por «demais» poder estar a intensificar «cedo», mas não tenho a certeza.

Diogo Morais Barbosa Revisor Lisboa, Portugal 3K

Escreve-se «um não-sei-quê». Também se deveria escrever «o não-sei-quantos», com hífenes?

Obrigado.

João Sequeira Técnico Superior Açores, Portugal 1K

A palavra correta a se utilizar é "bovinicultura" ou "bovinocultura"?

Obrigado.

Sara José Santos Calisto Professora Barreiro, Portugal 1K

«Amor de Perdição foi uma superprodução, com orçamento que hoje alcançaria cerca de um milhão de euros. Musicalmente, é evidência de uma rápida evolução. "Ficamos com a ideia de que ao terceiro filme o Armando Leça descobre como funciona a narrativa no cinema", diz Manuel Deniz Silva.»

A oração introduzida por como – «como funciona a narrativa no cinema» – como se classifica?

Sónia Ho Estudante Macau, China 33K

Gostaria de saber, caso existam, algumas diferenças entre as duas locuções adverbiais de tempo «de tarde» e «à tarde».

Será que «de tarde» não pode iniciar uma frase enquanto «à tarde» pode?

Obrigada!

Sónia Ho Estudante Macau, China 4K

Gostaria de saber qual é a diferença entre «cerca de» e «por volta de», que me parecem idênticos. Seria melhor se colocasse alguns exemplos.

Obrigada!