Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: História da língua
Marcos Helena Estudante Lisboa, Portugal 8K

Estava a ler Viagens na minha Terra, de Almeida Garrett, quando me deparo com o seguinte passo (capítulo XXI): «Oh! que imagem eram esses dois [Carlos e Joaninha], no meio daquele vale nu e aberto, à luz das estrelas cintilantes, entre duas linhas de vultos negros [constitucionalistas e realistas], aqui e ali dispersos e luzindo acaso do transiente reflexo que fazia brilhar uma baioneta, um fuzil...» A minha dúvida parte da surpresa que experienciei ao descobrir a palavra transiente, que tinha por inexistente à sombra de transeunte... A etimologia parece-me fácil de remontar: particípio presente do verbo latino transeo, -is, -ire, -i(v)i, -itum («atravessar, ir além de»). O que me espanta é o facto de se haver preservado os dois radicais, quando [o bulício próprio] à língua portuguesa apontariam apenas para a vitória triunfal da forma acusativa transeunte – possivelmente a única que se atesta como nome. Esconde-se aqui alguma outra razão que não esteja a reflectir o seu brilho?

Agradecido.

P. S. – Aproveito para agradecer ao consultor Gonçalo Neves pela sua amável solicitude em responder às questões de fundo clássico com a maior ciência e o maior detalhe. A que diz respeito à voz passiva é, sem dúvida alguma, soberba. A explicação, as citações... Muito agradecido.

Marcos Helena Estudante Lisboa, Portugal 16K

Gostava de saber se o processo foi análogo em português. Os antigos gramáticos já se tinham apercebido?

«De même, les formes de la conjugaison passive – forme suffixée amatur au présent et périphrastique amatus est au parfait – ayant été ressenties comme insuffisamment marquées temporellement, ont fait l'objet d'une régularisation qui se perpétue en français : création de amatus fuit (d'où fr. il fut aimé) pour remplacer amatus est, ce dernier se substituant à amatur (d'où fr. il est aimé)» (Ghislaine Viré, Le regard réflexif porté sur la langue latine).*

[Tradução do consultor Gonçalo Neves: «De igual maneira, as formas da conjugação passiva – forma sufixada amatur no presente e perifrástica amatus est no perfeito [do indicativo] – evidenciando uma marcação insuficiente do ponto de vista temporal, sofreram um processo de regularização, que se perpetuou em francês, com a criação de amatus fuit (donde il fut aimé em francês), para substituir amatus est, forma que ocupou o lugar de amatur (donde il est aimé em francês).»

Marcos Helena Estudante Lisboa, Portugal 19K

Dum ponto de vista semântico, o verbo português querer está para os verbos francês vouloir e latino velle, apesar de não estabelecer nenhuma relação etimológica com os dois últimos. A verdade é que querer há de vir de quaerere («perguntar, procurar»). Gostava que me esclarecessem a propósito desta deriva semântica: «perguntar/procurar» – «querer». Também indago se não se atesterá no português medieval qualquer vestígio resiliente de um verbo (suponhamos) "voler".

Agradecido.

Pedro Sousa Professor Leiria, Portugal 9K

Já fiz várias pesquisas, mas não encontrei resposta a estas questões.

Carga e carrega são palavras da mesma família? A segunda é uma palavra simples, ou complexa? Qual é o seu radical?

Obrigado.

Márcia Santos Professora Caxias do Sul, Brasil 9K

Qual a origem etimológica da palavra observar?

Ana Matos Arquiteta Porto, Portugal 7K

Parabéns pelo vosso trabalho.

Gostaria que me elucidassem sobre a origem etimológica da palavra fronteira e seus derivados.

Obrigada.

António Manuel Marques Lopes Reformado Leça do Balio, Portugal 4K

Gostaria de saber a origem do apelido Aiveca.

Samuel Tommy Desempregado Luanda, Angola 25K

Qual é a etimologia de família?

Amélia Pan Tradutora Macau, China 21K

Qual é a origem da expressão «de vão-de-escada»?

Obrigada!

João Carlos Amorim Reformado Lisboa, Portugal 12K

Gostava de saber a origem de águas-furtadas. Ou seja; a razão de se denominar água-furtada ao andar de uma casa com janelas para o telhado. Furtada(s) porquê?

Muito obrigado.