DÚVIDAS

A classe morfológica de um – II
Saúdo o regresso do nosso Ciberdúvidas. Ele faz falta a quem, diariamente, há anos, se lhe habituou à companhia. 1. Pequeno comentário à seguinte resposta vossa: «a palavra queijo, apesar de não ter uma concretização lexical na segunda oração, acaba por estar presente de forma subentendida: «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um [queijo].» — Logo, aquele segundo um seria artigo indefinido, como o primeiro. Não seguimos tal opinião. Os pronomes estão sempre em vez duma palavra que, ausente, poderia estar presente. Mas, porque o não estão, é que há pronomes. Se fosse válido este princípio do Ciber, desapareceriam os pronomes possessivos, demonstrativos e muitos indefinidos. E eles fazem falta ao estudo da frase. A análise categorial tem de ser capaz de atribuir categoria às palavras da frase — independentemente daquelas que lá poderiam estar. 2. Embora seja aceitável (?) a classificação daqueles um como determinantes artigos indefinidos, é minha opinião que se trata de dois quantificadores, sendo um adjectival e outro pronominal. «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um» [Fiquei com dois]. 3. Porque tenho muito respeito pelo trabalho dos colegas, só discordo se propuser uma alternativa. É o que faço agora: «Eu comprei um queijo...» — um: quantificador adjectival determinativo (numeral cardinal) «e tu ainda me deste um» — um: quantificador pronominal  (numeral cardinal). Justificação: Os quantificadores constituem uma categoria gramatical de cariz predominantemente semântico que, no entanto, lhes não cumula a função. Na realidade, eles desempenham uma função transversal a diversas categorias de palavras, e podem ser quantificadores adjectivais, pronominais e adverbiais.Na análise categorial, é nossa opinião que deveremos sempre referir a classe própria: quantificador, seguida da classificação categorial complementar. Foi o que fizemos na descrição proposta. Eu teria muito gosto em discutir esta análise com o Autor da resposta — eu não sou dono da Verdade! —  mas não é — não tem sido — esse o entendimento do Ciber, e só me resta aceitar.
Maiúsculas e minúsculas em abreviaturas
Prevê o novo acordo ortográfico, na sua Base XIX, 1, f), que «A letra minúscula inicial é usada nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena)». A questão prende-se com o uso de abreviaturas nestes casos, quer quando obrigatórios, quer quando opcionais. Devem também grafar-se em minúsculas?, de onde teremos: «sr. dr. Joaquim da Silva», «s. António», etc. Agradeço a atenção.
Sobre os neologismos sobrexpressar e subexpressar (em tradução)
Em linguagem científica é comum a falta de correspondência de termos estrangeiros (nomeadamente do inglês) para a língua portuguesa. Neste caso, a dúvida surge com as palavras overexpressed e underexpressed, que reflectem uma ideia de expressão anormalmente aumentada ou diminuída, respectivamente. Quais são as alternativas para o português?
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