A obra Antroponímia Portuguesa, do professor catedrático J. Leite de Vasconcellos (Lisboa, Imprensa Nacional, 1928), um livro de referência por se tratar de um «tratado comparativo da origem, significação, classificação e vida do conjunto de nomes próprios, sobrenomes e apelidos usados por nós desde a Idade-Média até hoje», não menciona o apelido Estrada.
No entanto, tal apelido encontra-se registado em duas outras obras específicas sobre os nomes portugueses, mas as suas informações sobre a origem do apelido Estrada não são coincidentes. Enquanto o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado (vol. II, Lisboa, Livros Horizonte, 2003) se limita a dizer que é uma «antiga alcunha, do substantivo feminino estrada», As Origens dos Apelidos das Famílias Portuguesas, de Manuel de Sousa (2001), remete Estrada para Duque de Estrada, sobre o qual nos fornece os seguintes esclarecimentos:
«Dizem-nos os genealogistas que esta família provém de Grimaldo, duque de Brabante, e Estralen, sobrinho de Carlos Martel, e que por desavenças com este se viu forçado a buscar refúgio na Península, aqui dando origem aos duques Estrada ou tão-somente Estrada, deturpação do seu nobilíssimo título de duque de Estralen. Tudo isto, porém, é de difícil comprovação. O que se sabe é que no reinado de D. Afonso V veio para Portugal João Estrada e, durante a ocupação filipina, o cardeal Alberto, arquiduque de Áustria, trouxe consigo João Duque Estrada, cavaleiro da cidade de Antuérpia. As suas armas são: escudo partido, sendo o primeiro de ouro, com uma águia estendida de negro, coroada do mesmo, e o segundo de azul, com três bandas de ouro carregadas de sete mosquetas de arminho, postas duas, três e duas. Timbre: a águia do escudo.»
Relativamente ao apelido Rei, é tratado por J. Leite de Vasconcellos, na obra acima citada, enquadrado no grupo dos «apelidos que nasceram de alcunhas alusivas à posição social», explicando a origem desse com as seguintes informações:
«Não é raro o apelido de Rei escrito às vezes Rey. No último caso, a ortografia mostra que ele nos veio de Hespanha, e isso sei positivamente a respeito de várias famílias. Todavia também há Rei e Rei pelado como alcunhas em Barroso, onde é possível que nascesse de alguma representação teatral» (p. 184). Estes esclarecimentos são corroborados pelo Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa com os seguintes dados: «antiga alcunha do substantivo masculino rei. Os casos em que aparece escrito Rey podem revelar origem espanhola, mas não se ponha de parte a hipótese de fantasia ortográfica dos utentes respectivos.»