Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Luís Eduardo Bizin Professor Sydney, Austrália 34K

Eu gostaria de saber mais sobre a origem da palavra saudade. Vasconcellos, 1914, afirma que sua origem teria a ver com solidão, do latim solitas, e que teria incorporado elementos de «salvação», «saúde», «saudação». Há também uma hipótese que teria surgido do árabe. Os árabes haveriam traduzido a melancolia do grego (bile negra) para sua língua e a saudah (negro, preto em árabe) teria originado a saudade portuguesa. O que lhes parece? Será que a palavra teria sido consolidada em 1580 pelos grandes escritores portugueses de então?

Ficarei muito grato por vossa resposta.

Paulo Gomes Bancário Lisboa, Portugal 4K

A minha dúvida consiste no facto de, tendo em conta o nomeadamente, se, no seguinte texto, a procuração é extensível a todos os bancos, ou só à Caixa Geral de Depósitos e Caixa Económica Montepio Geral:

«a quem confere os necessários poderes para representar a sociedade perante quaisquer bancos e/ou instituições de crédito, nomeadamente Caixa Geral de Depósitos e Caixa Económica Montepio Geral, podendo proceder à abertura e ao encerramentos de contas...»

Grato pela atenção.

Oscar A. Solari Estudante de linguística Lima, Peru 6K

Tenho uma dúvida em relação à pronúncia das consoantes. Assim como em espanhol, onde existem os seguintes alofones:

/b/ -< [b], [β]

/g/ -< [g], [γ]

/d/ -< [d], [ð]

em português (especialmente o lusitano) também existem esses casos?

Luan Côrtes Estudante Feira de Santana, Brasil 6K

«Cada coisa é uma palavra. E quando não se a tem, inventa-se-a. Esse vosso Deus que nos mandou inventar» — Clarice Lispector (A Hora da Estrela).

No excerto acima, «não se a tem» e «inventa-se-a» são combinações incorretas de pronomes? Por que elas soam tão naturais e inteligíveis, se, de acordo com esta resposta, estariam supostamente incorretas?

Gostaria de um esclarecimento mais detalhado, por favor.

Carmen Lídia Xavier de Melo Professora São José dos Campos, Brasil 18K

Como responder ao seguinte exercício?

Observe estas duas regências:

— Acabo de comer.

— Começo a comer.

As palavras que ligam os infinitivos aos verbos anteriores são preposições que o falante escolhe porque:

1) os primeiros verbos são antônimos e têm uma regência também diversa.

2) as preposições indicam respectivamente o destino e a origem.

3) a comida fica nas costas de quem sai da mesa e à frente de quem vai.

4) ambas dependem unicamente da tradição da língua.

Paulo Mario Beserra de Araujo Economista Rio de Janeiro, Brasil 7K

A respeito do comentário em «O Nosso Idioma» Bitaite e bitaitar, de Paulo J. S. Barata, hoje, temos no Brasil uma palavra de significado semelhante, também de origem obscura, tida como regionalismo paraibano, mas que nenhum brasileiro desconhece: é o "pitaco", a opinião dada por quem, normalmente, conhece pouco ou nada de um assunto, mas que faz questão de palpitar, geralmente com disparates. Teria algo a ver com o sábio grego Pitacòs, que era useiro e vezeiro em criar citações sobre assuntos os mais variados, mormente sobre comportamento? Curiosamente, os dicionários gerais brasileiros ainda não a registram.

Vera Mattos Tradutora Rio de Janeiro, Brasil 10K

Após ler seu artigo sobre o assunto, continuo na dúvida sobre a tradução de um termo em inglês que deverá se repetir muitas vezes role-model (profissional, empresa, candidato, organização, etc.).

1. Devo usar hífen, ou não?

2. Como fica a flexão no plural?

Ex.: «profissionais(-)modelo», ou «profissionais(-)modelos»;

«candidatos(-)modelo», ou «candidatos(-)modelos»;

«empresas(-)modelo», ou «empresas(-)modelos»?

Estes termos serão usados em todo o material de comunicação da empresa, daí a minha preocupação em evitar erros crassos.

Desde já agradeço.

Álvaro Faria A{#c|}tor Lisboa, Portugal 6K

Uma vez mais recorro ao Ciberdúvidas, desde já agradecendo a vossa ajuda.

Respondendo à pergunta 22 472, é dada a seguinte definição de atrelado (semelhante à de alguns dicionários que consultei): «veículo sem motor rebocado por outro».

Gostava de saber se não pode também utilizar-se atrelado para um veículo sem motor rebocado por um animal. Não podendo, pedia-vos que me indicassem uma palavra para esse tipo de veículos (isto é, que abranja carroças, coches, etc.).

Diego Cruz Psicólogo Florianópolis, Brasil 10K

Quanto à consulta Sobre a classe de palavras de o antes de pronome possessivo, no trecho em que segue parte da resposta:

Quanto às hipóteses formuladas, mesmo considerando válidas as hipóteses 1a) e 1b), trata-se de análises que não encontro exploradas na literatura. Permita-se-me acrescentar que não vejo como em 1a) a forma o é apenas artigo definido e adjunto adnominal de um substantivo subentendido e em 1b) não é: na verdade, poderíamos sempre supor que a forma o é um demonstrativo, porque pressupõe uma construção como «o que é meu livro» equivalente a «aquilo que é meu livro», por sua vez, adaptável como «aquilo que é meu», com substantivo subentendido.

As frases eram: «Esse livro é igual ao meu»/«O seu livro é igual ao meu».

A dúvida era: «O pronome meu nas duas frases seria um pronome adjetivo, ou substantivo?»

As hipóteses eram:

1) No caso de se considerar o «meu» nas frases anteriormente citadas como um pronome possessivo adjetivo, haveria duas possibilidades para tal. a) O «meu» estaria adjetivando um substantivo subentendido no contexto, e o «o» seria um artigo definido, e tanto o artigo «o» como o pronome adjetivo «meu» desempenhariam a função de adjuntos adnominais do substantivo subentendido. b) O «meu» serviria como um pronome adjetivo posposto ao pronome substantivo demonstrativo «o», e assim estaria o adjetivando.

2) No caso de se considerar o «meu» nas frases anteriormente citadas como um pronome possessivo substantivo, haveria somente a possibilidade de se entender o «o» como artigo definido que substantiva o pronome, uma vez que se o «o» for entendido, nesse contexto de consideração, como um pronome demonstrativo, só poderia ser de um valor substantivo, assim recebendo a adjetivação do pronome possessivo «meu», que então desempenharia função de adjunto adnominal [isso recairia na própria hipótese b) do item anterior].

O que eu quis enfatizar é que um pronome demonstrativo pode tanto determinar algo como receber uma adjetivação. Já o artigo não pode receber uma adjetivação, uma vez que somente determina. Logo, se eu falo «Aquele meu carro está no conserto», «aquele» e «meu» funcionam como adjuntos adnominais de «carro»; já em «Vou usar seu carro, pois aquele meu está no conserto», «meu» pode adjetivar o «aquele»... mas já em «O meu está no conserto», se eu considerar o o como artigo, ele apenas adjetiva... É claro que quando você fala que, pela lógica de raciocínio que eu apresentava, na hipótese 1b teria que acontecer o mesmo que acontece em 1a, isso é possível, mas não necessário.

Mas, por outro lado, também não vejo o que impediria de o pronome demonstrativo adjetivar o possessivo em «pois aquele meu está no conserto»... Talvez eu prefira pensar que seja o possessivo que o faça, uma vez que essa seria sua função predominante...

Mas aqui aproveito e pergunto: Há casos legítimos em que um pronome adjetiva outro pronome?

Ex.: «Aquela outra mulher não veio aqui»/«Aquela outra não veio aqui»... O que acontece na segunda frase? «Aquela», na segunda frase, seria um determinante, e «outra», um pronome substantivo?

Muito obrigado.

João Peixoto Professor Porto, Portugal 4K

Qual é a grafia correcta: "catecumenato", ou "catecumenado"? O termo deriva do grego, com a intermediação do latim... Ambas as variantes surgem em publicações oficiais da Igreja Católica. O «velho» Morais conhece as duas formas; o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa não regista nenhuma, embora conheça os "catecúmenos"; Houaiss refere apenas "catecumenato".

Agradeço a vossa opinião.