DÚVIDAS

Complemento do adjetivo: «a expressão incomum no contexto...»
Lemos comumente que o adjunto adverbial modifica verbo, adjetivo e advérbio e que, na ordem direta, se posiciona no fim da frase. Assim sendo, é separado por vírgulas quando posicionado de outro modo. Mas essa diretiva não se fragiliza quando o adjunto adverbial modifique, não o verbo, mas o adjetivo? Nesses casos, parece-me que a ordem direta e, portanto, também o uso de vírgulas na ordem indireta dependem de uma análise quanto ao posicionamento do adjunto adverbial em relação ao adjetivo. Pergunto se, no caso abaixo, a ordem direta não seria esta, sendo assim justificável não usar vírgulas: «A expressão incomum no contexto requer leitura atenta.» (planeja-se que «no contexto» modifique o adjetivo incomum) Se o raciocínio acima estiver de acordo com a norma, não só seria correto não utilizar vírgulas na construção acima como o uso delas poderia vincular de maneira indesejável o adjunto adverbial a outro termo: «No contexto, a expressão incomum requer leitura atenta.» (não me parece aqui que o adjunto adverbial modifique incomum, entendo que modifique o verbo). Muito obrigado desde já.
Embora como conjunção concessiva
 Tenho muitas dúvidas no uso de embora como conjunção concessiva, para traduzir os três casos do espanhol. O dicionário Porto Editora, que é o que eu uso habitualmente, traduz a conjunção concessiva espanhola aunque por embora, e também por mas ou porém. Estes são os exemplos que coloca o dicionário: «aunque ˈauŋke conjunção 1. embora [+conjuntivo] aunque llovía a cántaros, fueron al cine embora chovesse a cântaros, foram ao cinema 2.mas, porém no traigo todo, aunque traigo algo não trago tudo, porém trago alguma coisa» Mas para mim o problema é que em espanhol há três casos de orações concessivas, que não sei como traduzir ao português: I. O primeiro é o de situações reais habituais, ou seja, ações que acontecem habitualmente assim (no presente), ou aconteciam assim (no passado). Por isso, no exemplo de Porto Editora, em espanhol haveria que traduzir: - “Aunque llueva a cántaros, van al cine” (realidade que acontece habitualmente, muitas vezes). - Ou também: “aunque lloviese a cántaros iban al cine” (algo que acontecia muitas vezes no passado) - Ou também: “ayer, aunque llovió a cántaros, fueron al cine” (algo que aconteceu uma vez no passado) Nestes casos, em espanhol também se pode expressar com a conjunção adversativa pero (acho que seria a mesma coisa em português com mas): - “muchas veces llueve a cántaros, pero ellos van al cine” (realidade que acontece habitualmente) - Ou também: “llovia a cántaros, pero iban al cine” (algo que acontecia muitas vezes no passado) - Ou também: “ayer llovió a cántaros pero fueron al cine” (algo que aconteceu uma vez no passado). II. O segundo é o de situações possíveis, ou seja, ações que podem acontecer no futuro ou não: “mañana, aunque llueva/lloviese a cántaros, iríamos al cine” III. O terceiro é uma situação impossível, porque não pode acontecer: “ayer, aunque hubiera/hubiese llovido, no habríamos/hubiéramos ido al cine” (mas ontem não choveu).  Gostaria de saber como usar nestes casos embora, e também se é possível usar sempre «ainda que».
Concordância no verso «O rebanho é os meus pensamentos» (Alberto Caeiro)
Não querendo, de todo, desafiar Alberto Caeiro ou qualquer outro dos heterónimos de Pessoa, gostaria de (melhor) compreender a regra que permite escrever o seguinte: "O rebanho é os meus pensamentos" Bem sei que se aplicam regras específicas quando se utilizam nomes colectivos. Porém, aplicando a mesma lógica, peço-vos que me indiquem se os próximos exemplos estão ou não correctos: «O público é as minhas emoções.» «A multidão é as minhas reivindicações.» Grafia de acordo com a norma ortográfica de 1945
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