O plural de "pascal" é "pascals" quer no Brasil quer em Portugal.
Não está normalizada, a nível internacional, a formação de plurais dos nomes das unidades, a qual depende, portanto, da língua. Em francês1, normalizou-se o critério de os nomes das unidades acabados em s (como "siemens"), x ("lux") e z ("hertz") terem forma plural igual à forma singular. Nos restantes casos, os plurais dos nomes das unidades formam-se acrescentando um s à forma singular.
Do ponto de vista das regras gramaticais do português, iríamos para a forma "pascais", o que me parece deselegante.
Por outro lado, no que depende da língua, há diferenças de país para país, e obviamente não se segue o INMETRO em Portugal, país onde essa normalização cabe ao Instituto Português da Qualidade (IPQ)2. Contudo, de acordo com informação do IPQ3, o plural de "pascal" é "pascals" também em Portugal. Não é uma formação plural conforme às regras gramaticais, no sentido estrito, e representa uma conveniência para este uso concreto, pois preserva, sem desfigurar, a grafia original do nome da unidade quando este se encontra no singular. O acréscimo do s para a formação do plural do nome de cada unidade é um critério geral conveniente pelas razões acima apontadas4.
No que se refere aos plurais dos nomes de unidades acabados em x (como "lux"), em s (como "siemens") e z (como "hertz"), algo conviria dizer. Na minha opinião – meramente pessoal – nestes casos o substantivo deveria ficar invariável no plural. Tal como fazemos com a palavra lápis. No entanto, seria bom que se explicitasse este critério para uso em Portugal, veiculando-o através dos organismos e canais de informação oficiais. Os decretos-leis que foram surgindo sobre o uso do Sistema Internacional de Unidades (como sistema de unidades legal em Portugal) nunca afloraram esta matéria. E deviam tê-lo feito.
1 Cf. Convention d'écriture des noms d'unités, UNISCIEL UNIversité des SCIences en Ligne, Universidade de Lille1.
2 Há diferenças entre os dois países que abrangem a fonética e a morfologia dos termos científicos. Por exemplo, no Brasil escreve-se próton, elétron, nêutron, enquanto em Portugal se normalizou protão, eletrão, neutrão.
3 Agradece-se ao Doutor Olivier Pellegrino, do IPQ, o seguinte esclarecimento: «[...] [Informa-se que os nomes das unidades são substantivos comuns. Assim, na flexão de número, os plurais de "metro" e de "segundo" são "metros" e "segundos", respetivamente, formados acrescentando-se a letra s aos singulares. A fim de garantir a inteligibilidade dos nomes das unidades no plural, para os nomes de unidades derivados de apelidos de cientistas, acrescenta-se também a letra s ao singular. Assim, por exemplo, os plurais de "becquerel", "newton", "henry" e "pascal" são "becquerels", "newtons", "henrys" e "pascals".»
4 Nestes casos aceita-se a agramaticalidade em prol da conveniência. Em muitos outros casos, os plurais das unidades (derivem ou não de nomes de cientistas) satisfazem às exigências gramaticais portuguesas. Por exemplo, "ampere" (plural "amperes"), "tesla" ("teslas"), "joule" ("joules"), "metro" ("metros"), "quilograma" ("quilogramas"), "candela" ("candelas"), "mole" ("moles"), etc.
* Os símbolos e os nomes das unidades escrevem-se em romano. Adotam-se aqui as aspas elevadas como forma de destaque.