Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Alves Amaral Porto, Portugal 14K

Por diversas vezes, a meio de um texto, deparamo-nos com um vocábulo em itálico que não resulta, por exemplo, de algum estrangeirismo. Muitas vezes em pronomes pessoais, mas também em advérbios e conjugações verbais. Qual a razão subjacente a essa prática? Nesse sentido deixo aqui três exemplos: «Será assim tão terrível um homem querer mais juventude, mais prazer? Além disso, Walter não é corrupto - não é exactamente ("exactamente" em itálico) corrupto». Michael Cunningham, "As Horas". Lisboa: Gradiva, 9.ª edição, 2004, p. 23. «Nunca havia violações da segurança. Informações mesmo ("mesmo" em itálico) secretas ele nunca ouvia nem pedia para ouvir.» Saul Bellow, "Ravelstein". Lisboa: Teorema, 2001, p. 61. "Por detrás de um aglomerado baixo de nuvens de poluição, o Sol era um disco de prata suja, pequeno e exacto. – Hoje tens tu de cuidar de mim ("mim" em itálico) – disse Mary por entre um bocejo, apoiando de novo a cabeça no ombro de Colin. – Então ontem foste tu a cuidar de mim ("mim" em itálico)? – perguntou ele, acariciando-lhe a nuca.» Ian McEwan, "Estranha Sedução". Lisboa: Gradiva, 2.ª edição, 1998, p. 45. Obrigado!

Teresa Bagão Portugal 14K

Como se escreve o plural de pionés? Mantém-se a grafia, considerando-se uniforme (três pionés), ou constrói-se a partir da forma «pionese», dicionarizada por Houaiss (três pioneses)?

Rui Elias Portugal 5K

Qual o significado da palavra lezirã? Parabéns pelo esforço de continuarem com este site.

Daniel Torres Portugal 22K

O livro de Umberto Eco "O Nome da Rosa" termina com a seguinte frase, em latim: «Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus.» Não consigo tradução satisfatória. Podem ajudar-me?

Manuela Cunha Professora Porto, Portugal 2K

Na frase «quando me sorria, o que nunca acontecia» (versos de F. P.), o demonstrativo «o», que não tem função sintáctica na primeira oração e, pelo contrário, é o antecedente de «que», sujeito da oração relativa, deve incluir-se na primeira ou na segunda oração? Os meus agradecimentos pela vossa ajuda.

Paulo Pereira Brasil 9K

«Chovia, porém fui à rua» «Chovia; fui, porém, à rua.» «Chovia; fui à rua, porém. Estas frases são de significado quase idêntico, daí que seja discutível de, no primeiro caso, se considerar «porém» como um conetor e não uma conjunção. Já na antiga gramática se aludia de leve a isto. Vejam no entanto a diferença «Vou para a cama, pois estou cansado» «Vou para cama, estou, pois, cansado» «Vou para cama, estou cansado, pois» Não pega... Não é o mesmo... As duas últimas frases não aderem tão facilmente à primeira como no caso de cima. Não confundam as coisas, pois! O «pois» português é algo único, não façam comparações com as gramáticas estrangeiras. Não matem o «pois»!

Manuela Cunha Professora Porto, Portugal 12K

As gramáticas, pelo menos as que consultei, apresentam a locução «nem... nem» como disjuntiva, explicando simultaneamente que a disjunção é a representação de uma alternativa. Ora em frases do género «nem gosto de queijo nem gosto de marmelada» não há alternativa, mas sim adição. Assim sendo, pode considerar-se, em tais casos, a referida locução como copulativa?

Pedro Múrias Portugal 15K

Tornou-se muito frequente na televisão, nos jornais e na rádio a expressão «à margem de» com o sentido de «por ocasião de». Ainda há bocado, no "Público", li mais ou menos isto: «O presidente do banco confirmou hoje, à margem de um almoço de confraternização, que houve investigações na respectiva sede.» Repare-se que os jornalistas poucas vezes usam o «por ocasião». Quando usam o «à margem», querem geralmente dizer que o acto em causa (normalmente, uma declaração) não foi produzido durante o acontecimento de referência ou, tendo sido durante, não foi por causa desse acontecimento. Nem a Academia nem o Houaiss consideram este sentido para «à margem». Gostava de ouvir o Ciberdúvidas sobre o assunto. Será uma forma recente? Não será asneira? Não soa mal?! Agradecendo mais um vosso prezado esclarecimento,

Paulo Pereira Brasil 23K

Uma das maiores dificuldades dos Brasileiros de escrever é saber quando se põe "a" ou "à". Tal é a frustação, que já há um projeto de lei para eliminar a "crase" (isto todos sabem dizer...) Aprendem na escola imensos nomes gramaticais dificílimos (mais sofisticados do que os nossos) para além de regras infernais que fazem cair qualquer um num desespero! Mas na prática só os mais instruídos sabem aplicar com segurança (o problema é que se pronuncia da mesma forma).

Sendo português (a viver no Brasil), e aplicando a velha tradição das nossas mães, digo-lhes «imaginem que a palavra que está à frente do "a/à" é masculina, se vocês usassem "o", então será "a"; se usassem "ao", então será "à"». As pessoas ficam delirantes e conseguem aplicar sem erro em quase todas as situações. Ao aplicar esta minha regra à expressão «ensino a/à distância», o correto seria escrever «Ensino à distância» (que é como todos os portugueses pronunciam na prática). De fato, diríamos «ensino ao longe» e nunca «ensino a longe". Sei que aqui é um pouco diferente, pois temos um advérbio substantivado...No entanto os dicionários têm consagrado (ver Porto Editora) como equivalente à expressão «ao longe» a expressão "à distância". Ninguém diria «vi-te a distância», mas, sim, «vi-te à distância». Aliás, a expressão «vi-te a distância» pode sugerir muitas mais coisas: «vi-te a distância (que procuravas...)», etc.

Na minha opinião «ensino a distância» não está incorreto, pois não viola nenhuma regra gramatical, mas vai contra o uso corrente (que também está correto). Mais uma vez o capricho estético momentâneo de alguns eruditos foi por cima da lógica cristalina da linguagem do povo. Se um uso é correto (tem coerência interna), comum, antigo e tradicional, para quê mudar?

Agora vou provar que o «povo tem razão», mostrar a sabedoria escondida do povo... Se «ensino a distância» está certo, então na forma verbal deveríamos dizer «Eu ensino a distância», «Tu ensinas a distância». Experimentem algum dia dizer isso e ouvirão: «Ensinas a distância de quê?». Se existem várias soluções para uma expressão, deve-se escolher, na minha opinião, aquela que é menos ambígua, pois o objetivo primário é comunicar, ou não é?

Parabéns a todos por este sítio!

Hugo Vale Engenheiro químico Lyon, França 13K

A minha pergunta concerne o uso de «por» depois de «designado». Por exemplo, qual das duas frases está correcta? 1. O fenómeno A, também designado AA. 2. O fenómeno A, também designado por AA.

Muito obrigado.