“Cale”, “cales” ou “cadiz”? Eu tenho uma ideia de que esta(s) palavra(s) devem dar para escrever livros, até porque estão na origem da palavra Portugal. Em Sanfins do Douro, concelho de Cinfães, existe uma capela com este nome e que já tem mais de 900 anos. O meu raciocínio é o seguinte – se esta capela é tão antiga em que me lembra já ter lido de se tratar de uma capela mais antiga do que a nossa nacionalidade e sabendo ainda que Egas Moniz foi dono destas terras todas e que ali viveu com D. Afonso Henriques quando era pequeno, parece-me legítimo interrogar a origem do nome Portugal, pois penso que essa origem está atribuída ao Porto/Gaia em que Cale significa «passagem». Será que não haverá aqui nada esquecido ou ignorado? Há várias referências a este nome: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, volume 27, página 454: «Agora quanto a nós, apenas diremos que é realmente grande a antiguidade desta devoção e desta ermida, porque as Inquirições de 1258 referem-se a ela neste passo: “carril veterem que venit, de Sancto Fiiz per super Sanctam MaRIAM DE Caees”. É indubitável que se trata da própria ermita.» Cinfães – Subsídio para uma monografia do Concelho, por Bertino Daciano R. S. Guimarães, edição da Junta de Província do Douro-Litoral, 1954, pág. 92: «Dentro da área da freguesia (S. Cristóvão de Nogueira) há porém, outras capelas, quase todas particulares: [...] da Senhora de Cádiz ou Cáliz (ou Cales) [tem uma nota: “Vid. Textos Arcaicos, do Dr. J. Leite de Vasconcelos, 3.ª ed. Lisboa, 1923, pág. 144”] Monografia do Extinto Concelho de Sanfins da Beira, de Manuel de Castro Pinto Bravo, edição Marânus – 1938, páginas 160 a 163: «A capela pública de Nossa Senhora das Cales...» Na «História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego», um antigo documento (que existe na igreja de Piães) menciona uma capela de Nossa Senhora e nele encontra a seguinte legenda, que nela se imprimiu, em a «Real Architypographia Académica de Coimbra», no ano de Cristo de 1765, que diz: AUOUSTISSIMÆ COEL.ORUM REGIÆ PLÆENISSIMÆ GRATIARUM MATRI MARIÆ SCILICET V1RG1NI Sub suo miraculosissimo titulo VULGO DAS CALES, CUJUS Praeciosissima Imago Ob innumera Prodigia ingenti concursu Populi Devotissimè veneraíur itt Oppido Divi jacobi» O Sr. Dr. José Leite de Vasconcelos, na sua obra Textos Arcaicos, 3.ª ed., pág. 54, relata a lenda da vinda de Hércules, de Espanha a Lisboa, e da sua partida para Entre-Douro-e-Minho, onde estava Geryão (rei fabuloso da Ibéria). E de tal lenda para aqui extraio o seguinte excerto, na sua arcaica ortografia: «Despois que Hercolles ouue feytas aquelias duas ymagêes de Callez e de Seuylha, como ia ouuistes, ouue sabor de ueer toda a terra d'Espanha, e partio-sse desse lugar de Seuylha per a costa do mar ataa que chegou ao logar em que agora pobrada Lisboa.» Na pág. 144, diz o ilustre professor, em anotação: «Callez. Em port. ant. dizia-se Calez ou Caliz o que hoje se diz “Cadiz”; ainda nos Diálogos, de Arraiz, 2.ª ed, Coimbra, se lê Caliz, a fl. 115, r., col. L; no Dícc. Lusit-Lat, de nomes proprios, de Polares, Lisboa, 1067, pág. 467, lê-se já «Cadiz ou Caliz». Na Crónica General ha igualmente «Caliz». Embora de recatada modéstia arquitectónica, e minguadas proporções, está na tradição que a ermida da Senhora das Cales foi edificada pelos anos de 1700, no lugar em que havia uma antiga capelinha, onde se venerava a imagem da Senhora, cuja imagem, segundo a lenda, tinha sido trazida de Espanha, no tempo da denominação agarena, por uns cristãos figitivos. Se for possível, gostaria de saber qual a relação com o "cales" que deu origem a Portugal, dado que esta capela já é anterior à nossa nacionalidade.
Verifico que nalguns textos dramáticos as didascálias aparecem em itálico e também entre parêntesis, e noutros só numa destas situações. Gostaria de saber se há alguma diferença entre surgir em ambas as situações ou apenas em uma delas.
É correcto colocar a vírgula a seguir a «escumalha» do seguinte modo:
«Porque a escumalha, é escumalha todos os dias»?
Podem dizer-me qual é o plural correcto de «pólen»? Eu utilizo «pólenes», mas vejo muitas vezes escrito “pólens”, e fiquei com dúvidas. Muito obrigada!
Deparei-me com este termo cujo significado desconheço bem como ortograficamente deverá ser assim escrito. Gostaria de saber mais sobre ele, pois parece-me ser uma palavra comum na Beira Alta. Desde já o meu muito obrigado.
De acordo com a Infopédia: «Capitular adjectivo 2 géneros 1. referente a capítulo ou a cabido; 2. maiúsculo; A seguinte expressão está correcta? «Vou capitular este texto.» Isto, no sentido de converter um texto em maiúsculas. E, já agora, qual é o antónimo de: «Vou capitular este texto», ou seja, converter um texto em minúsculas?
Antes de mais, cumpre-me agradecer a resposta do consultor D'Silvas Filho ®.
Não obstante a clareza dos argumentos expendidos, uma questão ficou por esclarecer. À falta de um novo e actualizado vocabulário ortográfico, e levando em linha de conta as aduções feitas, quer pelo dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, quer pela versão portuguesa do dicionário Houaiss, que obra faz lei em Portugal, no que estritamente respeita à utilização de «demais» como quantificador?
Uma vez mais, muito obrigado!
Na conjugação do verbo «subir», quais são as pessoas que são irregulares? No livro que tenho (Gramática Activa) sucede que as pessoas irregulares são as primeiras do singular e do plural («subo» – «subimos»), mas a mim parece-me que são todas as outras, já que a raiz do verbo muda («sobes» – «sobe»...). Estou enganada ou não? Obrigada pela atenção!
Qual é a forma mais correcta para designar genericamente este grupo de psitacídeos, “piriquito” ou “periquito”? Estarão ambas correctas? Obrigado.
Ainda a propósito da sintaxe do substantivo forma: «Eles admiravam a forma como o herói pegava no bastão.» Estudo todos os dias as vossas respostas – sinal evidente de quanto vos aprecio. Claro está que concordo mais com alguns consultores do que com outros. A consultora Eunice Marta, habitualmente, tem a minha concordância. Quero hoje louvá-la pela sua coragem em classificar de complemento directo o constituinte «no bastão». É evidente que o é. Mas... quantos professores (aqueles que ainda estudam!) continuam a ser enganados por uma Gramática que há muito deveria ter sido revista – ou arrumada para o arquivo de valores ultrapassados... Refiro-me, como é evidente, à Nova Gramática do Português Contemporâneo... Mas desejo também sugerir. Não aceito a justificação para classificar de relativa aquela oração subordinada. Trata-se de uma oração conformativa. Bem sei que as Áreas Críticas da Língua Portuguesa [de João Andrade Peres e Telmo Móia] defendem, neste caso, a existência de relativas. Mas... não acho que se possa defender tal descrição. A Gramática tem de descrever o texto efectivamente realizado – e não aquele que poderia estar em seu lugar.
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