Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Bruno Vilaça Estudante Portugal 2K

Alguém me pode esclarecer porque é que dizemos judaísmo e não "judiaismo"? O feminino de judeu é judia, e se estamos a falar de uma religião, e sendo religião do género feminino, não deveria ser "judiaismo"?

A pergunta poderá ser demasiado básica, no entanto, se alguém puder esclarecer, agradeço.

João M. Conceição Aposentado Lisboa, Portugal 1K

Qual a tradução preferível para midterm elections? "Eleições intermédias" ou"eleições intermediárias"?

Geobson Freitas Silveira Agente público Bela Cruz, Brasil 2K

Volta e meia, me deparo com construções sintáticas encabeçadas pela preposição "a" como a do exemplo que segue : "A depender da palavra, até a leitura pode ser complicada."

A meu ver, o valor semântico da referida preposição neste contexto seria aproximado ao do valor expresso por uma conjunção conformativa. Assim, equivaleria a dizer: conforme o tipo de palavra usada, até a leitura pode ser complicada. Ante isso, por gentileza , peço, se possível for, um esclarecimento sobre o fato.

Estou mesmo certo ou me equivoco?

Desde já grato pelo apoio de sempre.

Paulo Klush Puim Servidor São Paulo, Brasil 1K

Há muito que às vezes me deparo com enumerações em que não me parece confortável dar aos termos o mesmo tratamento no que diz respeito ao uso dos artigos. Peço licença de dar um exemplo bastante simplório para mostrar o que gera minha dúvida:

«Ontem, não dormi, fui incomodado por mosquitos, aranhas e uma barata.»

No exemplo, mosquitos e aranhas não recebem artigo nem definido nem indefinido. Já barata, essa, sim, recebe o indefinido. Nenhuma outra redação me parece satisfatória nesse tipo de situação, pois se disser «por uns mosquitos, por umas aranhas e por uma barata» fico com a impressão de diminuir a vagueza quanto a mosquitos e aranhas. Se disser «por mosquitos, aranhas e barata», pensando bem, não encontro problemas maiores, embora sinta (talvez por cacoete) a falta do artigo indefinido diante do único item no singular.

Assim, tomo a liberdade de perguntar qual seria a melhor solução em casos assim de acordo com um estilo de escrever atento ao paralelismo nas construções.

Muito obrigado desde já!

João Costa Professor do 3.º ciclo e Secundário Almada, Portugal 1K

Sobre a forma reflectir, grafia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, o Dicionário de Verbos Portugueses da Plátano Editora, na sua edição de março de 1993, regista, na pág. 109, a seguinte nota:

«Verbos terminados em -ectir: mudam o e do radical em i na 1.ª pess. sing. do presente do indicativo, em todas as pessoas do presente do conjuntivo (subjuntivo) e nas pessoas derivadas deste tempo no imperativo. O c do radical desaparece nestas formas verbais.»

Não encontrei esta regra sobre a queda do c do radical em mais lado nenhum.

No Prontuário da Língua Portuguesa da Editorial O Século (6.ª edição, abril 1975), registam: reflectir – reflicto, reflecte, reflectimos; reflicta, reflictamos, etc.

Na versão do Dicionário Priberam conforme a norma de 1945, o verbo também aparece ortografado com o c do radical.

Na rubrica da SICNós por cá”, inserta no Jornal da Noite de domingo, dia 2.10.2005, a apresentadora mostrava um cartaz, onde se lia a palavra reflita e afirmava que a autarquia devia mandar emendar o erro, pois o certo seria reflicta.

A minha questão é, pois, a seguinte: a referida nota do Dicionário de Verbos Portugueses da Plátano Editora estará correta e, cumulativamente, antes do Acordo Ortográfico de 1990 grafava-se este c do radical em toda a conjugação do verbo refletir

Firmino Mambo Educador social Luanda, Angola 11K

Comecei recentemente uma jornada académica concernente ao estudo do período subordinado. Em tese, sabe-se que as orações subordinadas adjetivas são introduzidas pelos pronomes relativos.

No entanto, fiz muitas pesquisas em gramáticas e achei muitos exemplos de orações subordinadas adjectivas iniciadas somente com os pronomes relativos que e quem!

Ora, gostaria muito de saber se outros pronomes relativos – onde, cujo, quanto, etc.  não devem ser empregados na construção das orações supracitadas ou se existem regras específicas.

Peço o vosso esclarecimento quanto à questão formulada.

Muito obrigado!

Dulce Castilho Professora Portugal 2K

Gostaria de saber qual o termo correto, em português, para designar o prato espanhol: "paella", "paelha" ou nenhum deles?

Obrigada.

José João Sousa Professor do 3.º Ciclo e do Secundário Portimão, Portugal 1K

Qual será a forma correta: «método D'Hondt» ou «método de Hondt»?

Grato, desde já, pela resposta e pela existência do Ciberdúvidas.

Ana Antunes Professora Porto, Portugal 1K

Considere-se a seguinte frase:

«E Florinda acordou, sacudindo os cabelos, esfregou os olhos, e disse:...» (Sophia de Mello Breyner Andresen, O Rapaz de Bronze, 20.a ed., Edições Salamandra, s/d)

Gostaria de saber a justificação para o uso da vírgula antes da copulativa "e".

Grata pela atenção.

Célia Maria Salvador Barroca Aposentada do Ensino Superior Politécnico Riachos - Torres Novas, Portugal 1K

O nome da minha terra, Riachos, parece ter origem no nome ou alcunha de um homem, «O Riacho», que surge já num documento de 1502. A partir de 1560 aparecem os primeiros registos referentes às famílias de «Afonso Fernandes Riacho» e «Simão Fernandes Riacho». A partir de 1622 aparece a referência aos «Casais do Riacho» e a partir daí o lugar passa a ser designado por Casais dos Riachos ou simplesmente Riachos (em 1656, um casamento na ermida de Santo António «sita nos Casais dos Riachos»).

Riachos, como localidade, teve origem na aglutinação de vários casais, cujos nomes ainda existem, referindo ruas ou zonas da terra, como Casal das Lobas, Casais Novos, Casal da Raposa, etc.

As pessoas em Riachos sempre disseram «os Riachos» e «nos Riachos», e os mais velhos diziam mesmo «o Riacho» e «no Riacho». Nos nossos dias ainda há quem diga, quando se desloca de uma rua longe do centro da terra, para o largo, que vai «ao Riacho», ou seja, que vai ao largo da terra, ao centro. Mas hoje há quem defenda que o mais correto é dizer-se que se vive «em Riachos», e não «nos Riachos», que se é «de Riachos» e não «dos Riachos». Eu própria autocorrigi-me por volta dos meus 18 anos, pensando que dizia mal, tal como a minha família, que era «dos Riachos».

A Câmara Municipal resolveu a questão há anos atrás, normalizando tudo, ficando assim: «Freguesia de Riachos», «Freguesia de Meia Via», «Freguesia de Pintainhos», «Freguesia de Lapas», «de Brogueira», «de Mata», «de Ribeira Ruiva», etc. Há pessoas que continuam a usar o artigo, outras a contrariar isso, e a polémica está instalada, com pessoas a chamar ignorantes no Facebook aos que continuam a referir-se à terra tal como aprenderam no seio das suas famílias.

Agradeço por isso o vosso esclarecimento, pedindo desculpa pelo texto longo, mas que julguei útil.