DÚVIDAS

A construção «compor como»
A expressão «compor como» existe? E, se existir, significa «constituir» ou «corresponder a»? Estas dúvidas surgiram-me ao falar com colegas da Região Autónoma da Madeira que usam constantemente esta expressão. Não sei se será algo regional. Para contextualizar, uma das frases que os meus colegas escreveram foi: «Tendo em conta o principal objetivo deste estudo, que é determinar qual dos índices se compõe como o melhor preditor da morte do recém-nascido, analisou-se a sensibilidade das várias escalas de gravidade neonatal.» Muito obrigado.
«A porta abriu-se» vs. «a loja abriu»
Com sujeito constituído por substantivo inanimado, fala-se a voz passiva das seguintes formas: (1) a porta se abriu ou (2) a porta abriu; (3) a loja abriu cedo e (3) a loja se abriu cedo. Percebo que, quando nos referimos a objetos, o uso da partícula se é mais comum. Contudo, quando nos referimos a estabelecimentos, o uso da partícula se é menos comum. Há lógica? No que se refere a esse assunto, as duas formas são gramaticais? Elas têm diferença de significado? Prefere-se uma a outra na fala coloquial? Quais são as implicações do uso ou não uso do se em tais casos? Obrigado pela atenção.
O complemento oblíquo e o modificador do grupo verbal na frase
«Ele mora em casa com a mãe»
Na frase «ele mora em casa com a mãe», é correto assumir que contém dois complementos oblíquos ou há um complemento oblíquo (CO) e um modificador do grupo verbal (GV)? Neste caso, como determinar o CO e o modificador, uma vez que qualquer um pode ser utilizado para termos uma frase gramatical, não sendo, para isso, necessário o uso dos dois? Grata pela atenção.
Os complementos oblíquos de prolongar-se e chegar
Apesar de já ter lido e ouvido várias explicações, ainda me surgem dúvidas quando se trata de distinguir o complemento oblíquo e o modificador em determinados contextos. Na frase «O julgamento das personagens prolongou-se por várias cenas», o constituinte «por várias cenas» será complemento oblíquo? Eu entendo-o como modificador, já que não me parece ser indispensável ao verbo. Ainda na frase «Os cavaleiros chegaram da guerra», o constituinte «da guerra» será complemento oblíquo? Obrigada.
Aspeto e tempo na frase
«Quando dava os primeiros passos, o primeiro desafio foi...»
Começo por agradecer o vosso inestimável serviço e importância no seio da comunidade linguística. São uma fiabilíssima fonte de referência a que recorro muitas vezes na realização do meu trabalho. Um fortíssimo bem-haja e com toda a saúde. Passo então ao que me leva a colocar-lhes uma questão. No decurso de uma revisão a um colega tradutor, deparou-se-me a seguinte frase: a ) «Quando a Alliance dava os primeiros passos, o primeiro desafio enfrentado foi a criação de alguns grupos de trabalho para estabelecer o padrão e trabalhar nos detalhes técnicos do protocolo.» De imediato, algo me pareceu "soar" mal nos tempos verbais usados e procurei explicações junto do vosso/nosso site. Encontrei assim o seguinte artigo "Pretérito perfeito vs. pretérito imperfeito",  que me elucidou quanto à correção dos tempos verbais usados. No entanto, não consigo deixar de pensar que as seguintes variantes se me afiguram melhores. São elas: b) «Quando a Alliance deu os primeiros passos, o primeiro desafio enfrentado foi a criação de alguns grupos de trabalho para estabelecer o padrão e trabalhar nos detalhes técnicos do protocolo.» Ou c) «Quando a Alliance estava a dar os primeiros passos, o primeiro desafio enfrentado foi a criação de alguns grupos de trabalho para estabelecer o padrão e trabalhar nos detalhes técnicos do protocolo.» Assim, peço a vossa ajuda relativamente a 2 questões: 1. Entender se há de facto algo de incorreto na tradução original a). 2. Saber as diferenças entre as frases a), b) e c), se é que existem. Muito obrigada desde já a toda a equipa!
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