DÚVIDAS

Valor habitual vs. valor genérico
Acerca da frase «A teatralização do Memorial do Convento não “concorre”, não entra em competição com o romance», gostaria de saber se posso considerar que a frase em apreço veicula um valor habitual (=nunca concorre)? E genérico? É pertinente considerar que veicula um valor habitual (independentemente de se poder "conjugar" com outros valores)? Creio que sim, a par de «O Bernardo não concorre com os colegas», que expressa, exatamente, um valor habitual. Agradecido
Aspeto iterativo vs. aspeto habitual (II)
Gostaria, se possível, que me fornecessem algum «truque» para conseguir distinguir os valores iterativo e habitual. Mais uma vez, indo a diferentes livros, vejo diferentes classificações. Muitas vezes, um livro diz que é iterativo e outro assevera que é habitual. Neste âmbito, e já coloquei esta questão, mas confesso que não entendi muito bem: quando é que estes valores surgem concomitantemente? Mais uma vez, obrigado por ajudarem alunos, professores e todos aqueles que nutrem especial afeto pela nossa língua e almejam conhecê-la com um pouco melhor!!
A locução «assim que» e o conjuntivo
Sou tradutora e recebi recentemente uma avaliação onde se que afirma que a frase "Voltaremos a contactá-la assim que recebermos uma resposta" está incorrecta. De acordo com a avaliação, a solução correcta seria "quando recebermos" ou "assim que recebamos". Parece-me, no entanto, que a locução "assim que" admite o futuro do conjuntivo. Importam-se de esclarecer esta dúvida? Obrigada.
A substituição do infinitivo composto pelo infinitivo simples
Em geral, gostaria de saber quando é possível substituir o Infinitivo Composto pelo Infinitivo Simples, mantendo o sentido da frase. Sei que esta pergunta já foi respondida antes no Ciberdúvidas: «Trata-se da possibilidade da substituição de uma forma pela outra– de "intercambialidade", como se sugere na pergunta –,sem incorrer em incorreção ou alteração significativa no significado da frase. O infinitivo simples (IS) pode substituir o infinitivo composto (IC), mas a inversa não é sempre possível.» No entanto, há casos em que me parece que a substituição do Infinitivo Composto pelo Infinitivo Pessoal altera o sentido da frase, ou cria, até, frases agramaticais (26). Fico por isso na dúvida se a resposta do Ciberdúvidas que transcrevi tinha um caráter geral. Tinha? No caso concreto das frases 1 a 4, penso que 1 e 2 têm sentidos semelhantes, mas 3 e 4 não. Qual é a razão para nos casos 1 e 2 ser possível fazer a substituição (caso seja) e nos casos 3 e 4 não (caso não seja)? (1) Foi bom termos tido essa reunião. (2) Foi bom termos essa reunião. (3) É bom termos tido essa reunião. (4) É bom termos essa reunião. Quanto aos seguintes pares de frases, consideram que têm o mesmo sentido? Quais são as regras que permitem (ou não) realizar a substituição de um tempo por outro? (5) Espero desligar o gás. (6) Espero ter desligado o gás. (7)No caso de não poderes vir, telefona-me. (8)No caso de não teres podido vir, telefona-me. (9) Até ele ficar bem, não me irei embora. (10) Até ele ter ficado bem, não me irei embora. (11) Em vez de terem ido ao mercado, podiam ter ido à praia. (12) Em vez de irem ao mercado, podiam ter ido à praia. (13) Depois de acabares os trabalhos de casa, podemos ver televisão. (14) Depois de teres acabado os trabalhos de casa, podemos ver televisão. (15) Apesar de o tempo ter estado péssimo, foram passear. (16) Apesar de o tempo estar péssimo, foram passear. (17) Apesar de terem tido muito dinheiro, são discretos. (18) Apesar de terem muito dinheiro, são discretos. (19) Lamento não terem assistido à reunião. (20) Lamento não assistirem à reunião. (21) Lamentei não teres vindo à festa. (22) Lamentei não vires à festa. (23) Não vás para a rua sem pores o casaco. (24) Não vás para a rua sem teres posto o casaco. (25) É provável já se terem conhecido na última reunião. (26) É provável já se conhecerem na última reunião. Uma vez mais, agradeço o ótimo serviço prestado e a atenção dispensada.
Os valores aspetuais habitual e iterativo
Trata-se de uma temática gramatical difícil de entender e mais complicada, ainda, de explicar aos nossos alunos. Já consultei manuais escolares, gramáticas, o Ciberdúvidas e facilmente se encontram contradições nas explicações/exemplos apresentados. Gostaria, se possível, que, com exemplos, clarificassem a diferença entre estes dois aspetos e deixo, para isso, algumas questões: (1) «O João correu durante uma semana.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa) A frase anterior aparece como exemplo de valor iterativo. Não será antes perfetivo? Numa gramática encontro que o valor habitual «refere uma situação recorrente num intervalo de tempo ilimitado» e apresenta o seguinte exemplo: «É costume visitar o meu primo duas vezes por semana.» Não haverá, nesta frase, limitação temporal com a utilização da expressão temporal «duas vezes por semana»? Finalmente, no manual que utilizo, nos elementos linguísticos apresentados para os dois valores surge a expressão «todos os dias». Desde já, muito obrigado. Agradeço os esclarecimentos possíveis.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa