A frase apresentada configura um valor habitual.
Tanto o valor aspetual habitual como o iterativo descrevem situações durativas, ou seja, situações que têm duração interna e que se opõem a situações pontuais, que não têm duração interna, como acontece em (1):
(1) «Ele tossiu.»
O valor iterativo caracteriza-se pelo facto de descrever uma situação «que se obtém quando uma situação é repetida numa porção espácio-temporal delimitada, mas sendo o conjunto dessas repetições perspetivado como um evento único»1. O valor iterativo descreve a repetição como limitada, como acontece em (2):
(2) «Ele jogou futebol durante a faculdade.»
O valor iterativo é frequentemente expresso como uma situação concluída, por meio do recurso ao pretérito perfeito do indicativo.
Já o valor habitual descreve uma situação que «representa um padrão de repetição da situação suficientemente relevante a ponto de poder ser considerado como uma propriedade característica da entidade representada pelo sujeito gramatical»1. Neste caso, a repetição é apresentada como ilimitada, como em (3):
(3) «Ele joga futebol no Amadora.»
O valor habitual é ainda compatível com o advérbio habitualmente.
No caso da frase apresentada, sem outro contexto que possa alterar esta leitura, consideramos que estamos perante o valor habitual, dado que a situação aponta para um padrão de repetição característico do sujeito e é compatível com o advérbio habitualmente:
(4) «Durante a primavera inteira, habitualmente aprendo os trevos.»
Disponha sempre!
1. Cunha in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 586.