Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Estudos Literários
Paulo Mário Beserra de Araújo Economista Rio de Janeiro, Brasil 10K

Estou escrevendo um glossário de retórica e poética e admiro particularmente certas figuras, como a litotes, o oximoro, o quiasmo e a antimetábole. Cada página é um verbete exemplificado com a poesia galega, portuguesa ou brasileira.

Compreendo a litotes como a sugestão meio eufemística, irônica de uma ideia; ou em dizer pouco para sugerir muito; atenuantemente. Portanto, um conceito um tanto mais elástico, tirado da etimologia da palavra, contrariando a maioria das definições que encontro, costumeiras em enfatizar apenas a negação do oposto. Como um dos exemplos, dentro da minha formulação, escolhi os seguintes versos de Guerra Junqueiro (A Morte de D. João, Introdução):

E o povo... o povo é rei! E rei como Jesus,

Para beber o fel, para morrer na cruz.

Disse-o pouco, mas sugeriu muito o tipo, e de forma irônica, da única "realeza" que cabe ao povo. Se a Sra. Eunice Marta me der o prazer de comentar minha proposição, tomarei por fé seus ensinamentos, ainda que contrários ao que imagino.

Agradeço antecipadamente.

Inês Esteves Estudante Coimbra, Portugal 7K

Os versos de Florbela Espanca «É ser mendigo e dar...» e «É ter de mil desejos o esplendor/ E não saber sequer que se deseja» são exemplos de antíteses, ou paradoxos?

Obrigada.

Márcia Daniela Santos Cruz Estudante Lisboa, Portugal 6K

Estou a analisar uma estrofe de Os Lusíadas para a disciplina de Língua Portuguesa e gostava que me ajudassem. Qual é a figura de estilo presente na estrofe 89 no verso que diz «Que brandura é de amor mais certo arreio» e também gostava de saber nesse contexto o que significa a palavra arreio.

Fico à espera da resposta.

Sofia Paiva Professora Angra do Heroísmo, Portugal 6K

Na seguinte frase: «A fome trazia-nos à hora certa das refeições.» Estamos perante uma personificação, ou uma frase em sentido figurado?

Atenciosamente.

António Cardoso da Conceição Jurista Lisboa, Portugal 8K

Peço desculpa pelo exemplo que vou dar (retirado de uma quadra escatológica tradicional que se podia antigamente encontrar rabiscada nas paredes de qualquer quarto de banho de café da cidade do Porto), mas, de momento, não me ocorre nenhum exemplo retirado de escritas literárias mais elevadas. Reza assim a tal quadra:

«A cagar puxei um cigarro,

A cagar o acendi,

A cagar o fumei todo,

A fumar caguei para ti.»

Agora, a minha dúvida: como se chama a figura de estilo presente nos últimos dois versos da quadra, com a inversão dos verbos cagar e fumar: «a cagar fumei», «a fumar caguei»?

Muito obrigado e, mais uma vez, o meu pedido de desculpas pelo exemplo escatológico que dou. Se bem me lembro, este era um recurso estilístico comum no Padre António Vieira, mas não dispunha à mão de nenhuma colectânea das suas obras.

Tânia Serra Estudante Coimbra, Coimbra 7K

Porque é que Fernando Pessoa (ortónimo) afirma que «fingir é conhecer-me»?

Luís Monteiro Estudante Porto, Portugal 6K

A minha dúvida é a seguinte: gostaria de saber o sentido da expressão «vaza autorizada» presente no excerto «Correu o entrudo essas ruas, (...), deu umbigadas pelas esquinas quem não perde vaza autorizada, puseram-se (...)», que por sua vez se encontra no 3.º capítulo da obra Memorial do Convento, de José Saramago.

Obrigado pelo vosso tempo.

Ramiro Patrocínio Estudante Viseu, Portugal 6K

Eu queria saber o que era o tempo histórico em contexto da língua portuguesa.

Liliana Santos Bombeira Leiria, Portugal 25K

Qual a figura de estilo predominante no seguinte parágrafo?

«Os casinholos de madeira, assolapados ao longo da rua, seguiam-se, indiscretos, com os olhos baços das janelas, enquanto as chaminés, de fasquias rotas e empenadas, golfavam de alto a baixo roscas pardas de fumo.»

Luís Cajão, «Emboscadas», in Os Melhores Contos e Novelas Portugueses.

Estou na dúvida entre metáfora e personificação.

Rita Lopes Estudante Figueira da Foz, Portugal 29K

«... Era uma manhã muito fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que não aquecia, e punha nas ruas, nas fachadas das casas, barras alegres de claridade dourada. Lisboa acordava lentamente: as saloias ainda andavam pelas portas com os seirões das hortaliças; varria-se devagar a testada das lojas; no ar macio morria à distância um toque fino de missa.»

Pretendia saber quais os recursos estilísticos, a sua expressividade e os respectivos exemplos existentes neste excerto.

Obrigada.