Em Abertura de 3/2/2010, há uma chamada sob título «As relações difíceis entre a escrita e a fala», cuja frase inicial é «A grafia não imita a fala». Discorre sobre a eterna querela da ortografia ser fonética ou etimológica, quando, de fato, ela tem de ser um mero conjunto de signos, convencionado, para que todos es crevam de uma determinada maneira "correta", e todos que a falam ou leiam consigam entendimento. Ao contrário da fala, que os linguistas consideram que não há certa nem errada, a escrita é diferente; a lei obriga a escrever "certo". E é por isto que não entendo porque existe a necessidade de se escrever falámos em Portugal e falamos no Brasil.
Que cada qual pronuncie como quiser (ou puder), mas não há razão para acentuar a escrita, ainda mais em palavras paroxítonas. Precisamos urgente de um Acordo Ortográfico unificador, de fato, da nossa escrita. Acabei de reler A Velhice do Padre Eterno, do imortal Guerra Junqueiro, em sua primeira edição, onde praticamente não há acentuação, mesmo em palavras proparoxítonas; os acentos não fizeram a menor falta ao entendimento ou à pronúncia mental que realizei enquanto lia. A pletora de acentos está fazendo com que a escrita digitalizada (praticamente não há mais escrita "manuscrita") leve os preguiçosos da Internet a escrever "nahum" apenas para não ter que digitar o til.
E viva a língua portuguesa, que consegue ser compreendida em um país de dimensões continentais como o Brasil, sem a preocupação dialetal.
Eu queria saber o significado do «calhar que nem ginjas» e «que nem ginjas». É que escrevo um trabalho científico sobre fraseologismos gastronómicos e me resulta muito difícil encontrar a informação sobre fraseologismos portugueses. Também queria saber se em português existe «ir às cerejas» e se sim, o que quer dizer esse fraseologismo?
Obrigada!
Sempre referi como «condições atmosféricas», por exemplo, um temporal ou uma trovoada. Ultimamente tenho sido corrigida por pessoas, que me dizem serem essas «condições climatéricas» e não «atmosféricas». Isso vai contra o conceito de transitório que associava às condições atmosféricas.
Neste caso, o que é que está correcto?
Eu aprendi que existem dois grupos de pontuação: sinais de pontuação que marcam pausa e sinais de pontuação que marcam melodia, entoação. No entanto, vi escrito que os sinais de pontuação se encontram em dois grupos: sinais que marcam ritmo e sinais que marcam melodia, entoação. Está correcta esta divisão em ritmo e melodia, entoação? Não é pausa e melodia, entoação? Afinal em que grupos se divide a pontuação? Muito obrigada pela atenção.
Numa fábula que li aparece a seguinte frase: «A hiena é meu empregado e faz o que lhe mando.»
A minha dúvida prende-se com o género do adjectivo relativamente ao nome que é epiceno.
Qual a palavra portuguesa para designar o jogo de bilhar pool (jogado com uma bola branca e quinze numeradas)? É comum chamar, em Portugal continental, snooker a este jogo — mas este nome parece-me incorrecto, visto que o snooker é aquele que é praticado com quinze bolas vermelhas e seis coloridas.
Grato pela atenção.
Em «O bairro de Copacabana é lindo», «de Copacabana» não pode ser uma locução adjetiva, pois tal locução exerce função sintática de aposto especificativo. Seria uma locução substantiva? Alguma gramática apoia esta terminologia? Ou o de desta locução é expletivo dando a sensação de que se trata de uma locução de valor substantivo quando na verdade é uma falsa locução? Digo isto, pois em «O bairro Copacabana é lindo», percebo que o de é desnecessário semântica e sintaticamente.
Apreciarei seus comentários.
Gostaria de saber se a construção «A deveria permitir B» tem (ou pelo menos pode ter) o significado de que «A, apesar de que deveria, NÃO permite B».
Pesquisei sobre isso e creio que o verbo dever (no futuro do pretérito) no caso é um verbo (auxiliar) modal que expressa algum tipo de aspecto que quem escreveu quis dar ao verbo principal. Se esse aspecto é o mesmo que expressei no parágrafo anterior é a minha dúvida (ou se existe algum outro possível significado).
Pelo que pesquisei, achei difícil encontrar material sobre esse assunto específico (verbos modais). Na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Cunha e Cintra, por exemplo, só encontrei uma brevíssima referência a eles na página 478 da 5.ª edição, e ainda como observação (a não ser que, em outro lugar do livro, me tenha passado despercebido).
Se existir material sobre isso (verbos modais, em especial o dever no futuro do pretérito, ou nem tão específico assim mesmo), seria possível me indicar tais?
Aliás, já comentando sobre o site, que é muito bom por sinal, seria interessante ver mais referências e sugestões de leitura sobre os assuntos perguntados (pelo menos eu gosto de ir além das respostas que me são dadas).
Grato pela atenção e parabéns pelo ótimo trabalho que vem sendo feito.
Já se pode mesmo considerar pirenaico como substantivo masculino designante do natural ou habitante dos Pireneus, além de adjetivo dessa cadeia de montanhas e região, como faz o Aulete Digital, dicionário gratuito em linha do Brasil?
Muito obrigado.
Consultei muitas das respostas do Ciberdúvidas quanto à questão das siglas, mas nelas não encontro resposta à minha dúvida.
Vejo com alguma frequência em textos portugueses frases como, por exemplo, «O programa Inglês para Fins Académicos (EAP) visa...» ou «... tendo trabalhado largos anos no Centro Científico de Investigação (SCI)...». Obviamente que as siglas utilizadas são as dos nomes em inglês (English for Academic Purposes) e (Scientific Center of Investigation), e a minha pergunta é: é correcto traduzirmos o nome da instituição para português e mantermos as siglas na língua de origem? Não se deveria alertar, de alguma forma, o leitor de que a sigla provém do nome em inglês?
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