Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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António Pereira Professor Setúbal, Portugal 8K

Segundo a base IX, ponto 4, do texto do novo Acordo Ortográfico: «É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português.»

Pergunta 1: A colocação facultativa deste acento restringe-se a um determinado espaço geográfico (Brasil, por exemplo), ou é para todos os países lusófonos?

Tenho lido opiniões que defendem que a possibilidade de não colocar este assunto distintivo é apenas para o Brasil. Custa-me a crer que seja assim, uma vez que no Norte (aqui é com maiúscula, não é?) do país é frequente o timbre fechado para ambos os tempos: presente e pretérito perfeito.

Pergunta 2: O Acordo Ortográfico consagra, entre muitas outras, a dupla grafia infeccioso/infecioso. Em Portugal, podemos escolher usar uma ou outra (como em sector/setor)?

Que instrumento de consulta me sugerem para esclarecer, no caso das duplas grafias, qual o espaço geográfico onde se aplica cada uma delas?

Antecipadamente agradecido pela atenção.

Fernanda Costa Professora Porto, Portugal 12K

Agradeço um esclarecimento sobre a dúvida seguinte:

Na frase «Ele falou aos amigos», o constituinte «aos amigos» desempenha a função sintáctica de complemento indirecto. E qual é a função sintáctica de «com os amigos» na frase «Ele falou com os amigos»?

Semanticamente, «falar a» e «falar com» têm o mesmo valor. Num dicionário que consultei (Dicionário de Verbos Portugueses, Porto Editora), a regência do verbo falar é apresentada deste modo:

falar de, sobre: «falámos dele», «falou-se sobre futebol».

falar a, com: «ele falou a todos», «ele falou com todos».

falar em: «falei nele ao professor»; «falou ontem no assunto»; «falaram em vir mais cedo»; «falei-lhes em inglês».

Porém, sintacticamente, surge a seguinte dúvida:

Na primeira frase, «aos amigos» é um complemento indirecto, sendo introduzido pela preposição a e sendo substituível pelo pronome lhes: «Ele falou-lhes.»

Na segunda frase, «com os amigos» é aparentemente um complemento oblíquo; no entanto, penso que é substituível pelo pronome lhes: «Ele falou-lhes.» Qual é, então, a sua função sintáctica?

Agradeço desde já a atenção dispensada.

Célia Dias Estudante Porto, Portugal 7K

Gostaria que me esclarecessem a que se deve a irregularidade da primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo poder (posso), já que em galego não se verifica a irregularidade (podo).

Obrigada.

Giovanni Tavarone Estudante São Paulo, Brasil 8K

Depois do verbo intransitivo, se tiver elemento que determine circunstância de tempo, modo, lugar, etc., possui um adjunto adverbial e continua sendo intransitivo. Mas se, por acaso, o que vier depois não for circunstância, por exemplo: «O cão latia para o gato»?

Cláudio Alexandre Duarte Estudante Coimbra, Portugal 8K

Em relação à vossa resposta à pergunta n.º 29 396, «guepardo» não se trata de um galicismo? Não é um «encosto» à palavra francesa «guépard»? Na década de 70, ofereceram-me um livro de zoologia editado em Portugal (já não posso dizer se era uma tradução, ou se a redacção inicial foi feita em português), e nesse livro eles consistentemente chamavam o animal de leopardo-caçador — frisando claramente que zoologicamante era um animal diferente do chamado simplesmente leopardo. Com o passar dos anos é que eu fui assistindo à moda de chamar o animal de chita (do inglês cheetah), primeiro com o género masculino, mas depois com o género feminino, se calhar por a palavra terminar em a. Afinal, qual é o termo mais «genuinamente» português (com «português», eu pretendo dizer da língua portuguesa, não de Portugal)?

Obrigado.

Sofia Paiva Professora Angra do Heroísmo, Portugal 6K

Na seguinte frase: «A fome trazia-nos à hora certa das refeições.» Estamos perante uma personificação, ou uma frase em sentido figurado?

Atenciosamente.

Maria Cruz Professora Leiria, Portugal 30K

No âmbito da noção de personagem, como a identificar num texto? Tudo o que mexe ou apresenta alguma actividade, tal como um cão que ladra, é uma personagem do texto? Numa referência a um carro que passou e quase atropelou alguém, o condutor também é uma personagem? Por vezes os textos apresentam diversos intervenientes, mas com uma intervenção muito passiva ou distante. São tudo personagens como alguns manuais fazem parecer?

Desde já muito obrigada pela ajuda que me possam dar.

Cláudia Moreira Montreal, Canadá 26K

Queria saber qual é a forma exacta para utilizar correctamente «ter tendência»:

«Os jovens têm a tendência a criar amizades», «Os jovens têm a tendência de criar amizades» ou «Os jovens têm tendência a criar amizades».

Obrigada.

Fábio Vasco Estudante universitário e operador de call center Quinta do Conde, Portugal 13K

Gostava de saber qual a origem da expressão «andar de lado», no sentido pejorativo, quando, por exemplo, ameaçamos alguém: «Porta-te bem, senão levas um estalo, que até "andas de lado!"»

Obrigado!

Maria Félix Professora Porto, Portugal 35K

Um amigo corrigiu-me quando lhe disse que ia dar uma segunda mão de tinta às cadeiras. Segundo ele, deveria ter dito «segunda demão». Poderiam, por favor, tirar-me esta dúvida? «Mão» ou «demão», neste caso específico?

Obrigada.