Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Elisabete E. Professora Braga, Portugal 11K

Sou professora de Português e surgiu-me uma dúvida. Estou a trabalhar com o processo de formação de palavras e não estou suficientemente certa de como classificar luso: é um radical, ou uma palavra?

No dicionário da Porto Editora, surgem duas entradas: «luso, adj., n. m. lusitano; português; lusíada…» e «luso-, elemento de formação de palavras que exprime a ideia de lusitano, português»...

Em diferentes gramáticas, já vi tratado como radical e como palavra, porém convém ter certezas absolutas, dado que a classificação do processo de formação de lusodescendente e de luso-brasileiro (composto morfológico ou morfossintático) está condicionada pela classificação que fizermos de luso: radical ou palavra.

Cármen da Silva Estudante Santos Dumont, Brasil 2K

a) Gostaria de saber qual a classificação morfológica do o que se aglutina à preposição de em «A mulher é mais tolhida socialmente do que o homem».

b) A expressão «os pronomes substantivo interrogativo» está assim grafada em uma apostila para concurso. É correta essa concordância? Isso se dá pelo fato de «substantivo interrogativo» estar especificando «pronomes»?

Lígia Carvalho Professora Santo Tirso, Portugal 7K

Chamo-me Lígia Carvalho, sou coordenadora do departamento de Línguas da EBI de S. Martinho do Campo, em Santo Tirso, e gostaria de esclarecer uma dúvida recente colocada pelas minhas colegas. Com a introdução do acordo ortográfico há várias palavras que sempre considerámos nomes próprios que passaram a escrever-se com minúscula. Estou a referir-me aos meses e às estações do ano.

Consultando o Dicionário Terminológico em linha, encontrei a seguinte definição para um nome próprio: «nome que designa um referente fixo e único num dado contexto discursivo, pelo que é completamente determinado, não admitindo complementos ou modificadores restritivos ou variação em número». Refletindo sobre esta definição, cheguei a estas frases: «Os últimos invernos têm sido rigorosos»; «As primaveras têm chegado cedo» – estas frases fazem sentido, os nomes inverno e primavera admitem plural, logo são nomes comuns.

Contudo, as frases: *«Os janeiros são sempre chuvosos» ou *«Os maios têm estado quentes» são agramaticais, pelo que os nomes janeiro e maio têm de ser considerados nomes próprios. Será assim? Passamos a ter nomes próprios que se escrevem com minúscula? Nesta fase em que integramos o acordo ortográfico e a nova nomenclatura da gramática surgem muitas dúvidas às quais nem sempre estamos aptos a responder.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 9K

A propósito da consulta feita por Alexander Meurer em 27/10/2011, pergunto:

Na frase objeto da consulta («Trabalhar no Tribunal de Justiça é um grande sonho meu»), por que se afirma que «um grande sonho meu» é o sujeito? E se a frase fosse esta: «Trabalhar no Tribunal de Justiça é bom»? O sujeito nesse caso já é «trabalhar no Tribunal de Justiça», apesar de se tratar de estrutura gramatical idêntica à da frase anterior.

Penso que a dúvida apresentada pelo nobre Alexander seja justamente essa.

Gostaria de uma nova abordagem da questão pela competente consultora Eunice Marta, a quem desde já agradeço.

Noémia Lemos Professora 1.º CEB Coimbra, Portugal 7K

Obrigada pelo vosso bom serviço.

Gostaria que me esclarecessem se existem duas formas de pronunciar a palavra prestação. Isto porque, quando se diz que se paga uma porção de dinheiro de uma dívida, ouço dizer "prestàção", mas quando se diz, erradamente, como sinónimo de desempenho, ouço: "prestação".

Ana Pinto Mendes Tradutora Lisboa, Portugal 14K

Segundo o novo acordo, os ditongos ei e oi deixam de ser acentuados nas palavras paroxítonas. Assim sendo, esta regra aplicar-se-á à palavra opioide. No entanto, o corretor ortográfico assinala esta opção como erro, corrigindo-a para a versão acentuada.

Ficou então a dúvida sobre se haverá aqui alguma exceção...

Rodrigo Nahum Alvarez Ferreira Estudante Sorocaba, Brasil 12K

Primeiramente, parabéns pelo excelente site que já me ajudou em inúmeras dúvidas. Não obstante, não consegui ainda achar uma solução para o seguinte:

Em formas verbais terminadas em r, s ou z, têm-se:

fá-lo-ia (faria isso)

qui-lo (quis isso)

etc.

Porém, quando se adiciona -se, o complemento do objeto direto -lo se distancia do verbo, o que retira o motivo pelo qual a partícula r, s ou z, é omitida.

A mesóclise faz-se-lo é, portanto, correta? O -lo deve continuar referenciando a forma verbal, mesmo estando distanciado da mesma?

Anabela Padrão Professora do 1.º ciclo Bragança, Portugal 9K

Pergunto: qual o aumentativo da palavra cacho?

Manuel Fernando Ferreira da Silva Professor Covilhã, Portugal 17K

Recentemente, uma pessoa escreveu, num blogue, as seguintes frases:

«Parece-me que vai sendo tempo de os últimos defensores da forma brasileira "por que" em Portugal acatarem a lei, ou então emigrarem para o Brasil. Que pena não haverem multas para estas infracções!»

Várias outras pessoas, nas quais me incluo, apontaram o «haverem» da última frase como um erro; sendo que o verbo haver tem ali o significado de «existir», deveria ser conjugado no singular e não no plural: «Que pena não haver multas para estas infracções!» seria, portanto, a frase correcta.

A pessoa em causa veio depois contrapor com os seguintes argumentos, que passo a citar:

«Se forem ao Dicionário Houaiss (versão electrónica), verão que a primeira acepção de haver é "t. d. ant. ter ou obter comunicação de; receber", e é dado o exemplo: "Logo os Noronhas houveram notícia da sua prisão."

«Mais adiante, encontra-se a acepção "t. d. bit. frm. ser aquele sobre quem incide ou a quem se dirige a ação; receber" e são dados os exemplos: "Os sitiantes houveram dos mouros as suas cicatrizes"; "Não haverão favores de ninguém."

«Aquele "haverem" está por "receberem", e refere-se aos «últimos defensores da forma brasileira "por que" em Portugal» que estavam na frase anterior e que desempenham na última frase a função sintáctica de sujeito.» (Fim de citação.)

Por último, de forma a explicar o uso de para na última frase, a justificação apresentada foi (passo a citar): «Vão de novo ao Dicionário Houaiss e atentem na acepção de para como "adequada(s) a".» (Fim de citação.)

Estas explicações não foram aceites pela maioria das pessoas que frequentam o blogue, que simplesmente as ignoraram ou não acreditaram na sua honestidade.

Embora os argumentos anteriores pareçam rebuscados e algo ardilosos, limitei-me a analisá-los objectivamente e pareceram-me totalmente correctos. Tendo em conta que as frases faziam parte, segundo a pessoa que as escreveu, de uma cilada preparada por ela para os demais intervenientes no blogue, poder-se-á entender o raciocínio rebuscado.

Ficaria muito agradecido se me dessem a vossa opinião imparcial sobre este assunto, que gerou alguma polémica.

Juliana Amorim Estudante Brasília, Brasil 6K

Tenho uma dúvida e, se possível, gostaria que me ajudassem. Sei que, em passivas pronominais (como «vendem-se casas»), o verbo deve aparecer flexionado para concordar com o sujeito paciente plural. No entanto, deparei-me com duas frases que me deixaram em dúvida:

«Confeccionam-se: roupinhas de tricô para cachorros.» 

As duas frases estariam de acordo com a gramática tradicional? A presença dos dois-pontos modifica alguma coisa?