É difícil afirmar que o português pinta derive do castelhano pinta, porque ambas as palavras estão atestadas nessas línguas desde a Idade Média. No caso do português, classificada como derivado regressivo de pintar e com o significado de «mancha» (permitindo o desenvolvimento das aceções de «marca» e «aparência», por extensão semântica),1 documenta-se a palavra desde 1103 (Dicionário Houaiss, com base no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado). Em castelhano, o vocábulo é também descrito como derivado de pintar, na aceção de «mancha», e datado de 1374 (J. Corominas, Breve Diccionario Etimológico de la Lengua Castellana).
Deste modo, parece-me de concluir que pinta em português e pinta em espanhol podem muito bem fazer parte de um património lexical comum às duas línguas. Do mesmo modo, a locução «pela pinta» («pela aparência»), que corresponde ao espanhol «por la pinta» (ver dicionário da Real Academia Espanhola), pode também remontar à época medieval, em que a fronteira entre dialetos galego-portugueses, leoneses e castelhanos não era tão nítida como hoje.
1 A palavra pinta é usada na aceção de «aparência» em «ele tem pinta de atleta» (Aulete Digital) e na expressão «ter boa pinta» (idem).