Cada língua tem as suas regras e critérios de pontuação, logo, o uso da vírgula em inglês não é necessária e diretamente adaptável ao português. Por exemplo, o MHRA Style Guide (Londres, Modern Humanities Research Association, 2008, pág. 25) recomenda que numa enumeração se coloque uma vírgula antes da conjunção and:
1. «The University has departments of French, German, Spanish, and Portuguese
within its Faculty of Arts.»
Em português, a tendência é não usar vírgula numa na tradução correspondente:
2. «A Universidade tem departamentos de Francês, Alemão, Espanhol e Português na sua Faculdade de Letras.»
Em suma, os critérios de pontuação aplicados ao inglês nem sempre coincidem com o português, pelo que é sempre melhor orientar-se por obras normativas e descritivas sobre o português escrito.
Quanto à Gramática da Língua Portuguesa, de M.ª Helena Mira Mateus, não é de esperar que aí se fale de pontuação, porque se trata de uma obra de descrição linguística e não sobre a escrita. Uma gramática escolar, um prontuário ou uma gramática normativa é que costumam incluir indicações sobre as regras de escrita.
Para pontuar melhor, existe a Guia Alfabética de Pontuação (Lisboa, Clássica Editora, 1989), de Rodrigo de Sá Nogueira, que se encontra esgotada e que precisa certamente de uma atualização. Mas pode consultar com muito proveito o capítulo sobre pontuação da Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 664), de Celso Cunha e Lindley Cintra.