Agradecia que me tirassem a dúvida quanto à divisão silábica da palavra espetou-o.
Gostaria de saber como fica na passiva a seguinte frase ativa:
«O rapaz exprimiu o desejo de partir.»
Sempre estudei que a gramática e o bom senso nunca abonaram a construção se (com função de sujeito) e o pronome o e suas flexões a, os e as (objeto direto), por ser contrária à índole da língua portuguesa.
Uma questão de concurso público, entretanto, afirmou que a construção «podem ser descritas» equivale à construção «pode-se descrevê-las».
Ora, esta última maneira de construir fere precisamente a norma gramatical supramencionada, porquanto o pronome se está claramente exercendo a função de sujeito da locução verbal ou conjugação perifrástica «pode descrever». Conforme tudo o que pude equilibradamente compreender ao longo de mais de vinte anos de dedicação a estudos gramaticais, o modo correto de escrever o equivalente a «podem ser descritas» é «podem-se descrever» ou «podem descrever-se».
O torneio «pode-se descrevê-las», além de agredir hediondamente a tradição gramatical e o gênio da língua portuguesa estreme, não me parece nada passivo, uma vez que o se (função francesa) está desempenhando a função de sujeito, o que vai também de encontro à origem do idioma português (o se do latim não exercia a função nominativa).
Importa-me saber a vossa opinião a respeito dessas considerações.
Geralmente ouço pessoas dizerem «eu não se» e fico pensando o porquê de dizerem desta forma. É um caso preocupante principalmente porque não são apenas pessoas incultas, e este fato acontece muito na televisão em novelas, programas, etc. Não existe uma pessoa para corrigir os textos dos atores e mostrar a eles que se diz «eu não me dou», «ele não se dá»?
Existe esta concordância? «Eu se dei bem com este remédio», por exemplo.
Agradeço a vossa resposta a uma pergunta que fiz há poucos dias, relativamente à grafia do plural de pára (pára-quedista), segundo o antigo AO. Mas, agora, fico sem perceber por que razão é que, se o plural de pára é páras, o de pêra é (como confirmei no Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora) peras, e não pêras.
Julgo que pêra tem acento devido à existência do termo arcaico pera; e pára, por haver para. Dado nem pera nem para terem (como é óbvio) formas plurais (ao contrário de pelo, motivo por que o plural de pêlo é pêlos), não entendo a diferença na formação dos plurais de pêra e pára.
Poderão explicar-me, por favor?
(Repito que a pergunta se refere às grafias segundo o antigo AO.)
Agradecia que me esclarecessem quanto à modalidade epistémica, se a há, nos seguintes enunciados:
«Ulisses era grego.»
«Ela tem 15 anos.»
«A caneta está estragada.»
Segundo observei em alguns espaços, estes enunciados são classificados como epistémicos (valor de certeza).
Contudo, segundo o meu entendimento de modalização, estas frases não estão modalizadas, ou seja, não incluem nenhum elemento modalizador, seja verbal, adverbial, adjetival, de pontuação, enfático ou outro.
Por serem frases assertivas, deverão ser consideradas modalizadas?
Por outro lado, aceitaria que se considerassem no domínio da modalidade alética, pois «o locutor refere-se ao valor de verdade das proposições» (citado de uma outra explicação encontrada aqui). Contudo, esta modalidade não é considerada no Dicionário Terminológico! Como fazer então?
Por fim, como classificam enunciados em que se emitem opiniões? Por exemplo:
«Duvido que estejas certo!»
Gostaria que me esclarecessem quanto à terminologia a utilizar no que respeita à designação de frase subordinante ou oração subordinante. De fato, tenho reparado que há manuais que utilizam a designação de oração subordinante, enquanto outros designam de frase subordinante, que me parece ser mais correto.
Por exemplo na frase: «O Pedro gostou da pera porque estava madura», estamos perante duas orações, a primeira oração subordinante, a segunda oração subordinada adverbial causal, introduzida pela conjunção subordinativa causal — porque —, de acordo com a anterior nomenclatura.
Ora, consultando o Dicionário Terminológico parece-me mais correto considerar que estamos perante uma oração subordinada adverbial causal e uma frase subordinante, pois oração é a «Designação tradicional para os constituintes frásicos coordenados e subordinados contidos em frases complexas».
Então, como estamos perante uma frase complexa, será mais correto designar a tradicional oração subordinante de frase subordinante.
A norma diz que o quê tónico vem acentuado. Quando é nome ou está em final de frase, é fácil detectar a tonicidade. Mas tenho sempre dúvidas em casos como:
1. «Renúncia: a que renunciamos?» – usa-se que, ou quê?
2. «mas em que pensava eu quando...» (idem)
3. «Em que renúncia me fez pensar o professor?» (idem)
Pesquisei no Ciberdúvidas, mas não encontrei esclarecimento quando em casos como esses.
Como designar a selecção angolana: «os palancas negras», ou «as palancas negras» (sendo palanca um nome feminino)?
Como diferenciar precisamente casos de classificação de complemento nominal e complemento de verbos com dupla transitividade? Exemplo: «Eu devo obediência a ela.» (Quem deve, deve algo a alguém? O verbo aqui seria VTDI, e «a ela» seria objeto indireto?) «Eu pedi perdão a meu pai.» «Ela pediu um presente ao pai.»
Os itens sublinhados devem ser classificados como objetos indiretos, ou como complementos nominais (ou seja, complemento dos nomes: obediência, perdão, presente)?
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