Uso de vírgula em provérbios e aforismos
Tendo em conta uma intenção estilística e aforística, tratando-se de uma citação para um guião de motivação, esta frase pode ser aceite pontuada desta forma?
«Conhecimento que se guarda, perde força; conhecimento partilhado, multiplica-se.»
«De que» e «do que» em frases interrogativas
Qual é a forma correta para a questão seguinte?
«Do que vou ter mais saudades?»
Ou:
«De que vou ter mais saudades?»
Obrigada.
A expressão «regra padrão»
O termo "regra-padrão" requer hífen? Sim ou não? E por quais motivos?
No plural do termo acima, o composto de padrão leva o plural como padrões? Sim ou não? E por quais motivos?
Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
O significado de materializar
Em vídeo nas redes sociais, um entrevistador pergunta a uma menina: «Você pode materializar essa ideia em palavras?»
Um rapaz, nos comentários, disse que ele precisava estudar mais, porque o correto naquele contexto seria apenas verbalizar, e que materializar não é correto. Ele argumentou dizendo que para materializar teria que «criar matéria», e que o som ou a «forma das palavras» são meio e não matéria. Por isso, ele fala que não se materializam palavras.
Porém, eu disse que, no sentido figurado, faz sentido. Além de que o som forma a matéria, assim como quando alguém "materializa uma ideia" em argila. Não está criando matéria, só dando forma a ela.
Ele então respondeu que nesse caso não seria correto pois o som é vibração, e vibração não dá forma à matéria, ao que respondi que forma "momentaneamente"a matéria.
Qual a opinião de vocês sobre o assunto?
Agradeço.
Estilo e voz passiva
Tenho notado um aumento no uso de construções passivas ou impessoais em comunicações formais, especialmente em contextos administrativos ou institucionais. Exemplos:
– «Relativamente ao assunto XXX, questiona-se o motivo de serem comunicados zero incidentes», por uma Câmara Municipal;
ou
– «Mais se refere que do email do senhor condómino não se entende que ponto é que pretende ver esclarecido», por uma empresa gestora de condomínios.
Este tipo de formulação parece-me uma coisa recente que não existia há alguns anos. As minhas dúvidas são:
1) Existe alguma razão gramatical, estilística ou até institucional para esta preferência por estruturas passivas ou impessoais?
2) Trata-se de uma tendência recente na língua portuguesa (de Portugal)?
3) Há vantagens específicas em termos de tom, neutralidade ou responsabilidade ao usar este tipo de construção?
Agradeço desde já qualquer esclarecimento!
A determinação em grupos nominais
Agradecendo o vosso excelente trabalho, peço o favor de me ser esclarecido se são aceitáveis, em português (nas diversas variantes da língua), formulações como as seguintes:
(1) «Cientistas da Universidade X descobriram recentemente... »
(2) «O projeto visa criar oportunidades para que agentes culturais se sentem à mesma mesa.»
Não seria necessário inserir um artigo, ou outro termo, antes dos nomes no plural em cada uma das frases («cientistas», «agentes»)?
Muito obrigada.
Senão e colocação dos pronomes átonos
Surgiu uma dúvida com a palavra senão.
Será que o pronome depois desta está numa situação de próclise ?
Por exemplo, «Senão a vou chamar», ou é uma situação de ênclise: «Senão vou chamá-la»?
Sabemos que há palavras como também, já, quando , como, não, nunca etc que obrigam o pronome a ficar em próclise, mas nunca encontrei uma lista completa com todas as palavras que o exigem.
Daí a dúvida se a palavra senão também estaria incluída nessa lista.
Desde já muito obrigada pela atenção.
A regência de dificuldade
O nome dificuldade pode requerer as preposições de/em. A estrutura sintática apresentada está correta?
«Há pessoas que têm mais dificuldades A ler longos textos.»
Obrigado.
Uma frase de A. Herculano: «quis nas coisas filológicas»
Ao prefaciar o Dicionário Etimológico Resumido da Língua Portuguesa do prof. Antenor Nascentes, o prof. Celso Ferreira da Cunha escreveu isto (mantendo-se a grafia da época):
«Ao chegar a êste ponto de uma vida inteiramente devotada à ciência [...], o professor Nascentes teria o direito de exclamar, aplicando ao seu campo de atividade a célebre frase de Herculano: "Fui um homem que quis nas coisas filológicas".»
Qual é o significado de querer como consta na frase citada por Celso, uma vez que o verbo, no contexto em questão, rege uma peculiar preposição em?
Já procurei em diversos dicionários, e não encontrei uma definição satisfatória; suponho que o verbo "querer", na frase, assuma o mesmo sentido de «realizar-se», mas não tenho a certeza.
Desde já, agradeço: aprecio muito a iniciativa do Ciberdúvidas!
O uso adverbial de pouco: «depressa e bem há pouco quem»
No provérbio «Depressa e bem há pouco quem», a palavra pouco é advérbio de quantidade, modificando o verbo há?
Ou é pronome indefinido, referindo-se a poucos, interpretando-se como «Depressa e bem há poucos que o fazem», por exemplo?
Obrigada.
