Não se pode aqui confirmar que a expressão seja ou tenha sido exclusiva dos pescadores da Póvoa de Varzim.
Na verdade, a expressão registada encontra-se em fontes que a atribuem ou ao norte de Portugal ou à linguagem das atividades à beira-mar, ao longo da costa de Portugal continental:
– No dicionário de Caldas Aulete, na definição da interjeição ala («eia»), identifica-se as expressões «ala, arriba» (sem hífen) e «ala, ala» com o litoral norte de Portugal, e não especificamente com a Póvoa de Varzim:
(1) «Ala, arriba!, vamos, para cima! Cf. Arriba. || Ala! Ala! Ala 1. arriba! Exclamação em brinde, no fim de banquete e em outras festividades, principalmente em terras marítimas do norte de Portugal. »
– No dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, regista-se uma abonação de «ala, arriba» ou simplesmente "ala!", como interjeição e conforme usou Raul Brandão:
(2) «1. exclamação usada para incitar a puxar, a levantar alguma coisa: Ala! Ala! Ala, arriba! «Ala! Ala! Eh, rapazes! Oupa!» (R. Brandão, Pescadores, p. 32) 2. (Informal) exclamação usada para incitar à partida sem demoras ou para ordenar a alguém que desapareça: Ala! Vamos embora! Ala! Toca a andar! Ala! Fora daqui! ala, que se faz tarde; (Informal) frase exclamativa usada para incitar à fuga rápida, oportuna ou para ordenar a alguém que se apresse a partir: «o Lopes mandou seguir. Estava visto o que mais interessava – ala! que se faz tarde.» (Torga, Criação, p. 275) »
– No Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões, a entrada arriba inclui a expressão «ala arriba», que se diz ter uso «na Nazaré [...] para comandar a impulsão dos barcos quando são retirados do mar».
Acresce que arriba tem registo mais antigo, por exemplo, na Revista Lusitana (vol. XVIII, p. 68), como interjeição, como forma de animar a levantar ou pôr em pé qualquer coisa, expressão que se diz usar em todo o país e na linguagem marítima.
Em suma, é muito duvidoso que ala-arriba ou «ala, arriba» seja expressão exclusiva da Póvoa de Varzim. É possível que o filme Ala-Arriba (1942), de Leitão de Barros (1896-1967), filme cuja ação se desenrola na Póvoa de Varzim, tenha contribuído para a ideia de que a expressão era poveira, o que não se confirma.