Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Rodolfo Lima Nenhuma São Paulo, Brasil 307

Para se referir um jornal com nome em inglês, como The Times, deve-se referir como “o Times”, “o The Times”, ou apenas “The Times”?

Exemplo:

1. De acordo com o Times

2. De acordo com o The Times

2. De acordo com The Times

Paulo Mendes Coelho Professor Tupã, Brasil 503

Li por aqui uma resposta de 24/10/2017 ("Derivação não afixal não pode levar afixos") enquanto buscava sanar uma dúvida muito frequente quando trato de processos de formação de palavras em sala.

Como identificar se a formação é deverbal/regressiva, formando substantivos, ou sufixal para formação de verbos?

No caso, a dúvida surgiu com a palavra processo: trata-se de formação deverbal de processar ou o verbo forma-se, por derivação sufixal, do substantivo processo?

Para além desse caso, é possível estabelecer algum parâmetro? Como a referida resposta cita, a única saída seria o conhecimento de história da língua, da origem de cada vocábulo?

Muito obrigado!

Francisco Castro Nieto Professor Ponte Vedra (Galiza), Espanha 302

Venho por este meio pedir algum esclarecimento sobre os substantivos grémio (masc.) e guilda (fem.), que apresentam certo grau de sinonímia nas aceções recolhidas em vários dicionários embora nos textos de História, diversamente, pareçam corresponder a realidades diferentes. Transcrevo, para ilustrar, o seguinte trecho:

«Os soldados pertenciam frequentemente a associações conhecidas como collegia. Eram similares aos grémios comerciais ou às guildas do mundo civil e, à semelhança destes, a sua organização incluía oficiais, regras e protocolos.» Gladius. Viver, lutar e morrer no Exército Romano, De La Bédoyère, Guy. Ed.Crítica.

Indico também a seguir os significados dados por alguns dicionários para estes dois vocábulos.

Grémio • Dicionário Houaiss: «5.1 Corporação de ofício (Ex.: ).» • Porto Editora online: «Grupo de entidades patronais que exploram ramos de comércio ou indústria mais ou menos afins.»

Guilda • Dicionário Houaiss: «Associação que agrupava, em certos países da Europa durante a Idade Média, indivíduos com interesses comuns (negociantes, artesãos, artistas) e visava proporcionar assistência e proteção aos seus membros.» • Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: «Organização de mercadores, de operários ou artistas ligados entre si por um juramento de entreajuda e de defesa mútua.» • Porto Editora online: «(HISTÓRIA) associação corporativa medieval que agrupava os indivíduos de um mesmo ofício (mercadores, artesãos, etc.) para fins de assistência e proteção de interesses comuns, geralmente regida por regras próprias e com jurisdição e privilégios exclusivos.»

Poderão comprovar do anterior que grémio e guilda são ambos definidos como corporações de ofício.

Acho, contudo, que no contexto da História e dos estudos históricos não são sinónimos.

Visto que a minha procura nos dicionários consultados não conseguiu esclarecer suficientemente esta dúvida, agradecia que pudessem trazer alguma luz sobre as diferenças entre grémio e guilda.

Agradeço de antemão a atenção dispensada e fico à espera da vossa resposta.

Andrelev Meletov Químico Belo Horizonte, Brasil 293

Existe a frase «Eu falto terminar a tarefa»?

Existe «eu falto à escola...», «Eu falto à reunião...», «Falta um aluno na sala...»

Na gramática, a estrutura «Eu falto» + outro verbo no infinitivo é válida na língua portuguesa normativa?

Qual seria a classe gramatical/função sintática do verbo faltar e terminar nessa frase?

Manoel Aragão Professor Portugal 431

Tenho duas questões sobre a utilização do apóstrofo em palavras compostas.

Segundo a alínea d) do ponto 1 da Base XVIII do AO90, «Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da preposição de, em combinação com substantivos: borda-d'água, cobra­-d'água, copo-d'água, estrela-d'alva, galinha-d'água, mãe-d'água, pau-d'água, pau-d'alho, pau-d'arco, pau-d'óleo

Ora, as minhas questões são as seguintes. Primeira, o uso nestas palavras é obrigatório, ou facultativo? Isto é, ambas as formas "mãe-d'água" e "mãe-de-água" são válidas? Segunda, só se usa nas palavras que os dicionários preveem como tal, ou em qualquer composto nas mesmas condições? Por exemplo, apenas encontro, nos dicionários que consultei, a forma botão-de-ouro para designar a espécie botânica. Poderei escrever também "botão-d'ouro"?

Desde já, muito obrigado pela vossa atenção.

Pedro Martins Tradutor Lisboa, Portugal 433

Gostaria de saber se, no título de uma obra, o que (pronome) é colocado em maiúscula.

Diz-se que as palavras inflexivas, ou sejam invariáveis, têm minúscula inicial, e que, quando é pronome relativo, é também invariável. O pronome que escreve-se, portanto, com  minúscula?

De que fonte (ou fontes) provém a regra ou convenção, para minha consulta posterior?

Muito obrigado pelo vosso excelente trabalho.

Raquel Matos Professora Braga, Portugal 387

Na segunda quadra do soneto "Presença bela, angélica figura", de Luís de Camões, há referência à cor dos olhos da mulher retratada.

Gostaria de confirmar se os olhos da amada são negros, como creio, ou verdes.

Na leitura que faço, os seus olhos são negros e de tal modo belos que causam inveja àquelas que têm olhos verdes. É correta esta leitura?

Muito obrigada.

Grace Montenegro Enfermeira Porto, Portugal 404

Gostaria de saber se noiva e nubente são completamente sinónimos.

Segundo o dicionário da Porto Editora, noiva significa «mulher que está para casar ou que está casada há pouco». Faz sentido, porque mesmo recém-casada, lhe costumamos chamar noiva.No entanto, a minha dúvida é se se pode também chamar nubente a uma mulher que acaba de se casar.

Podem elucidar-me, por favor? Consultei algumas fontes, mas não consegui encontrar uma explicação coerente.

Muito obrigada!

Roberto Andrade Servidor Rio de Janeiro, Brasil 346

Eu e alguns colegas entramos numa boa discussão gramatical devido à frase: «Circe faz você tão tentadora quanto à mais bonita sobremesa.»

Entendemos que o acento indicativo está equivocado (estamos corretos?); mas apresentamos uma divergência: a frase está equivocada, pois apresenta apenas um artigo ou uma preposição?

Não consigo ver a frase citada apresentado a preposição; porque, em estruturas semelhantes, a "preposição" não aparece; porém fiquei na dúvida.

Obs.: Eu entendo que «quanto a» significando «em relação a» tem preposição; mas a estrutura da frase citada parece-me muito com as estruturas dos graus dos adjetivos que não usam a preposição.

Desde já, agradeço-lhes a enorme atenção.

Gabriel Monteiro Professor Belém, Brasil 1K

Atualmente, é possível encontrar em dicionários a distinção semântica entre os verbos pontuar e pontoar. O primeiro, em síntese, significa «usar sinais de pontuação», ao passo que o segundo guarda o sentido de «marcar pontos» em torneio, certames, competições, etc. É incontestável que os verbos citados possuem outros significados, mas a dúvida incide sobre a (im)possibilidade de se utilizar pontuar com o sentido de «marcar pontos». Vejamos algumas observações:

1. Cegalla, em seu Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, estabelece tal separação de sentido: pontoar para marcar pontos em torneio, pontuar para sinais de pontuação.

2. O Dicionário Houaiss também discrimina os sentidos, mas, ao fim do verbete pontuar, sinaliza que este é sinônimo derivado de pontoar.

3. O Dicionário Caldas Aulete, hodiernamente, registra pontuar com o sentido de «marcar pontos».

4. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa indica pontuar com o sentido de «usar sinais ortográficos».

5. Os dicionários MichaelisPriberam diferenciam pontuar e pontoar conforme a corrente majoritária (o primeiro para sinais de pontuação, o segundo para marcar pontos).

6. Em dúvida similar enviada à Academia Brasileira de Letras, a resposta que obtive contempla o verbo pontuar com os sentidos de «4 t.d. atribuir grau, nota, ponto a (prova, trabalho, desempenho etc.) <o professor esqueceu-se de p. duas questões>» e de «5 int.; desp marcar pontos <p. numa partida de muitos gols>».

Diante do que foi exposto, minha dúvida remanesce em razão da massiva divulgação por professores de que construções como «o aluno pontuou pouco no certame» estariam incorretas. Logo, pergunto: é aconselhável escrever com tal distinção, é obrigatório ou é facultativo?

Obrigado